O paulista Leandro Marsili, 42, mal podia imaginar que seria em Brusque aonde encontraria seu refúgio dos anos futuros. Dono de uma franquia de agência de viagens em 2011, o empresário costumeiramente viajava a trabalho para destinos como os parques temáticos da Flórida, nos Estados Unidos.
Ir para a Disney também era um sonho da brusquense Natália Schoening, 29, desde seus 15 anos. Mas o sonho acabou sendo postergado depois que o pai, Marcos Schoening, faleceu.
Quase quatro anos depois, surgiu um convite irrecusável de Kaoani Setti, uma amiga de colégio. E foram juntas, em julho de 2011, aproveitar uma temporada de quinze dias no Walt Disney World Resort.
No primeiro dia de viagem, Leandro Marsili relata que uma série de questões sensíveis estavam precisando de sua atenção na operação. Porém, ver pela primeira vez a garota que mais tarde iria se casar, foi um bálsamo. “Era um dia que tudo parecia estar dando errado. Mas até parei de pensar nos problemas depois que vi a Natália pela primeira vez”, resgata.
E durante todos os quinze dias de viagem, a relação que estava acontecendo parecia estar sendo diplomática. Por mais que os interesses de Marsili fossem outros, as investidas ainda eram sutis. Até que Natalia recebeu de presente um chaveiro escrito “princess” (princesa) – se é que ainda podemos continuar chamando de “sutis” essas investidas. Este chaveiro está guardado até hoje.
Quase na hora de voltar ao Brasil, Natália Schoening escreveu para Leandro Marsili desejando “boa viagem”. E esporadicamente o casal continuou trocando mensagens no Facebook. Até que, rapidinho, Leandro foi bem objetivo com suas intenções e disse que viria para Brusque visitar a futura esposa. E veio. Os locais destes primeiros encontros a dois, teve a extinta Confeitaria Wegner e o Hotel Monthez como destino.
Para Leandro, estar à frente de uma agência de viagens foi um facilitador para garantir a frequência de vindas até Santa Catarina mais tarde. Essas viagens iam se intercalando, ora Natália ia para São Paulo, ora Leandro para Santa Catarina.
Fã de Fórmula 1, Leandro lembra que alguns meses depois, exatamente no dia de seu aniversário, ele foi apresentado para toda a família Schoening durante um jantar. A sogra, Evelise Riesemberg Schoening, cuidou da recepção e surpreendeu o genro com um bolo temático da competição. Foi a melhor maneira de deixar o paulista a vontade já de cara.
Conforme o namoro ia amadurecendo, Leandro cada vez enxergava mais perspectivas no Sul, e estava prestes a abrir mão do que tinha no seu estado de origem. “Sempre tive vontade de morar fora de São Paulo, por razões já conhecidas como segurança e trânsito. Nunca tive receio de arriscar”, garante.
A história começa a ganhar novos desdobramentos, e formar uma família é prioridade. Já se fala em casamento. Leandro lembra que ambos são muito apegados em suas famílias, e “construir a nossa sempre foi um objetivo”.
No planejamento da festa de casamento, que ocorreu em 3 de março de 2018, vários elementos que marcaram a história do casal foram resgatados para compor as experiências dos convidados, desde o cardápio até alguns figurantes. Não foi necessariamente um casamento temático, mas algumas pílulas do Walt Disney Resort precisaram estar ali. “Recriamos o funnel cake em parceria com nossos fornecedores, que conseguiram replicar a receita do tradicional doce do parque. E levamos o Mickey e a Minnie no meio da festa”, se divertem.
Os primeiros anos de casados tiveram o objetivo básico de viver a liberdade dos dois. E em 2021, entrou em pauta o planejamento do primeiro filho. Mas um aborto espontâneo fez parte de um novo capítulo na história do casal.
“Não conhecíamos ninguém próximo que já tivesse perdido um filho. Parecia que nunca ia acontecer com a gente. Só criamos expectativas boas. Mas quando aconteceu, desabou nosso mundo. Foi muito forte, e ao mesmo tempo nos unimos cada vez mais”, lembra Leandro.
Após sete meses, ainda no ano passado, o casal relembra que quando retomam o planejamento de ter filhos, são de cara surpreendidos com o novo resultado de gravidez: positivo. Foi numa viagem ao Spa do Vinho que a sementinha da Maria Clara foi plantada.
O chá de revelação foi movimentado por palpites, como o de Aide Marsili – mãe de Leandro, que já havia acertado o gênero dos outros seis netos. “É menino”, garante. Mas o casal apostava que seria menina. “É claro que nunca foi uma condição. As prioridades eram outras. Mas no fundo, no fundo, se pudesse escolher, meu sonho era ser mãe de menina”, revela Natália.
A chegada de Maria Clara representa mais mudanças na vida do casal. “É um sonho. O fortalecimento do nosso amor, muita luta e obstáculos que vencemos”, acredita Leandro.
Com a filha nos braços durante a entrevista, Natália Schoening conta como foi o nascimento, sem esconder as dores do parto normal. “Passei a madrugada em trabalho de parto sem saber. Quando cheguei no hospital, o trabalho de parto levou em torno de duas horas. A dor foi tanta, que em alguns momentos eu nem via nada. É como se ganhasse um apagão. Só vi quando a Maria Clara nasceu. Foi a experiência mais incrível da minha vida”, garante a mamãe de primeira viagem.
Natália ainda reforça como foi importante o apoio do meio para o sucesso no parto. “Sem ter essa rede de apoio, acho que eu não sei se conseguiria”, acredita.
Antes do nascimento de Maria Clara, a intenção era ter dois filhos. Mas agora com a rotina transformada, o casal reconsidera o plano. “Os dias estão puxados. Estamos focados em dar toda a assistência para a Maria Clara. Está cedo para ter essa conclusão”, garantem.
Sem visitar o Walt Disney World Resort desde julho de 2011, Leandro Marsili e Natália Schoening reforçam que tem planos de retornar ao parque em algum momento. E desta vez, com a filha Maria Clara.
“A gente escuta relatos de todo mundo que acaba de ter o primeiro filho. Mas só quando a gente passa pelo processo, é que sabemos como é. Não é um conto de fadas, só com coisas boas.
Tem muito perrengue e preocupação. Mas só de ganhar um sorriso e ver ela crescendo e se desenvolvendo, o cansaço desaparece. É impagável este processo da vida que estamos”, acredita Leandro Marsili.
Para Natália, os últimos meses podem ser brevemente traduzidos em “uma conclusão de amor”. E foi assim que encerrou a conversa, na entrevista que teve a agenda balizada pelos horários de sono de Maria Clara. Sem sucesso no objetivo, porque no meio do papo a recém-nascida acordou e fez questão de participar da conversa.
