João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - [email protected]

Conversas Praianas : mulheres de Carlos Alberto

João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - [email protected]

Conversas Praianas : mulheres de Carlos Alberto

João José Leal

É tempo de veraneio e as mulheres do Alvorada do Atlântico estão reunidas para colocar as fofocas em dia. Maria Tereza, veranista de Chapecó, apontou para o outro lado da piscina e perguntou para as companheiras:

— Estão vendo o Carlinhos, do vigésimo andar, passando bronzeador nas costas da loira de biquíni? É o novo cacho dele. Já não está mais com a mesma namorada do ano passado, que parecia uma boa mulher para ele, um velho caindo pelas tabelas. Esse aí é daqueles que não perdem a cisma com as mulheres. Vive entortando o pescoço de tanto botar o olho nas novinhas que vêm à piscina de fio dental.

— Conheço bem a biografia desse cara. Sua primeira mulher era de Passo Fundo, filha de um rico fazendeiro. Ela faleceu num acidente de trânsito e ele herdou uma boa herança. Pouco tempo depois, casou com uma colega de trabalho, mas o casamento durou pouco tempo.

— Quando o Carlinhos chegou a Chapecó era viúvo e gerente do Banco do Brasil que, naquele tempo, pagava altos salários. A mulherada, viúvas e divorciadas na frente, deu em cima dele pra valer. Namorou com uma penca de mulheres interessadas num casório. Quebraram a cara. O bicho parecia vacinado contra casamento e contra essa tal de união estável. Mesmo assim, não escapou de bancar o preço das aventuras. Uma ou duas mais espertas conseguiram arrancar uma pensão alimentícia.

— Só mais tarde, já chegando nos 60 anos, é que ele se acertou para viver com uma mulher bem mais nova. Quando se separaram, a mulher espalhou para toda Chapecó o inferno que era a vida com o Carlinhos. Ela ainda teve sorte. Pegou uma boa pensão alimentícia, que ele resistiu em pagar.

— Depois, teve mais umas duas ou três companheiras que não aguentaram viver com ele por muito tempo. Uma foi minha colega de colégio e contou-me sobre as manias dele, inclusive algumas perversões escabrosas. A sorte dela é que não saiu no prejuízo. Recebe uma pensão, descontada em folha pelo Banco do Brasil.

— Aqui no Alvorada do Atlântico, o Carlinhos chegou com a Maria Regina. Vocês a conheceram muito bem. Era uma querida, que se sentou conosco algumas vezes. A coitada viveu mais de um ano com ele, sofrendo uma barbaridade e aturando um caminhão de desaforos. No final, como vocês sabem muito bem, ainda foi ele quem a mandou embora, com uma mão na frente e outra atrás. Parece que ele já tem como pagar mais uma pensão.

— Infelizmente, é assim. Alguns maridos e companheiros maltratam as mulheres com quem vivem. Isso precisa mudar. A minha esperança é a Lei Maria da Penha. Vibro que nem chocalho de cascavel, quando vejo a notícia de um marido ir pra cadeia por ter se metido a valente com a pobre esposa ou companheira.

 

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