Em atividade há 42 anos, a Associação de Moradores do Jardim Maluche (Amasc) é uma das mais antigas de Brusque. A atual presidente, Ana Maria Leal, faz parte da diretoria há mais de três décadas – e seu marido, João José Leal, fez parte da fundação da instituição.
De acordo com ela, muito do que o bairro é hoje é fruto da diretoria, que sempre foi composta por pessoas que se sensibilizaram com as questões do Jardim Maluche e trabalharam organizadamente para atingir suas conquistas. Desde o início, a Amasc teve em sua diretoria integrantes que tinham como objetivo preservar o bairro.
“O idealizador da associação, o juiz Vitório Ledra, percebeu que o bairro tinha inúmeras áreas verdes, destinadas à logradouros públicos. Ele queria preservar isso, pois sabia que, com a chegada do progresso, as coisas poderiam mudar”, conta Ana Maria. Então, reuniram-se juízes, delegados, promotores – todos moradores do Jardim Maluche – para formar o que se tornaria, mais tarde, uma das mais fortes associações de moradores de Brusque.
A Amasc, conforme a presidente, sempre teve força para “ganhar todos os rounds” e resolver, na medida do possível, os problemas do bairro. “Sempre tivemos diretorias ativas, interessadas no bem estar do bairro. Graças a isso sobrevivemos, sempre nos posicionamos firmemente.” Porém, na avaliação dela, ainda há pouca participação dos moradores, que pouco comparecem às reuniões, exceto quando há interesses mais próximos, como problemas na rua onde moram, por exemplo.
As reuniões ordinárias são realizadas mensalmente, sempre na primeira segunda-feira do mês, em uma sala da capela Nossa Senhora de Fátima. A diretoria, formada por cerca de 12 pessoas, se encontra quinzenalmente para discutir assuntos internos.
Principais questões
Ana Maria pontua cinco problemas que são as principais questões a serem resolvidas no momento: a praça José Celso Bonatelli, popular Pracinha do Maluche; o asfaltamento da rua Francisco Sassi; o banheiro público da praça; e a chamada “Área 41”.
“Estes são as maiores pedras no sapato”, afirma a presidente, que encara a atividade de presidir uma associação de moradores como um trabalho comunitário. Segundo ela, é um trabalho necessário, que gera frutos para o bairro: “As coisas boas de uma cidade acontecem não quando todos querem, mas quando uns e outros batem o pé e fazem acontecer”.
Segundo ela, a praça do Maluche é um problema recorrente. É um dos espaços públicos mais frequentados de Brusque, utilizada pelas pessoas para as mais diversas atividades – piqueniques, esportes, lazer, passeios com animais de estimação. “Mas, no fim do dia, quando as famílias vão embora, ficam os noturnos, muitas vezes com som alto e uso de drogas. E é aquela coisa: praça e cadeia, todo mundo quer, desde que não seja perto de casa.”
Os moradores do entorno da praça são incomodados frequentemente pelo barulho no local. “Muitas pessoas não entendem que a polícia não pode simplesmente prender uma pessoa que esteja sentada no banco da praça fumando a maconha dela”, pontua Ana Maria.
Também referente à praça é a construção dos banheiros públicos. Segundo a presidente, as obras já iniciaram há mais de três meses e ainda não foram concluídas. “Está sendo feita a reforma do antigo posto policial, que já não é mais utilizado para esse fim. Ainda faltam acabamentos. Como não há sanitários, pessoas que vêm usar a praça pedem para os moradores do entorno para usar o banheiro das casas.”
A Amasc entrou com um valor para colaborar, e quatro autoescolas – que fazem o percurso das aulas práticas na quadra da praça – também doaram quantias para a reforma. Ana Maria diz que, quando os banheiros feminino, masculino e para pessoas com deficiência estiverem prontos, a princípio, serão disponibilizadas chaves para os instrutores dos centros de formação de condutores.
Outra questão recorrente é o asfaltamento da rua Francisco Sassi. Os moradores da rua colaboraram com o pagamento do valor necessário para asfaltá-la, porém, só uma parte foi concluída. “Eles cobram, a gente [Amasc] cobra da Secretaria de Obras, mas sempre existe outra prioridade, outras ruas que estão com o asfalto em piores condições e que os moradores também pagaram”, lamenta.
Recentemente, após decisão judicial, a prefeitura iniciou os serviços na via.
Ana Maria cita também a chamada “Área 41”, local onde há uma loja de areia. Segundo ela, as pessoas que instalaram o estabelecimento no local o ocuparam indevidamente: “É um espaço público, pertence à prefeitura. Deveria ser uma área verde”. A Amasc abriu um processo contra os ocupantes do espaço e a causa, juridicamente, já foi vencida. “Mas eles continuam lá, pedem prazos e estendem o tempo que têm até se retirar. Agora, o prazo é até o fim de fevereiro.”
Plano diretor
Com um plano diretor próprio para a região do bairro, o Jardim Maluche possui regras próprias do que pode ser construído na área. Inicialmente projetado para ser estritamente residencial, hoje já abriga comércios, escolas, unidades de saúde e outros estabelecimentos.
Estabelecido em 1995, o plano diretor indica que prédios não tenham mais do que quatro andares – “justamente para desestimular a construção de prédios, mesmo que pequenos”, conforme a presidente – e nem todas as regiões permitem comércios.
“A legislação própria do Maluche tem causado muita polêmica. Nós entendemos que, com o tempo, certas coisas precisam mudar. Sabemos que, em alguns pontos, vamos ter que ceder”, admite Ana Maria. Segundo ela, a Amasc luta para preservar o bairro e manter a qualidade de vida dos moradores.
A área do bairro, de mais de 1 milhão de metros quadrados, é dividida em quatro zonas: zona 2 (ruas Reinoldo Kuchembecker, Arno Furbringer, Henrique Furbringer, Daniel Fischer, Gian B. Nolli, Max Furbringer, Rua Mil, Alberto Knopp I e Waldir Walendowsky, a partir da residência nº 267 até o final da mesma); zona 3 (área compreendida pelas testadas do lado direito e esquerdo das ruas Carlos Graf, Vereador Oscar Krieger, João Archer, Gerônimo Coelho, João Kunitz, Oscar Maluche, Nereu Ramos, início da Olímpio de Souza Pitanga até a confluência entre a rua Vereador Oscar Krieger e a avenida Hugo Schlösser, avenida Augusto Bauer até a Apae, e as áreas da avenida Hugo Schlösser não compreendidas na zona 4); zona 4 (às margens da ponte Antônio Nicolau Maluche, trecho compreendido no lado esquerdo da avenida Hugo Scholosser, sentido Centro/Bairro, até o início da avenida Bepe Rosa, margeada pelo Rio Itajaí Mirim); e zona 1 (todas as regiões que não fazem parte das demais).