Eu temo o dia em que a tecnologia ultrapassar a interatividade humana. O mundo terá uma geração de idiotas”. Essa frase, associada a uma foto de jovens vidrados em seus smartphones individuais, viralizou na internet. A autoria foi atribuída a Albert Einstein, embora não haja prova alguma de que o físico alemão tenha feito tal previsão. Independentemente de quem a escreveu, o tema alerta para o quanto a tecnologia invadiu nossas vidas.

Provavelmente, em todas as épocas da humanidade, houve quem acreditasse que aquela era a “geração de idiotas”, concepção provavelmente equivocada. No entanto, restam poucas dúvidas de que estamos muito apegados ao mundo virtual.  E quais as implicações deste novo estilo de vida?

A síndrome visual dos computadores

A revolução digital, através dos computadores e internet, penetrou em nossas vidas da mesma forma que a energia elétrica em tempos passados. E agora, é difícil imaginar nosso dia-a-dia longe de tais facilidades. Como consequência, boa parte de nossas vidas é dispendida em frente a telas de computadores, tablets e smartphones.
O uso prolongado destes aparelhos eletrônicos traz efeitos diversos, muitos deles em nossa saúde visual. A chamada “sindrome visual dos computadores” já afeta milhões de pessoas, as quais podem apresentar sensação de cansaço, cefaleia, ardência, sensação de olho seco, hiperemia (vermelhidão) ocular, entre outras queixas. Algumas simples dicas poderão melhorar a relação dos olhos com as telas à sua frente:

arte: Silvia Teske
arte: Silvia Teske

– Evite uma tela muito mais brilhante que o ambiente. Ajuste a luz do ambiente para que ele seja moderadamente iluminado, de preferência com luzes difusas e não diretamente aos olhos. Além disso, procure diminuir o brilho das telas e aumentar o seu contraste. Filtros para as telas, de preferência de cor mate, darão maior conforto visual.
– A luz azul emitida pelas telas eletrônicas tem gerado questionamentos recentes quanto aos seus danos. Dano à retina ainda não está comprovado; no entanto, é sabido que a luz azul está envolvida no ciclo circadiano (sono x vigília). Desta forma, muitos consideram que a luz emitida pelas telas seja uma das causas de dificuldade ao dormir quando se utiliza os aparelhos à noite. Mesmo com algumas incertezas acerca dos exatos efeitos de tais luzes, já existem aplicativos que diminuem a sua emissão, assim como lentes de óculos com filtros especiais para luz azul.
– O olho pisca cerca de metade a um terço do normal quando está em frente a telas de eletrônicos. Lembrar-se de piscar mais os olhos ajuda a prevenir oressecamento ocular. Ambientes com ar condicionados pioram ainda mais o ressecamento, sendo útil a presença de umidificadores ou mesmo um copo de água ao lado da tela.
– Pausas programadas são benéficas e evitam o cansaço visual. Um bom método é: a cada 20 minutos de computador, ficar 20 segundos olhando para regiões distantes.
– Não use colírios sem indicação médica, pois poderão piorar o quadro se mal indicados. Avaliações periódicas com o oftalmologista manterão a saúde ocular em dia.
– Por fim, uma importante questão, muito abordada pelos pais no consultório: “o tempo em frente às telas pode ser prejudicial à visão das crianças? Poderá influenciar o desenvolvimento de erros refracionais (‘graus de óculos’)?”
Embora não haja evidência fortemente comprovada, há estudos especulativos sugerindo que, quanto maior o tempo em que a criança utiliza a visão para perto (lendo ou em frente a aparelhos eletrônicos) e menor o tempo em atividades ao ar livre, maior a probabilidade em desenvolver miopia. Há diversos outros fatores envolvidos e, sendo a teoria comprovada ou não, com certeza o estímulo à interação com outras pessoas e a brincadeiras ao ar livre trarão benefícios diversos à saúde das crianças.

avatar Maiara Dalcegio Favretto

 

Maiara Dalcegio Favretto – Oftalmologista

A geração de idiotas

Sou mãe…e não! Meus filhos não possuem celulares ou tablets. Até porque, pela idade deles, têm que estar brincando na rua, andando de bicicleta e interagindo com outras crianças; e não ostentando aparelhos por aí. Antes que me chamem de quadrada e anti-tecnologia, até uso esses dispositivos na educação deles, mas acho muito dinheiro para andar nas mãos de crianças. Meus filhos têm 7,6 e 2 anos, respectivamente.

Estamos vivendo um momento em que educar significa fazer trocas, nem sempre saudáveis. A criança fez escândalo? Se jogou no chão do mercado? Dá o celular que ela para! È É hiperativa? Dá o tablet que ela sossega! Poucos são os que, de fato, vigiam o que seus filhos estão fazendo. Em tempos em que pedofilia anda em alta, todo cuidado é pouco! Nós estamos criando a geração de idiotas e, não, a culpa definitivamente não é da tecnologia. Estamos cada dia mais, substituindo nosso tempo por aparelhos eletrônicos e aplicativos. Quando foi a última vez que você sentou no chão da sala e brincou com seu filho? Qual foi a última viagem que você fez com sua família?

Hoje em dia, qualquer criança sabe mexer num celular ou num tablet, mas me pergunto quantos pais dedicam, de verdade, um tempo para seus filhos? Nós é que estamos criando uma geração de bitolados, em que é melhor estar grudado numa tela, do que gastando energia com brincadeiras.

avatar carina podiatsky

 

Carina Raquel Podiatsky – mãe do Victor Hugo, Pietro e Maria Catharina