Amores idealizados, príncipes e princesas, romances com final feliz… Ah! Os contos de fadas. Embora saibamos da tremenda ilusão que os contos nos oferecem, recriar os clássicos não é fácil nos dias atuais, as divergências são muitas! Com base nesse desafio, os alunos do 7º ano da escola Dr. Carlos Moritz, na disciplina de Língua Portuguesa, com a professora Juliana Costa Masera, tiveram a missão de desencantar os contos de fadas tradicionais.
Foi necessário pensar no modo como vivemos hoje para criar a releitura das histórias tão populares como Cinderela, Rapunzel, Branca de Neve… ao fim dessa reflexão, qual a impressão que nossas crianças e jovens possuem a respeito do meio onde vivem?
Essa inquietação foi muito bem respondida ao lermos, num primeiro momento, os textos criados pelos alunos do 7º ano. Confesso que, por mais que foram produzidos textos coerentes, a visão de mundo passada não foi nada animadora, um tanto pessimista. Todos os contos envolveram violência, mortes, corrupção, drogas e criminalidade num geral.
É isso que queremos para o futuro dos nossos filhos? Que país teremos para as próximas gerações? Pensando nessa reviravolta que aguardamos esperançosos, mudamos a perspectiva da sequência didática feita em sala de aula: coube aos alunos criarem um novo final para os contos que voltaram a ser macabros (igual lá no início, nos vilarejos medievais, nos quais se popularizaram de maneira pesada e assustadora), mostrando para todos que, se a situação não está fácil, somos nós que estamos escrevendo o nosso futuro! Podemos mudar o percurso e viver com qualidade, sem medo nas ruas e voltando ao clichê final feliz!
Eis o resultado:
Cinderela real
Era uma vez uma menina que se chamava Bela e vivia com seu pai e sua mãe. Certo dia o pai de Bela faleceu e, mãe e filha, ficaram muito abaladas.
Depois de um tempo, a mãe de Bela arranjou outro marido, porém ele começou a tratar Bela de uma forma estranha, carinhosa até demais. Com o passar dos anos, a menina ficou órfã de mãe e seu padrasto, agora único responsável, começou a abusá-la.
Ela morava numa favela e com muito custo, conseguia acessar a internet, às vezes um wi-fi de lanchonete ou algo do tipo. Em um desses acessos, soube que haveria um baile funk no qual todos do bairro iriam. Bela pediu autorização para seu padrasto, porém ele não permitiu.
De repente, Bela estava em seu quarto e apareceu uma mulher que lhe era familiar, então percebeu que tratava-se do espírito arrependido de sua mãe, vindo para lhe ajudar a ir ao baile e fugir de casa para sempre.
O espírito foi até um brechó e, como ninguém o via, pegou algumas roupas por lá e levou-as até Bela, que se vestiu e foi ao tão sonhado baile funk.
Chegando lá, se apaixonou por um rapaz. Eles trocaram uns beijos, começaram a namorar, casaram-se e, por fim, ela descobriu que estava sendo traída.
E a história não acaba por aqui…
Final feliz 01: Após a descoberta, Bela entrou em depressão e cogitava se suicidar. Certo dia, o espírito de sua mãe reapareceu e fez com que Bela buscasse ajuda para tratar seu quadro. Na clínica conheceu um homem que passara por uma situação parecida, envolvendo traição. Eles começaram a se conhecer, casaram-se novamente e descobriram que a vida apresenta uma segunda chance, cabe a nós aproveitá-la.
Final feliz 02: Após descobrir a traição, Bela largou o rapaz e foi morar sozinha. Estudou, arranjou um bom emprego e com o tempo começou a se sentir sozinha, por isso resolveu adotar duas crianças. Hoje, Bela vive feliz com seus dois filhos em uma casa linda, cheia de amor e alegria.
Final feliz 03: Quando Bela soube que estava sendo traída, não pensou duas vezes e deixou-o. Sua tristeza era tanta que começou a compor músicas colocando para fora seus sentimentos. Certo dia, Bela postou nas redes sociais uma de suas composições. Em pouco tempo seu vídeo viralizou e fez um sucesso tremendo! Esse foi o pontapé inicial para Bela virar uma youtuber de sucesso, fato que mudou completamente sua vida… para muito melhor!
Final feliz 04: Bela separou-se de seu marido e resolveu mudar de vida. O primeiro passo foi fazer o Enem. Ela se saiu tão bem que garantiu uma bolsa de estudos para o curso de Direito. Bela enriqueceu e montou uma ONG para ajudar crianças marginalizadas e assim, mudar o futuro de muitos!
Produção da versão inicial de “Cinderela real”: Amanda Cadore Modesto; Jacqueline Rodrigues Ribeiro; Paulo Sergio Ribeiro de Lima.
Produção conjunta dos finais felizes: 7º ano da E.E.F. Dr. Carlos Moritz.
Disciplina: Língua Portuguesa.
Profª Juliana Costa Masera