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Capela do Sessenta carrega história misteriosa sobre imagem de Santa Luzia encontrada no Morro do Barão, em Botuverá

Ninguém sabe quem colocou a santa no local, que hoje é padroeira da comunidade

A capela mais nova de Botuverá é a do bairro Sessenta. A construção da primeira estrutura foi iniciada em 1992, durante a época do padre João Miguel como pároco. A obra em alvenaria e madeira foi concluída em 1994, quando o padre Laudelino Roecher era pároco.

Contudo, a padroeira da capela, a Santa Luzia, está presente na comunidade há muito mais tempo. De acordo com o morador Pedro Paulo Sorer, de 64 anos, que sempre esteve envolvido no templo, uma pequena imagem da santa foi encontrada cravada em uma pedra no Morro do Barão, que fica na localidade.

Cleder Maffezzoli/Arquivo O Município

Conforme ele, por volta de 1960, a imagem de Santa Luzia foi retirada de lá e foi levada para uma antiga escolinha, que hoje não existe mais. “Eu era criança. Sempre tinham devotos de Santa Luzia e vinha gente de a pé de outros lugares, como Águas Negras. Hoje, não temos mais essa imagem”, conta.

O atual coordenador da capela, Ederson Sorer, 42, detalha que a imagem da santa estava em uma cruz no local, com outros santos diversos. Porém, a origem desta história é um mistério.

“Ninguém sabe quem colocou eles lá. O pessoal que colonizou a nossa comunidade, foram os que encontraram a pedra no morro do Barão e viram aqueles santos. Não tinha só a Santa Luzia, mas ela ficou aqui”, continua.

Pedro Bonomini aponta que o morro foi desbravado ainda no século XIX. Uma especulação é que tenha sido Maximilian von Schneeburg, o Barão von Schneeburg, a levar as imagens para o local. Outra especulação é que pode ter sido um proprietário das terras, com sobrenome Baron, que no dialeto acabou virando “Barão”. “Alguém fez uma gruta lá, mas é uma incógnita saber quem foi”, diz. Desde então, Santa Luzia se tornou a padroeira da comunidade.

Luiz Antonello/O Município

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Primeira capela

Pedro foi o primeiro capelão do templo e permaneceu como administrador por 24 anos, junto da esposa que era tesoureira. Segundo ele, antes de ter a primeira igreja, a comunidade realizava missas na escolinha, que ainda está no local.

“Nós não tínhamos um lugar para a comunidade se reunir. Tinha a escolinha, mas era do município. O prefeito doava a escola para fazermos as missas e fazíamos tudo lá. Depois, devagarzinho, construímos a nossa igrejinha velha, que tinha 8×12”, conta

Luiz Antonello/O Município

Nesta escolinha, o padre também dava a doutrina para as crianças, mas a população precisava de uma igreja para fazer a Primeira Comunhão. “A comunidade se uniu para ajudar a tirar o alinhamento, tudo feito com pau redondo. Com a ajuda das empresas, um doou as telhas, outro doou outra coisa”, lembra.

Antes, Ederson recorda que as missas eram realizadas uma vez por mês. “Aí construíram a capela, pois a comunidade cresceu. Passamos a ter missas a cada 15 dias”, conta.

Pedro Paulo Sorer/Arquivo pessoal

Nova construção

Com os eventos, a capela arrecadou muito dinheiro. Tendo como padroeira Santa Luzia, as festas são realizadas em dezembro. Pedro recorda que, então, primeiro foi construído o galpão, mas a igrejinha continuou.

Após uns anos, com recursos, conseguiram projetar uma nova capela. A construção foi feita em 2012, quando a primeira igrejinha foi demolida.

Ederson detalha que a construção do segundo e atual templo foi terceirizada com uma construtora. “Contratamos pedreiros para fazer os acabamentos, para darem o formato da igreja”, continua. A obra ficou completa em 2018.

Luiz Antonello/O Município

Hoje, as missas acontecem duas vezes por mês: no primeiro domingo e no último sábado do mês. Quando não tem missa aos domingos, ocorre a Celebração da Palavra. “Aqui funciona super bem, a comunidade é unida e participativa. As missas lotam bastante”, salienta.

“Em Botuverá, mesmo as mais longas, as capelas são bem bonitas. O pessoal de fora que vem na nossa gosta muito que ela fica no piso superior e como foi feito dentro da igreja. Entram aqui e ficam contemplando a parte interior”, completa.

Participação e devoção

Luiz Antonello/O Município

Ao olhar para trás, Pedro reflete sobre o apoio dos moradores que se mobilizaram para a construção do templo. “Não imaginava que teríamos algo assim, é um prazer para a comunidade ter essa estrutura hoje. Nos empenhamos muito para construir ela”, conta

Para Ederson, o desafio de coordenar a capela é grande, mas avalia que a mudança frequente na coordenação é importante, para trazer mais vozes para as decisões.

“Lidar com pessoas é difícil, são várias opiniões e pensamentos, aí acontecem os atritos. Então, o meu pensamento é de renovação, para a igreja caminhar com o mundo que está agora, e o mundo não está parando. Não digo mudar o alicerce, que é Jesus Cristo, mas a igreja tem que caminhar junto com a evolução”, finaliza.

Luiz Antonello/O Município

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