1997. O ano do Titanic. O filme que, na marra, levou o Oscar de melhor filme do ano seguinte. O obrigatório. Aquele que nos fez pegar filas e mais filas e morrer de dor nas costas ao final daquelas horas tensas até o final do naufrágio. Aquele que (pelo menos para mim) fez com que eu desenvolvesse um ranço eterno em relação a Céline Dion. Aquele que também levou a estatueta de melhor direção, trilha e outros merecidos prêmios técnicos. Mas que não ganhou melhor ator ou atriz – dando início à longa rejeição a Leonardo DiCaprio, que só foi quebrada em 2016.
Mas 97 também foi o ano de um filme muito menos oscarizável, mas com quase tanto sucesso de público: MIB, Homens de Preto. O início de uma franquia que nos trouxe toda uma nova mitologia (quer dizer… a se acreditar nos documentários que passam no canal History, uma mitologia bastante baseada em fatos reais…).
Quem não se divertiu com MIB, perdeu a chance de se divertir. Depois, como costuma acontecer, a franquia foi perdendo a graça e deixou de ser tão relevante. Mas o primeiro filme, que só levou uma dupla de premiações técnicas no Oscar, merece um lugar em nossos corações apaixonados por ficção científica.
Titanic à parte, qual terá sido o melhor filme de 1997? Na minha opinião, não existem dúvidas: é Melhor É Impossível, um dos últimos grandes papeis de Jack Nicholson. E um dos melhores de Helen Hunt – tanto que o Oscar foi justo com os dois.
A história do neurastênico Melvin, da garçonete Carol e do cãozinho Verdell passa por temas como homofobia, racismo, egoísmo exacerbado e outros defeitos humanos igualmente indesculpáveis – especialmente nos dias de hoje.
Em seguida, para mim, o segundo melhor filme do ano é Los Angeles, Cidade Proibida – que só levou, entre os prêmios principais do Oscar, o de roteiro adaptado. Velhos tempos em que Kim Bassinger era a principal femme fatale de Hollywood. No elenco, vejam só, está ele, Kevin Spacey, em mas um de seus grandes papeis. E também Guy Pierce, Russel Crowe e Danny DeVito. A reciclagem de filme noir merece ser vista e revista, vinte anos depois. Coloque na lista agora mesmo!!!
Para completar a exposição de cartazes aí abaixo, a comédia romântica mais deliciosa daquele ano: O Casamento do Meu Melhor Amigo, em que Julia Roberts e uma jovem Cameron Diaz brilham absolutas, junto à trilha de clássicos da música norte-americana. Não tem nem graça indicar, já que ainda é o tipo de filme que vemos sempre nas “sessões da tarde” de quaisquer horários.
É o caso de se pensar: até as comédias românticas, que são leves por definição, tinham roteiros melhor construídos algumas décadas atrás. As fórmulas foram ficando mais fracas, buscando, talvez, um público mais jovem – como se esse público não fosse capaz de compreender roteiros bem estruturados. A indústria é boba, feia e chata.
O ano teve, claro, muito mais do que esses destaques. Teve Demi Moore se descontruindo em Até o Limite da Honra. Teve Gênio Indomável, grande entrada de Matt Damon e Ben Affleck em Hollywood. Teve Inimigo Íntimo, com Harrison Ford e Brad Pitt. Pense, já são 20 anos de Donnie Brasco! E 20 anos do Hércules da Disney!
Ah, sim, a gente não pode terminar sem citar o ganhador de melhor filme estrangeiro, A Vida É Bela, grande momento de Roberto Benigni – isso, claro, para quem não é fã de Jim Jarmush e já conhecia a veia cômica do ator desde Daunbailó.
Hahahahahaha. Sorry.