Brusque fica em fogo cruzado da FCF e tem que resolver interdição do Augusto Bauer
Clube tem pouco ou nada a ver com o conflito entre federação e bar, e tem mais um problema em mãos
Clube tem pouco ou nada a ver com o conflito entre federação e bar, e tem mais um problema em mãos
Como se a caótica transição para a SAF não fosse problema suficiente, o Brusque tem que lidar com a interdição do estádio Augusto Bauer, tentando resolvê-la até seu primeiro jogo como mandante no Brasileiro Série C, contra o Ituano, no terceiro fim de semana de abril. É um problema com o qual o quadricolor não tem praticamente nada a ver, sendo um mero terceiro interessado na cruzada da Federação Catarinense de Futebol (FCF) contra o estádio e os donos do BKR Park Mall.
O Carlos Renaux diria que não se pronunciaria enquanto não fosse notificado oficialmente, mas, na semana passada, o presidente Altair Heck, o Taico, concedeu entrevista à Rádio Cidade e relatou o ponto central da questão: a FCF quer que, em dia de jogo, os clientes do bar Na Cara do Gol sejam incluídos no borderô, ou seja, na conta da bilheteria. Trata-se de 70 a 80 clientes de um estabelecimento à parte, de um outro imóvel. A Federação quer uma compensação à exploração dos jogos pelo bar, cujos donos marcam posição irredutível. Aliás, é interessantíssima a dedicação da FCF neste embate com o bar por uns trocados em meio a um Campeonato Catarinense com todo tipo de problema.
No dia seguinte ao da decisão da interdição, fomos atrás também do Brusque e da FCF, que não se manifestaram. E até onde é sabido, detalhes do processo de interdição ainda não foram expostos. O quadricolor, ao lado do Carlos Renaux, precisará resolver um problema sobre o qual tem pouquíssimo poder de ação.
Será importante verificar os passos do Brusque e da SAF nesta questão. O AVS, outro clube de Rubens Takano Parreira, é resultado de não poder jogar em casa. A Sociedade Anônima Desportiva (SAD) do Vilafranquense jogava longe de sua cidade. Não houve avanços na possibilidade de jogar em Vila Franca de Xira e a “solução” foi forçar sua saída para mais de 300 quilômetros ao norte, na Vila das Aves, para formar o AVS em 2023.
E o que estes empresários encontram em poucos meses da SAF do Brusque? Um estádio que foi interditado, com uma faixa de terreno “cedida” por terceiro, e conflito com federação estadual. Não quer dizer que a história no Brasil vá repetir o ocorrido em Portugal, porque são outros contratos, outras peculiaridades. Mas é é uma questão importante, que se torna mais um obstáculo para o Brusque alcançar uma estabilidade que já não tem há quase três anos.
É preciso alinhar expectativas com a realidade posta no momento. Embora as poucas palavras públicas da SAF até coloquem o acesso à Série B como objetivo principal, é muito difícil um clube conquistar algo deste tamanho na transição pela qual o Brusque passa.
A preocupação tem que ser, antes, pela sobrevivência e estabilidade de um clube que, desde o fim de 2022, tem quedas vertiginosas no horizonte de possibilidades. Talvez até extinção, dada a situação impraticável das finanças ao fim de 2024. Institucionalmente, não há um ano realmente tranquilo para o Brusque desde 2019, e nem 2019 foi tão tranquilo assim. Financeiramente, o clube patina feio há mais de dois anos.
Se o Brusque continuar existindo e fizer uma boa campanha na Série C, sem riscos de rebaixamento, já será um alívio. A partir de então, pode ser conseguido um planejamento melhor para 2026. Se der para subir já em 2025, melhor ainda, mas, olhando para hoje, parece um grande salto.
Neste início de temporada, o Brusque perdeu alguns jogadores, mas é falsa a impressão de que há mais saídas do que chegadas até o momento.
Além de Osman, que saiu ainda em janeiro, quatro jogadores deixaram o Brusque até aqui: Paulinho, Serrato, Ianson e Gabriel Honório. Com exceção de Honório, são jogadores que estavam no elenco do ano passado.
Seis jogadores chegaram há poucas semanas, sem contar os lesionados goleiros Jordan (que volta de empréstimo) e Lucas Moura (emprestado pelo AVS no Catarinense). Thomaz é a contratação mais recente, mas Contreras, Thiago Freitas, Acosta, André Luiz, Ítalo e João Veras chegaram antes, já no fim da parte estadual da temporada, já com foco na Série C.
Alguns deles, como Contreras e Ítalo, são de posições nas quais o Brusque era muito carente. Tirando a base, só Mateus Pivô era lateral-direito de ofício. Alex Ruan era o único lateral-esquerdo, e em sua ausência era quase óbvio o deslocamento de Jhanpol Torres para a posição.
Isto posto, ainda faltam peças: o elenco atual tem 28 jogadores. Quem sabe ainda haja alguma saída. Sete dos atletas são oriundos da base: Artur, Dionatan, Henrique Zen, Lukas Graff, João Vithor, Neto e Robson Luiz.
Kai-Fáh: Luciano Hang foi dono de bar em Brusque, onde conheceu sua esposa: