“Era de vez em quando, mas o padre João Miguel falou que teria que ter uma capela na comunidade. Começaram a dar ideias e pensaram em fazer uma capela menor de madeira. Quando começaram a elaborar, decidiram por fazer de material”, conta.
Pedro recorda que, aos poucos, com ajuda da comunidade, a estrutura foi finalizada em 1990. O pedreiro que assumiu as obras, conforme o morador, foi Dionísio Bosio, funcionário da prefeitura. “Todo mundo ajudava. As madeiras são roliças, foram encontradas no mato, e aconteceu mutirão”, continua.
Na época, o morador da comunidade Eloi Comper iria celebrar o sacerdócio e Pedro ressalta que uma vontade do padre João Miguel era que ele celebrasse a primeira missa na nova estrutura.
“O pai do padre, Gentil Comper, se botou na frente e foi o primeiro a assumir a liderança da capela. Ele e Bento Graf foram os primeiros capelães. O Eloi foi ordenado e celebrou a missa na capela”, comenta. A ordenação ocorreu em 15 de dezembro de 1990.
Pedro relembra que antigamente eram feitas duas festas por ano, para os padroeiros São Roque, em agosto, e São João Batista, em junho. A escolha do padroeiro está relacionada a uma capelinha na localidade, construída em 1944.
A estrutura da capelinha de São Roque foi feita pela avó de Pedro, Catarina Schaadt Graf. “Meu pai, falecido, sempre comentava. Na época, tinha uma peste, muita praga, uma doença que deu nos animais. Aí minha avó fez uma promessa e construiu a capelinha”, conta.
Contudo, a escolha dos padroeiros não foi tão simples assim. A moradora Marisaura Cavilha Ferreira, 43, atuante na capela, detalha que parte do bairro queria que fosse São João Batista e outra parte queria São Roque.
“Aí ficaram os dois, pois todos ajudaram a construir e ficaram naquela briga. Então, um padre sugeriu deixar os dois santos para não dar briga”, completa.
“Para unir a comunidade”
Pedro e a companheira, Loreni Graf, 57, trabalharam por dez anos na diretoria da igreja. Ela diz que a capela se destaca no município pela grande presença da comunidade. Eles recordam que as missas eram feitas apenas uma vez por mês no começo, pois a comunidade contava com um padre.
Atualmente, as missas são semanais, além das Celebrações da Palavra. Também, a capela conta com grupos de orações, que se reúnem periodicamente, como o Terço dos Homens nas quintas-feiras, o Terço das Mulheres nas quartas, o Terço das Almas nas segundas. Na primeira sexta do mês acontece o Postulado da Oração.
Para o casal, a capela representa uma forte base de fé e união para a comunidade, que marca cada geração do bairro. “A capela é importante para as famílias, que se não tiverem como base uma oração, uma religião e Deus na frente, as coisas não andam. Se não tivermos fé, não seremos nada, é o fundamento da nossa vida”, avalia Pedro.
“Quem pode ajudar, ajuda. É para a família, para a comunidade, para ela se manter unida”, completa Loreni.
Além de um templo
O casal de capelães atuais, Marisaura e Laureci Ferreira, 42, moram na comunidade desde 1995. A família de Laureci é do bairro Ribeirão do Ouro e Mari é natural de Ibirama.
No Pedras Grande, Laureci finalizou o sacramento da Crisma aos 15 anos na capela. “Terminei de fazer a catequese aqui, por dois anos”, inicia. As catequistas foram Ida Horn e Terezinha Graf.
Após isso, ao se casar com a Mari, os dois retornaram a participar da comunidade por conta do filho, que começou a fazer a catequese. “Fomos nos envolvendo, vimos que a comunidade precisava de ajuda também. Viramos catequistas, ministro da Sagrada Comunhão, e aí foi”, continua.
Eles participam do Conselho Paroquial da Comunidade (CPC) há três anos. Mari, também atua na parte musical e dá aulas de música para crianças, de teclado e violão. O objetivo é cada vez mais envolver a comunidade.
“Atuar nisso é importante para nós mesmo, pois estamos trilhando o caminho da santidade. Queremos chegar à porta do céu um dia. A gente quer essa santidade para a nossa família e para os que estão ao nosso redor. Queremos levar as pessoas para Jesus”, diz Mari.
Laureci ressalta que a presença no templo faz a família conviver bastante com o Evangelho. “Então, a gente vê que precisa de pessoas que evangelizam, também. Neste trabalho, queremos trazer as pessoas, fazer elas se envolverem com a comunidade através do Evangelho”, finaliza.
