Aplicação da tabela de fretes é vista com dúvida na região de Brusque
Enquanto empresariado fica apreensivo, governo segue em busca de meio-termo
Enquanto empresariado fica apreensivo, governo segue em busca de meio-termo
Pessoas ligadas ao ramo de transportes de cargas na região de Brusque divergem na avaliação do tabelamento de preços de fretes. Eles entendem que a iniciativa é benéfica, mas a sua aplicação ainda é alvo de dúvidas.
O governo federal anunciou uma tabela com preços mínimos para o frete de cargas no início do mês passado. A medida é uma das promessas feitas aos caminhoneiros na negociação para acabar com a greve.
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O tabelamento prevê os valores mínimos a serem pagos conforme o tipo de caminhão. A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) publicou a primeira tabela no dia 30, mas sofreu fortes críticas.
O presidente do Sindicato dos Motoristas de Brusque (Sintrab), Rogério Reis, avalia que a tabela é boa para os trabalhadores autônomos. Porém, ele diz que os outros setores já reagiram aos valores.
Segmentos da economia, como a agropecuária, já levantaram a voz contra o tabelamento. Reis afirma que na região a aplicação da tabela também é alvo de dúvidas.
“O que é bom para um lado é ruim para o outro”, define o sindicalista. Ele afirma que a tabela seria interessante, mas a concorrência entre as empresas de Brusque é bastante grande, o que leva os valores para baixo.
Segundo Reis, o tabelamento já foi discutido com os empresários da região, mas sem sucesso. A concorrência faz com que um queira baixar mais o preço para ganhar mais cargas, de acordo com o presidente do Sintrab.
Empresariado
O diretor da Transreuter, Matheus Habitzreuter, vê o tabelamento com bons olhos. Ele avalia que o valor mínimo elevará a competitividade.
“O diferencial será quem tem mais qualidade”, diz o diretor da transportadora. Qualidade significaria quem tem melhores equipamentos, mais eficiência, rapidez e cuidado com as cargas, por exemplo.
Habitzreuter avalia, ainda, que o preço de tabela é justo para os motoristas autônomos.
O proprietário da TransAmilpe, Amilton Cardoso, o Miltinho, afirma que a tabela elevou os preços a níveis consideráveis. Além disso, as transportadoras não conseguem repassar esses valores para os clientes.
Para Miltinho, o tabelamento “é interessante, mas na prática não funciona”. Ele avalia que a medida foi mal programada pelo governo. O empresário afirma que é difícil entender a tabela e a sua aplicação.
A ANTT está “numa sinuca de bico” com a tabela. A primeira que foi publicada aumentou o preço de alguns fretes até duas vezes ou duas vezes e meia.
O crescimento foi grande e gerou descontentamento de alguns setores. A Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) foi uma das várias entidades que protestaram.
A CNA representa um dos setores mais importantes para a economia do Brasil. A agropecuária tem forte impacto na inflação e nas exportações nacionais, por isso o governo de Michel Temer voltou atrás e publicou uma nova versão na semana passada.
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A segunda tabela fez o contrário: agradou o empresariado, mas gerou descontentamento nos caminhoneiros. Os motoristas ameaçam nova greve, e o governo voltou a se corrigir.
A segunda tabela foi revogada no mesmo dia 8 em que foi publicada. Na prática, a primeira voltou a valer. Uma terceira versão deverá ser publicada para tentar achar um meio-termo.
Enquanto isso, a CNA e Confederação Nacional da Indústria (CNI) lutam na Justiça para derrubar a tabela. No dia 28 de junho, representantes das duas entidades participaram de uma reunião no Supremo Tribunal Federal (STF), onde tramita uma ação de inconstitucionalidade contra o tabelamento.
O ministro Luiz Fux mediou a reunião e não tomou nenhuma medida. Ele deve esperar uma audiência pública a ser realizada no dia 27 deste mês com especialistas para se posicionar.