Criança recebe dose adulta da vacina contra Covid-19 em Guabiruba; entenda o caso
Ela foi imunizada no dia 13 de janeiro, antes das doses pediátricas chegarem ao município
Ela foi imunizada no dia 13 de janeiro, antes das doses pediátricas chegarem ao município
Por Bárbara Sales e Otávio Timm
Uma família de Guabiruba entrou em contato com o jornal O Município na manhã desta sexta-feira, 21, afirmando que a sua filha, de 9 anos, recebeu a dosagem adulta da vacina contra a Covid-19, da marca Pfizer.
Segundos os pais da menina, duas servidoras da Saúde estiveram na casa deles e falaram que foi aplicada a vacina errada. Em vez da pediátrica, a menina recebeu a dose adulta que é cerca de três vezes mais forte.
A mãe da menina conta que no dia 13 de janeiro foi até a Policlínica de Guabiruba para tomar a primeira dose da vacina contra Covid-19. Ela estava acompanhada do filho, de 15 anos, que também tomaria a vacina, e da filha, de 9.
A mãe diz que chegou na Policlínica, pediu pela vacina e enquanto falava com a moça da triagem, a vacina foi preparada e aplicada na filha.
Após receber o imunizante, a menina saiu da sala para que o irmão pudesse entrar. Neste momento, a mãe conta que pediram o cartão do SUS e só então perceberam que a criança tinha apenas 9 anos. “A moça colocou no sistema e perguntou se ela só tinha 9 anos, e eu respondi que sim”.
A mãe e o filho de 15 anos receberam a carteirinha com o comprovante da primeira dose. A carteirinha da filha, entretanto, não foi entregue. “Eu perguntei da carteirinha dela e a moça disse que a dela era diferente, que ela só receberia depois da segunda dose. Achei que era normal”.
No dia seguinte à vacina, os problemas começaram. A menina teve uma convulsão e precisou ser levada ao hospital. Os pais afirmam que isso nunca havia acontecido.
“Ela começou a convulsionar e ficamos muito assustados. No começo achamos que ela estava engasgada ou tendo um ataque do coração. Só depois fomos entender que era uma convulsão”, relata o pai.
A menina foi levada para o Hospital de Guabiruba e, em seguida, para o Hospital Azambuja. O pai afirma que foi o médico do Azambuja que levantou a hipótese de a convulsão ser ocasionada pela vacina. “Ele perguntou se ela foi vacinada e respondemos que sim. Até então, nem passou pela cabeça que poderia ser da vacina, porque ela sempre tomou todas e nunca teve nada”.
Dias após a vacina, duas servidoras da Saúde foram até a casa da família. Lá, perguntaram se a menina teve alguma reação ou se foi levada ao hospital. A mãe respondeu que sim. Só então, a família foi informada que a dose aplicada na menina foi errada. “Elas falaram que o médico que nos atendeu acionou o Ministério da Saúde e que foi aplicada a vacina de adulto nela. Pediram desculpas e falaram que erros acontecem”, diz a mãe.
Segundo os pais, as servidoras da saúde afirmaram que a família poderia ir ao hospital caso a menina tivesse novas reações, e que teriam atendimento prioritário. Porém, eles destacam que na prática isso não acontece.
A família afirma que todas as vezes que procurou o hospital, esperou muito tempo para ser atendida. Além da espera, relatam que a crise de convulsão da criança geralmente passa e o hospital afirma que não há nada de errado com ela.
Eles questionam ainda o fato de nenhum documento sobre o erro ter sido entregue, somente a carteira de vacinação da menina, com as informações da primeira dose.
A menina passou por uma consulta com pediatra nesta sexta-feira, 21, e a médica solicitou diversos exames.
A mãe afirma que as vacinas da família sempre estiveram em dia e que todos estão muito assustados com a situação.
“Minha filha nunca teve nada, sempre foi muito saudável, e agora está com um problema sério, com crises de convulsão, tremores. Ela não quer mais dormir, porque tem medo de convulsionar a noite e morrer. Nem perguntaram nada antes de aplicar, foi tudo muito rápido”.
A vacinação para crianças de 5 a 11 anos iniciou em Guabiruba somente na quinta-feira, 20, sete dias depois da aplicação da vacina na menina. Para esta faixa etária, é utilizada uma vacina diferente, a pediátrica, que é apenas um terço da aplicada em maiores de 12 anos, caindo de 30 microgramas para 10 microgramas.
A formulação da vacina para crianças é de duas doses de 0,2 mL. Para jovens e adultos, as doses são de 0,3 mL. A nova vacina tem a tampa de cor laranja, já a aplicação da vacina em crianças é feita com seringas de 1 ml e deve estar 20% preenchida.
Procurada por O Município, a Secretaria de Saúde se manifestou por meio de nota, informando que está apurando o caso. Confira a nota na íntegra.
“A Secretaria de Saúde informa que está apurando os fatos e dando suporte para a família. A criança vem sendo acompanhada pela equipe, já passando por consulta médica para avaliação”.
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