Cerca de 300 haitianos vivem em Brusque

Grupo de auxílio não descarta a chegada de novos estrangeiros que chegaram a Santa Catarina, vindos do Acre

Cerca de 300 haitianos vivem em Brusque

Grupo de auxílio não descarta a chegada de novos estrangeiros que chegaram a Santa Catarina, vindos do Acre

A imigração para Santa Catarina voltou a ser assunto nesta semana, com o anúncio do envio de dois ônibus com 18 imigrantes haitianos e 25 senegaleses de Rio Branco, capital do Acre, para Florianópolis. Os ônibus chegaram na madrugada de segunda-feira, 25, e mobilizaram as secretarias de Assistência Social da capital e do estado. Um terceiro ônibus com mais 11 estrangeiros chegou em Florianópolis no fim da tarde de segunda-feira, e foi encaminhado ao abrigo provisório montado em um ginásio de esportes.

Dos 43 imigrantes que chegaram na madrugada, 14 partiram ainda na segunda-feira para cidades do Rio Grande do Sul e para Criciúma, onde já tinham contato com amigos e parentes. Dos que permanecerão em Florianópolis, dois já conseguiram empregos com empresários que visitaram o abrigo. Dos 11 que chegaram no terceiro ônibus, a maioria também deve seguir viagem para outras cidades do estado onde já existem imigrantes.

Em Brusque, o grupo de apoio virtual aos haitianos estima que 300 imigrantes vivem no município hoje. O número, no entanto, tende a crescer, já que de dois a quatro haitianos chegam na cidade semanalmente.

A responsável pelo grupo, Priscilla Miglioli, afirma que, por enquanto, não há informação de que os imigrantes recém-chegados ao estado venham para Brusque, porém, esta hipótese não pode ser descartada. “Em conversas com muitos dos que já habitam em nossa cidade, não houve relato de que algum familiar estava para chegar entre esses, mas como nosso estado tem muitas oportunidades, provavelmente, todos devem ter já seus contatos em algum lugar de Santa Catarina”, afirma.

A secretaria de Assistência Social de Brusque afirma que não há informação sobre a chegada dos imigrantes ao município, já que, até o momento, não houve nenhum contato oficial com a prefeitura sobre o assunto.

Grupo haitianos e amigos de Brusque

O grupo, que tem como objetivo auxiliar na adaptação desses imigrantes no município, está trabalhando na formalização de uma associação para continuar os trabalhos. “Mantemos apenas o grupo onde divulgamos e compartilhamos informações relevantes, informando tanto a comunidade haitiana que vive aqui, como também a população brusquense para trabalhar a questão da conscientização”, diz.

De acordo com Priscilla, o grupo é formado por todas as pessoas que queiram ajudar os haitianos que vivem no município. “Sempre que possível divulgamos alguns eventos que ocorrem na cidade para a comunidade haitiana, divulgamos vagas de trabalho que são compartilhadas na internet e na página do Sine de Brusque, material de apoio para aprimorarem o conhecimento quanto ao idioma, informações básicas sobre campanhas de vacinação, elaboração de currículos, e outros serviços”, destaca.

Uma das principais preocupações do grupo é sobre o idioma. No ano passado, o grupo iniciou as aulas de idiomas para os haitianos, e agora, pretendem voltar com o projeto. “Enviamos para a prefeitura um projeto para que eles possam ter acesso a aulas de português fornecidas pelos órgãos públicos. Como nem sempre é assim que funciona, temos uma professora que fala o francês e virá de Florianópolis a partir do próximo mês, e também um integrante do nosso grupo que é haitiano e professor de inglês na cidade, para nos reunirmos novamente e dar continuidade a esse trabalho”.

Priscilla ressalta que a recente vinda dos imigrantes para o estado têm gerado dúvidas e que, na maioria dos casos, falta ação do próprio governo em deixar a população ciente sobre o que está acontecendo. “Notamos que o momento vivido hoje no país é de dúvidas e incertezas por parte da população brasileira que pouco se informa a respeito, também não é feito nenhum tipo de trabalho para conscientização da população a respeito dessa questão. Estão faltando ações governamentais para que essa questão seja esclarecida, não deixando dúvidas nas pessoas que muitas vezes nem sabem que o Haiti não é na África, que somos filhos e netos também de imigrantes que em outro momento também passaram por tudo o que eles estão passando hoje”.

Priscilla destaca a importância do auxílio aos imigrantes. “Esperamos que eles possam ter os primeiros atendimentos e necessidades sanadas, como auxilio para emissão de documentos, carteira de trabalho, informações de como podem ter acesso a aulas de português, pois assim, eles podem ter autonomia e dignidade, assim como nossos antepassados que chegavam aqui em busca de condições dignas, fugindo de guerras e em busca de uma vida melhor, a única diferença entre nossos antepassados e eles é a cor da pele. Os sonhos são os mesmos, os princípios são os mesmos, os ideais são os mesmos; somos todos seres humanos que vivemos em épocas diferentes situações iguais”.

 

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