Falar de ciclos pode soar um pouco estranho em um primeiro momento. Não porque seja algo novo, mas sim porque nos desconectamos desta informação ao longo dos anos. E falar de pausas, pode parecer mais estranho ainda, em um mundo tão acelerado.
Mas ciclos e pausas fazem parte da natureza. Estão na lua, em suas fases; no nascer e pôr-do-sol que direcionam nosso ritmo do dia; nas plantas, ao brotar até dar flores e frutos; nas estações do ano, que orientam a melhor época para viver o externo e o interno. E como partes desta natureza, os ciclos estão em nós: na respiração, no dormir, no acordar, no pensar, no nascer e morrer, e reviver. Somos impactados por todos os ciclos diariamente, constantemente, mas não tomamos consciência deste fato.
Somos apreendidos pelos ruídos e distrações que construímos na sociedade, e o simples fato de entender que há um ciclo em que se faz necessário o recolhimento e aprender a se olhar com mais profundidade, pode parecer errado. Mas o que há de tão errado nesta pausa?
Tenho observado muitas mulheres correndo em meio a um turbilhão de tarefas, com ou sem filhos, com ou sem maridos, cheias de atividades para conseguir um lugar, um espaço para ser reconhecida. Talvez pertencente ao universo masculino, essa estratégia extremamente competitiva não vai nos fazer mais realizadas e plenas. Ao contrário, tem deixado as pessoas mais doentes, mais estressadas e constantemente em busca de algo para preencher. Seja roupa, sapato, batom. Se, por um lado, aumentamos o poder aquisitivo, por outro tornamo-nos mais doentes e infelizes. E o que podemos oferecer ao mundo dessa forma?
Assim como se trabalha para plantar, adubar a terra, escolher e plantar a semente, limpar o terreno, antes da colheita, se faz uma pausa. E talvez, nesta pausa, pode-se ter percepções valiosas para o próximo plantio. Para escolhas de sementes mais frutíferas. Ou não. Seja apenas necessário fazer uma pausa. Para pausar. Pausar para estar com quem se gosta, pausar para estar longe de pessoas que não valem a pena, pausar e se desintoxicar de crenças que limitam, pausar para tomar café com as amigas. Falando nisso, que tal uma pausa para um café?
Clicia Helena Zimmermann – professora, consultora e especialista em mapeamento de ciclos.
