Daiany Hank Montibeller, ou simplesmente “Dai Hank”, de 31 anos, é o último nome desta temporada de Intimidades no jornal O Município. Nossa conversa ocorreu ontem, poucos dias depois que chegou de uma viagem para o Chile. Viagem que trouxe novas experiências e surpresas: no país latino, descobriu que o alcance da sua rede chegou até Santiago. Seguidoras nativas contataram a influenciadora, pedindo que queriam encontrá-la no país para conhecê-la pessoalmente. “Eu fiquei muito surpresa. Não sei quem chorava mais, elas ou eu”, relata.

Mas existe uma vida antes dos celulares com câmeras frontais super potentes. Desde criança, Daiany Hank relata que já tinha uma afeição por moda. Desenhava roupas para suas bonecas, e recortava os modelitos no papel para que vestissem suas criações. Na hora do vestibular, os planos mudaram. De Design de Moda, acabou seguindo uma breve carreira no Direito. Alternativa influenciada pelo pai, Francisco, que estimulava a filha fosse seguir carreira na área pública como ele.
O reencontro com moda foi com seus 24 anos, quando estava se desligando do Bradesco para uma nova fase – que nem se dava conta o que poderia representar. Sem saber bem ao certo, não se falava ainda muito em influenciadores digitais na nossa região neste período. Era uma profissão restrita aos núcleos das grandes cidades, e que de certo modo demorou para ser reconhecido no Sul. Mas Daiany Hank estava lá, com seu telefone a postos, esperando seu momento de botar a cara num conteúdo diário retratando seu lifestyle e dicas de moda. “Agora que passei dos 30, a casa caiu”, brinca.

O apoio veio de todas as partes, mas em especial do esposo, Itamar Montibeller Junior. “Ele admira que nunca descansei até fazer o que amo profissionalmente, de estarmos bem no casamento e buscar alternativas e diálogo para esse equilíbrio”.

Daiany Hank e os bastidores da vida da brusquense antes de ser influenciadora digital. Fotos Ricardo Ranguetti

André Groh: Chile foi uma surpresa?
Daiany Hank: Fiquei muito emocionada. Descobri que tinha seguidoras nativas do país, que mandaram mensagem pedindo para me encontrar no hotel. Elas choraram, tremiam, e sentiam muito emoção. E eu muito mais. Mas me acho muito normal, às vezes tenho dificuldade para entender esse movimento.

Em que momento a moda apareceu na sua vida?
Desde criança eu sempre gostei muito. Fazia desenho de roupinhas de papel para minhas bonecas, e imaginava que quando crescesse trabalharia no setor. Mas na hora de escolher o vestibular, mudei os rumos por influência do meu pai, e acabei estudando Direito. Ele é funcionário público, e sonhava que eu também seguisse a mesma carreira. Acabei seguindo, até porque sempre gostei muito de ler e estudar, então a faculdade foi tranquila nesse aspecto, porque gostava do conteúdo.

O que fazia além de estudar?
Teve uma época que eu trabalhei no Bradesco, e foi quando saí que tive uma nova virada na minha vida, com 24 anos. Mas trabalhei na Rovian até o início da faculdade, depois fiz estágio na delegacia, e fui pro cartório aonde trabalhei por dois anos.

Hoje você considera resgatar este sonho de criança, em trabalhar com criação de moda?
Sim, até pensei em fazer uma nova faculdade, só que não tenho mais tempo. Então tenho visto alguns cursos mais pontuais, voltados ao estilismo, para depois criar minha marca. Ano passado até comecei a estruturar uma marca de beachwear, mas não deu certo.

Você quer resgatar essa marca?
Sim, mas agora nada haver com beachwear. Tinha surgido um sócio em potencial que tinha muita expertise do setor, mas não seguimos. 

Como influenciadora, o que faz seus clientes buscar seu perfil para agregar a marca deles?
Eles sempre contam que consigo transformar a roupa. Coloco meu gosto, faço minha composição de looks e eles gostam da entrega. Eles contam que a maneira que visto, é totalmente diferente do que até eles imaginam muitas vezes. 

O que acha que existe em você para reunir tantos seguidores e até fãs?
Elas sempre dizem que gostam de me seguir por minha simpatia e humildade. Falam que sou verdadeira e que amam o jeito de me vestir. 

