Conheça a família brusquense que descende de um comandante da cavalaria de Napoleão Bonaparte
Mathias Olinger chegou a ser deixado para morrer no campo de batalha enquanto servia o Imperador francês
Mathias Olinger chegou a ser deixado para morrer no campo de batalha enquanto servia o Imperador francês
Com muitos membros presentes no Sul do Brasil, a família Olinger possui alguns deles vivendo no município de Brusque. De origem luxemburguesa, a família possui um personagem na árvore genealógica com uma história memorável.
Trata-se de Mathias Olinger, nascido em 4 de outubro de 1790. Ele foi da cavalaria de Napoleão Bonaparte e lutou em campos de batalha na Áustria em 1809, enquanto aconteciam as famosas “Guerras Napoleônicas”.
Mathias também foi membro do 12º regimento, tendo como data de entrada o dia 25 de fevereiro de 1809, quando tinha 19 anos e vivia na pequena cidade de Echternach. Na batalha da Áustria, que ocorreu em abril do mesmo ano, foi ferido por um golpe de espada. O ferimento aconteceu mais precisamente no dia 22 de maio.
Durante uma campanha de batalha na Rússia, Mathias foi promovido a Brigadeiro no próprio campo de batalha em Borodino, fato que aconteceu no dia 7 de setembro de 1812. Em 1813 e 1814 ele participou de uma campanha na França.
A Batalha de Borodino foi o confronto mais intenso e mortífero em apenas um dia durante a Campanha da Rússia e as Guerras Napoleônicas. Mais de 250 mil homens participaram deste embate, resultando em um saldo de mais de 70 mil baixas.
Ao comandar o 12º regimento de cavalaria em 18 de fevereiro de 1814, em Montereau, Mathias Olinger teve a tarefa de proteger Napoleão em seu retorno a Paris depois da campanha da Rússia. Na ocasião, foi ferido na cabeça por uma espada e do lado esquerdo por um tiro de fuzil.
Deixado para morrer no campo de batalha, foi recolhido mais tarde para um hospital militar, onde permaneceu acamado por vários meses. Em julho de 1814 ele se aposentou e retornou para Luxemburgo.
Ao retornar, Mathias se estabeleceu em Vianden, onde casou-se com Anna Goldschmit e tiveram nove filhos sendo, um deles Johann Olinger, que casou-se com Margaretha Lenz. É através deste casal que começa, mais especificamente, a história da família Olinger no Brasil. Mathias Olinger faleceu em 1º de janeiro de 1865, em Vianden.
No mesmo ano, devido aos conflitos na Europa, Johann e Margaretha resolveram emigrar para o Brasil com os oito filhos: Maria Olinger, João Pedro Olinger, Leopold Olinger, Johan Baptiste Olinger, Catharina Olinger, Jaque Olinger, Anna Maria Olinger e Victor Olinger.
Para mudar de vida, a família saiu do porto de Antuérpia, na Bélgica, no vapor “Gessner” e chegaram ao porto do Rio de Janeiro no dia 26 de maio de 1863. Depois, seguiram viagem até Santa Catarina com o veleiro “Apa” e se estabeleceram em Brusque. Posteriormente tiveram uma filha brasileira, Anna Olinger.
O filho Jaque, que chegou no Brasil com seis anos de idade, cresceu em Brusque e constituiu família ao casar com Margarida Westarb. Desta união originou-se a linha direta que chegou até os Olinger que vivem no município atualmente.
A relevância da família no município de Brusque passa, por exemplo, por Maria Olinger, que uniu-se em matrimônio com João Bauer, um notável empreendedor que se destacaria em suas atividades anos depois.
Ambos tiveram o privilégio de participar da Exposição Universal de Paris em 1889, acompanhados de Carlos Renaux, que fazia parte da comitiva. Durante a viagem, João teve a oportunidade de visitar a recém-inaugurada Torre Eiffel.
João Bauer, além de ser um empreendedor visionário, dedicou-se a vários empreendimentos, sobressaindo-se como um influente madeireiro e comerciante. Em 1913, foi ele o responsável por concretizar a implantação da primeira usina hidrelétrica na região, o que trouxe iluminação elétrica para Brusque e marcou um importante avanço para a cidade. O casal era extremamente respeitado e conhecido na comunidade local.
Arthur Olinger, filho de Jaque (irmão de Maria) e Margarida, também foi um personagem importante na história de Brusque. Casou-se com Coralia Gevaerd Olinger e teve os filhos: Mário Olinger, Ivone Olinger Appel, Hélio Olinger e Nilton Olinger.
Ele é um dos fundadores do Clube Atlético Carlos Renaux e alguns historiadores o colocam como o ‘homem que trouxe a primeira bola de futebol para Santa Catarina’.
Mário foi prefeito de Brusque de 1951-54 e eleito deputado estadual nos anos 1955-1959-1963 e 1967. Foi também um dos melhores jogadores de futebol do Clube Atlético Carlos Renaux na década de 40. Ivone Olinger Appel, esposa de Arthur Appel, é mãe da ex- Primeira Dama do Estado, Ivete Appel da Silveira.
Hélio Olinger, segundo historiadores, foi o melhor jogador de futebol do Carlos Renaux nas décadas de 1940 e 1950. Comerciante, trabalhava junto com seu pai. Hélio teve um filho chamado Djalma Olinger, que possui uma filha chamada Flávia Maria Olinger, que atualmente mora em Brusque.
Já Nilton Olinger, que se formou na Escola de Medicina do Rio de Janeiro. Iniciou seus trabalhos de médico em Brusque, mais tarde foi convidado para trabalhar em Tijucas, onde fixou residência (até sua morte) e se tornou prefeito e vereador.
“Conhecer a história da nossa família nos traz uma noção de finitude e de gratidão por tudo que antepassados passaram. Isso tudo nos traz orgulho e conhecimento. O que mais me encantou nesta história foi que se Mathias não tivesse sido resgatado por obra do destino, quando deixado para morrer no campo de batalha, nenhum de nós, dos seus milhares de descendentes, estaria hoje aqui para contar esta história”, diz Flávia.
Napoleão Bonaparte foi um líder militar e político francês que desempenhou um papel significativo na história mundial do século XIX. Nascido na Córsega em 15 de agosto de 1769, ele ascendeu ao poder durante a Revolução Francesa e se tornou o governante da França como Primeiro Cônsul em 1799 e posteriormente como Imperador em 1804.
Sua habilidade militar excepcional o levou a conquistar grande parte da Europa, criando um vasto império francês.
Em 1814, as coalizões formadas pelas potências europeias o derrotaram, e ele foi exilado para a ilha de Elba. Contudo, ele escapou da ilha em 1815 e retornou à França em um período conhecido como “Os Cem Dias”. No entanto, sua tentativa de retomar o poder foi derrotada na Batalha de Waterloo em 18 de junho de 1815, e ele foi novamente exilado, desta vez para a ilha de Santa Helena.
Napoleão passou os últimos seis anos de sua vida em exílio, isolado na ilha remota de Santa Helena, onde morreu em 5 de maio de 1821, aos 51 anos, devido a uma doença estomacal.
Desenvolvedor de Guiné-Bissau, na África, conheceu Brusque após contato no LinkedIn: