“Pintar é aprender a ver”. Cláudia Rieg Baron
Desde pequena sou aficionada por livros, papéis e lápis. Escrever, ler e pintar sempre foram meus hobbies prediletos. Recordo que décadas atrás estes itens eram proibitivos devido ao seu auto custo e a pouca oferta. Até hoje considero que tenha iniciado minha experiência profissional aos 13 anos, para poder sustentar o meu “gosto artístico”. Ao contrário da maioria das pessoas, meu maior “prejuízo” sempre foi nas livrarias.
Lembro da felicidade indescritível em adquirir a primeira caixa de lápis aquareláveis da Faber-Castell e ver que ela duraria além dos vários painéis pintados para o fundo da sala nas épocas do Ensino Fundamental e do estojo de lápis metálicos, que me permitiriam pintar pela primeira vez as estrelas, o sol e os metais de forma que agradassem o meu senso crítico.
Embora os sindicatos sempre auxiliassem na doação de materiais escolares e as escolas públicas salvassem alguns alunos com as coleções que ganhavam de empresas da região e alguns títulos enviados pelo Estado, hoje em dia, temos outras opções bem acessíveis: a grande “ajudinha” das promoções das lojas on-line e das compras no Paraguai.
Fazem alguns anos que coleciono lápis (novos, usados, mordidos, renomados, indigentes), a cada amigo que viaja eu largo um pedido de um novo integrante para a minha coleção (uma das únicas coisas que a minha mania de autossuficiência permite pedir). A experiência está me mostrando que colecionar lápis pode ser um dos estilos mais “democráticos” para se tornar uma colecionadora.
Resolvi comprar lápis novos, para testar uma técnica de desenho e pintura no papel vegetal. E aí, viajei no mundo da pintura em aquarela. Pesquisei marcas, preços, pincéis e fiquei ensandecida com os estojos em madeira da Caran d’Ache (que continuam proibitivos). Para ter lápis da marca, reduzi o meu kit para 18 cores (o que não deu certo, a marca suíça não é encontrada no país vizinho), optei então pela caixa de 48 cores da Faber-Castell, comprada por R$30 (preço excelente se comparado aos R$90 que pagaria por aqui).
A técnica utilizada permite produzir trabalhos bem interessantes, sem ser necessário muita coisa além de um estojo de lápis aquareláveis, alguns pincéis, papel e água. O que transforma esta arte em um processo criativo acessível a todos e faz de alguns, artistas primorosos.
Basta fazer um esboço à lapis do desenho a ser pintado, com as linhas e pontos mais importantes, depois escolher a paleta de cores. Você pode testar a profundidade, adicionando uma cor sobre a outra e misturando com água. Pinte o desenho com os lápis aquareláveis escolhidos, prossiga pintando uma segunda camada (luz e sombra: claros e escuros). Usando o pincel adequado para o tipo de acabamento desejado, mergulhe ele na água e pinte novamente o desenho, você pode finalizar mergulhando o próprio lápis na água e retocando alguns traços que se deseja mais intenso.
48 cores para além de pintar:
terapia, desenvolvimento da sensibilidade do olhar
COLORIR, VIVER, SONHAR
Méroli Habitzreuter – escritora e ativista cultural