Como é sua relação com suas irmãs?
Tenho duas irmãs. Sou a mais velha. Com a Lara, que é a caçula, temos 19 anos de diferença. E a Taysa, crescemos juntas, temos só 3 anos de diferença. Mas somos muito diferentes uma da outra. Brigávamos muito, eu era mais organizada e ela mais relaxada. Mas uma relação bem especial de irmãos. Todas somos filhas de pais diferentes, e meu pai biológico não conheço.

Como você soube do seu pai?
Minha mãe, Lucinéia, engravidou com 17 anos, e meu pai não me assumiu. E meu novo pai, Francisco, foi Deus que escolheu pra mim e me deu de presente. Quando ele e minha mãe começaram a namorar, eu tinha 2 anos de idade. Nos meus 15 anos eles divorciaram, e ele realmente me adotou pra sempre. Me trata como filha. E eu só descobri que ele não era meu pai quando tinha 12 anos.

Você lembra como foi pra você quando descobriu?
Eu desconfiava de algumas coisas. Não tinha o nome dele na minha certidão de nascimento, e não tínhamos fotos juntos até meus 2 anos. As fotos eram sempre minha mãe e eu sozinhas. Com 12 anos já estava mais ligada nessas coisas, e eles me contaram. Mas nunca desconfiei, ele sempre me tratou igual a minha irmã, que é filha biológica dele.

E como você lida com essas questões familiares?
Há algum tempo atrás não conseguia falar sobre isso. Eu tive uma crise no casamento, e esse momento foi de mudança completa na minha vida, através de uma busca constante de autoconhecimento e muita terapia. Foi a primeira vez nessa crise que busquei esse tipo de ajuda. E foi bom, porque comecei a tirar outras coisas que estavam guardadas dentro de mim, que nunca nem tinha me dado conta. Curei não só a crise do casamento, mas tudo o que precisava ser trabalhado dentro de mim. Não ter conhecido meu pai biológico não me abalou até certo ponto. É claro que alguns momentos me questionei ‘porque ele nunca quis me conhecer?’. Nem gostava de falar sobre isso. Depois passei a me entender, e perdoei ele também. Ele deve ter tido seus motivos para nunca ter vindo atrás. Talvez até medo, porque hoje já sou uma mulher, e ele não sabe como eu reagiria.

A vida de casada mudou após as terapias?
Junior e eu temos uma relação normal de todo casal que se ama e convive junto. A gente briga, nem tudo é mil maravilhas, e faz parte. Mas hoje a gente lida muito bem com isso. Já brigamos tanto a ponto de achar que não nos amávamos mais. Só que amadurecemos, e hoje a perspectiva é outra. Vimos que era bobagem, e a gente se ama sim, e queremos estar juntos.

Falam em ter filhos?
Sim. Eu estou enrolando ele agora, mas quero muito ser mãe sim.

Se eu perguntar ao Junior quem é a Daiany dentro de casa, o que ele pode responder?
Vai dizer que sou teimosa. Mas ele também é. Sou uma péssima dona de casa, não cozinho nem faço nada. Não gosto de ser dona de casa. Passo o dia trabalhando. Só que ao mesmo tempo ele também vai falar que sou uma pessoa que corre atrás das coisas. Ele admira que eu nunca descansei até fazer o que amo profissionalmente, e de estarmos bem no casamento e buscar alternativas e diálogo para esse equilíbrio. Sou muito sentimental, e preciso estar sentimentalmente bem para o resto das coisas fluírem. 

Você já se encontrou profissionalmente?
Sim.

Qual objetivos para o futuro?
Meu objetivo ainda é ter algo meu. Não sei o que ainda, mas quero empreender. É algo que ainda não fiz.

Mas você empreende todo dia.
Mas é outro empreendimento. Já está nos meus planos há algum tempo. Ainda não aconteceu porque não tenho a ideia madura do que vou fazer. Se vai ser uma marca própria, ou sei lá.

O que falta para lançar essa marca própria? Só resolver a dúvida?
Tempo.

Você é feliz?
Sim, por um pouco de cada coisa. Me sinto bem comigo. Isso é muito importante. Não adianta estar no melhor emprego do mundo, mas não estar feliz consigo. O psicológico precisa estar bom. Me sinto feliz por isso, me encontrei no que gosto de fazer e curei muitas coisas dentro de mim. Quando curei essas coisas dentro de mim, as coisas começaram a fluir.