Crianças desnutridas, algumas vítimas da miséria, da falta de saneamento básico ou mesmo da fome. Outras da violência, da falta de liberdade ou apenas do acaso de serem venezuelanos. O que o mundo pode fazer por elas? O que nós podemos fazer por elas?

Neste momento, a única resposta amena passa pelo apoio veemente à uma transição de Governo a Guaidó. Já li, alguns dizerem que a China mantém o seu apoio à Maduro devido a um empréstimo ao país em troca da segurança no abastecimento de petróleo, outros que a intervenção humanitária diz muito mais sobre os interesses econômicos do que de fato com a preocupação a preservação de condições mínimas de sobrevivência do povo venezuelano. Che Guevara, já alarmava em 1964 que “No se puede confiar en el imperialismo, ni tantito así… Nada!”. Então, se deve confiar, em um governo que se descuida do próprio povo? A Rússia, o Irã, sempre pareceram estar mais do lado de lá, do que de cá, o que não é surpresa a ninguém.

E talvez, os meios de comunicação que divulgam estas notícias, ou estas “fofocas”, possam ter razão, ou não. O que importa é que não é mais possível permanecer assistindo milhares de pessoas terem que abandonar o seu país ou morrerem por sonharem “sobreviver”. Podemos, sim, e devemos acreditar no que é real, naquilo que os nossos olhos já se cansam em ver, e o sofrimento dos venezuelanos não me parece em nada ficcional.

Ontem eu, como dezenas de blogs sentiram a falta de humanidade em entidades que foram criadas justamente para serem humanitárias. Como compreender a omissão da ONU? Das Associações Mundiais dos Direitos Humanos?

Me perguntei diversas vezes nestes últimos dias, a que ponto é preciso chegar para se reconhecer a humanidade.

Cada dia que passa, desconfio ainda mais, que as visões totalitárias, os extremismos, os ditadores e suas ditaduras se explicam muito mais pelo conceito da ganância humana do que pelo da ignorância. São velhas as novas formas de se ter poder.

Por sorte, pelo bem ou pelo mal, já temos Países, Organizações, Militares e Pessoas como nós dando seus primeiros passos em favor da vida. “Que vaya, quien sea necesario ir”.

Méroli Habitzreuter – escritora, pintora e ativista cultural