Brusque tem 45 casais na fila de adoção; preferência por bebês dificulta processo

No entanto, a cidade não tem nenhuma criança disponível

Brusque tem 45 casais na fila de adoção; preferência por bebês dificulta processo

No entanto, a cidade não tem nenhuma criança disponível

Mesmo já sendo mãe biológica de dois meninos, de 12 e 6 anos, a gerente de loja Ana Paula Garcia Scheffer, moradora do bairro Dom Joaquim, decidiu entrar na fila da adoção em Brusque. Ela deu entrada no processo no começo do ano e, atualmente, aguarda ser habilitada para entrar oficialmente na fila e ser mãe adotiva.

O desejo de Ana Paula em aumentar a família por meio da adoção já é antigo, mas só agora ela decidiu colocá-lo em prática. “Há mais ou menos seis anos eu tenho essa vontade, mas fui amadurecendo a ideia e agora resolvi dar entrada no processo”, diz.

Diferente de muitos casais em Brusque e em todo país, Ana Paula quer adotar uma criança mais velha, a partir de quatro anos, por isso, o processo todo da adoção deverá ser mais rápido do que o habitual. “O processo para se tornar apto a adoção é mais demorado. A avaliação da psicóloga e da assistente social é mais rígida, mas a partir do momento que o juiz deferir meu pedido, acredito que levará poucas semanas para eu conseguir adotar”.

Como o seu perfil é de criança a partir de 4 até 14 anos, aceitando, inclusive, grupo de irmãos, o contato dos abrigos deve ser mais rápido. “Assim que o meu pedido for aceito, meu cadastro já fica disponível para os abrigos que entrarão em contato comigo para agendar visitas. A partir do momento que eu aceitar visitar o abrigo, não poderei negar, porque senão ficarei negativada no cadastro”, diz.

Hoje, a preferência da maioria dos casais pretendentes à adoção é de bebês com, no máximo, dois anos de idade, o que gera a demora na conclusão dos processos. Ana Paula é também a presidente do Grupo de Apoio a Adoção de Brusque (Geaab) e destaca que são raros os casos como o dela, em que a preferência é por crianças maiores. “Nossos abrigos hoje estão cheios de crianças, metade delas já foram destituídas do poder familiar e a outra metade, está em processo. Das que já estão aptas para serem adotadas, a maior parte tem de 3 a 18 anos, e com grupo de irmãos. Isso dificulta muito, porque a maioria dos casais quer bebês. Até pode ter bebês já aptos para adoção, mas com os irmãos junto e o juiz não separa irmãos”, diz.

O grupo de apoio existe há oito anos e os membros se reúnem uma vez ao mês para discutirem temas relacionados à adoção. Segundo Ana Paula, Santa Catarina conta hoje com cinco mil crianças em abrigos. Brusque, no entanto, não tem nenhuma criança disponível para adoção, em contrapartida, tem 45 casais aptos na fila de espera. “Em Brusque hoje não temos crianças, então, busca-se em outras comarcas. Ainda há aquele tabu de não adotarem crianças maiores por já estarem com a personalidade formada, mas é pura falta de informação”, observa.
Ana Paula destaca que os dois filhos biológicos estão cientes que a qualquer momento podem ganhar um ou mais irmãos e, segunda ela, sempre aceitaram bem a ideia. “Converso muito com meus filhos e sempre expliquei para eles. Fomos amadurecendo essa ideia juntos. O mais novo sempre pergunta quando vai chegar o irmão. Estão muito bem informados e aceitam bem”.


Dia Nacional da Adoção

Hoje é celebrado o Dia Nacional da Adoção. Para comemorar, o Geaab realiza um evento no Centro Universitário de Brusque (Unifebe), a partir das 18h30, sobre o tema. O evento contará com uma palestra com a professora doutora Sylvia Nabinger, assistente social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande Sul (PUC-RS) com o tema “O encontro de duas histórias: reflexões sobre adoção”.
O objetivo da palestra é tirar dúvidas sobre o assunto. “O dia 25 de maio foi instituído como o Dia Nacional da Adoção com o objetivo de fomentar o ato de adotar, pois para muitas crianças e adolescentes, ser adotado é a única alternativa de voltar a viver em família. Apesar disso, em nossa sociedade, o tema adoção de crianças e adolescentes ainda é permeado por muitos mitos e preconceitos, fato que, para ser superado ou minimizado, exige constante capacitação das pessoas envolvidas e reflexão com a população em geral”.

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