Casa Schirmer: Construção centenária está camuflada entre paredes de madeira
Residência teve sua primeira reforma em 1925, quando começou a perder características do enxaimel
A casa centenária está no final da rua Alfredo Fuckner, no bairro Lageado Baixo, e para os mais desatentos, pode passar despercebida, já que as paredes de madeira acinzentada praticamente engolem os tijolinhos.
Não se sabe ao certo o ano que foi construída, acredita-se que em 1870, por Roberto Schirmer, bisavô de Iracema. Hoje a casa está em seu terceiro endereço.
“Primeiro a casa foi onde hoje é a igreja Assembleia de Deus aqui no Lageado. Depois foi pra outro lugar e quando meu bisavô ficou viúvo, alguém tinha que cuidar dele, então minha avó trouxe a casa aqui onde está hoje, perto da dela”, conta.
Após a morte do bisavô, os avós de Iracema, Alberto e Hilda Gumz, passaram a viver na casinha, que teve sua primeira reforma em 1925.
A reforma foi mais do que especial: foi ali o baile de casamento de Berta, uma das dez filhas do casal. “Não sei dizer o que foi feito nessa reforma, mas lembro que sempre contavam que foi para o baile. Até marcaram o ano na parede em cima da porta. Naquela época era assim, sempre tinha baile dentro de casa”, observa.
Ao longo dos anos, a casa foi ampliada, já que a família crescia. Hilda Gumz fez um espaço de madeira nos fundos da casa para sua cozinha. Também foi ela que decidiu fazer a varanda toda em madeira para a casa, além de um novo quarto na frente.
“A casa original era bem pequena, sem varanda, sem nada e com o tempo foram remendando”.
Os anos passaram e a casinha ficou para uma das filhas de Alberto e Hilda: Rosa Holdina, mãe de dona Iracema. Ela casou com Augusto Alfredo Fuckner e juntos tiveram nove filhos.
Hilda continuou morando na casa na companhia da filha, genro e netos. “Eu me lembro que a vó morava com a gente nos últimos anos, ela sempre dizia que queria morar na casa onde se criou”.
Apesar de ter as características do enxaimel praticamente camufladas entre as paredes de madeira que foram surgindo depois, a casa ainda guarda muitos detalhes originais. O piso do pedaço enxaimel permanece intacto, inclusive com algumas das inscrições em algarismos romanos ainda visíveis. A porta de entrada, os caibros de madeira do teto e três paredes são centenárias.
Além dos puxadinhos de madeira que se misturam aos tijolos à vista, uma outra modificação chama a atenção: as janelas venezianas. “O pai colocou essa veneziana porque ele queria olhar para fora. Antes era janela de madeira, mas como ele tinha bronquite, dizia que o vento fazia muito mal, aí botou essa janela para poder olhar pra fora nos dias frios”.
Passados quase 150 anos de sua construção, a casa hoje está vazia. Foi morada de Iracema, do filho Newton e da nora Graziela até 10 anos atrás. Depois, eles se mudaram para a casa construída ao lado.
A casinha centenária serviu por um período, após a mudança da família, como uma confecção. As paredes internas foram removidas e hoje ela se resume a uma grande sala, com alguns fardos de malhas, madeiras e ferramentas.
O anexo de madeira feito pelo pai de Iracema nos fundos deve ser demolido, já as históricas paredes de tijolos permanecerão. “A casa representa a lembrança da minha família, dos tempos antigos, não deve ser demolida”.
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