Atualmente, participando de momentos inesperados de conversa ou quando exponho meu pensamento sobre a diversidade, por vezes me deparo com a cobrança por me posicionar em “generar” e não “generalizar” os seres humanos.
Fui criada em um ambiente de mãe e pai empoderados e motivadores. De pais que não usaram o gênero para debater ideias e nem minimizar ninguém. Nem no trânsito. Nem nos deveres ou possibilidades de crescimento individual.
Fui direcionada e incentivada a não alimentar preconceitos de cor, gênero, poder aquisitivo, ou qualquer diferença. Hoje tenho a bênção de ter uma filha que brinca com a diversidade questionando de maneira livre e sendo esclarecida da mesma forma.
Recebemos e amamos pessoas estrangeras, transgeneras, bailarinas, míopes, ciclistas, atrizes, felizes, desastradas, livres, e de qualquer jeito. Se nos derem amor e respeito então é o que daremos de volta.
Qual o maior problema do mundo? A FALTA. A direção do sentimento é uma só. A mão que estende não aponta. A que aponta não estende. É básico viver a sua vida e perceber até onde seus pensamentos e comentários “inofensivos” podem estar atingindo alguém que como você, está na vida para lutar e ser feliz.
Hoje você está aqui, daqui a pouco você está ali e assim é. Sermos mães e pais educadores neste momento antropológico da sociedade nos dá a grande possibilidade de edificarmos desde pequenos seres mais amáveis, empáticos, altruístas, ao invés de motivar o ódio e a intolerância. Mais tarde isso terá que se desconstruir ou o mais provável, engordará a massa dos preconceituosos de plantão.
Minha filha pode e deve amar mais que hostilizar, compreender mais que julgar, ajudar mais que abandonar e assim como meus pais o fizeram a algum tempo atrás, reproduzo hoje a maravilha de ter sido criada para o todo. Cria com a tua cria um mundo novo dentro de si próprio e a beleza do mundo em paz pode começar a brotar.
Graci Gavioli – artista