Dom Murilo não está entre os novos cardeais indicados
Cotado para uma das vagas, pelo segundo ano consecutivo o brusquense não foi selecionado por Francisco
Cotado para uma das vagas, pelo segundo ano consecutivo o brusquense não foi selecionado por Francisco
O papa Francisco nomeou no domingo, 4, 20 novos cardeais para o Colégio dos Cardeais, topo da hierarquia da Igreja Católica. Dentre eles, três representantes de países que nunca haviam sido chamados: Mianmar, Tonga e Cabo Verde. Diferentemente do ano passado, em que o paulista Dom Orani João Tempesta foi nomeado, neste ano nenhum brasileiro ficou entre os escolhidos. Nem mesmo o bispo brusquense Dom Murilo Krieger que, pelo segundo ano consecutivo, estava cotado para uma das vagas.
Arcebispo de Salvador e primaz do Brasil desde 2011, Dom Murilo diz que após a primeira nomeação do papa Francisco em 2013 percebeu que as chances de ser escolhido como cardeal seriam mínimas nos próximos anos. O motivo, segundo ele, é novo critério de escolha estabelecido pelo líder da Igreja Católica.
“Era uma tradição muito antiga que determinadas sedes fossem consideradas sedes de cardeais. Mas é uma tradição oral, não escrita. O papa Francisco está privilegiando a representação do mundo. Ele quer que no Colégio haja o maior número de representantes de países e regiões do mundo. Por exemplo, ele contemplou muito a África e Ásia, inclusive de países que nunca tiveram cardeais. Então é uma escolha dele, ele escolheu quem ele quer mais perto de si”, explica.
Itália, França, Portugal, Etiópia, Nova Zelândia, Vietnã, México, Mianmar, Tailândia, Uruguai, Espanha, Panamá, Cabo Verde e Tonga, são os países representados pelos 15 cardeais que poderão eleger o sucessor de Francisco em caso de morte ou resignação. Os outros cinco apenas têm a função de assessorar Francisco nas questões ligadas ao catolicismo. Para Dom Murilo, o homogeneidade dos países é benéfica para a população mundial.
“Quanto mais o papa tiver possibilidade de ser ajudado por pessoas de países diferentes, mais realista é a visão que ele passa a ter da igreja no mundo. Ele acaba conhecendo um pouco de cada realidade. Por isso ele privilegiou países que nunca tiveram cardeais e deixou sedes tradicionais de fora, como Veneza e Bruxelas”.
Mais importante do que ser nomeado cardeal é estar em sintonia e em comunhão com toda a linha do pontificado. É o que afirma o padre Marcial Maçaneiro, especialista em Vaticano. Para ele, o arcebispo de Salvador e primaz do Brasil já está com a carreira consolidada e tem “um bom apreço” aos olhos do papa. Ainda de acordo com o padre, a não seleção como cardeal também tem relação com a idade de Dom Murilo – 71 anos.
“O cardeal tem um caráter mais técnico, de assessoria, de representação e de consultoria. É mais funcional. E o Dom Murilo tem uma trajetória interessante pela carreira de bispo porque ele participa dessas estâncias por comissões e outros encargos mesmo sem ser cardeal.
Ele já está em uma posição privilegiada de liderança por ser o primaz, o que significa um reconhecimento. Além disso, ele também tem uma idade que se aproxima dos 75 anos. Então para o Papa não é interessante nomear cardeal se daqui a alguns anos ele se aposenta”, explica.
Os novos 20 cardeais serão empossados em cerimônia realizada no dia 14 de fevereiro.
Confira a entrevista completa de Dom Murilo Krieger ao jornal Município na edição de hoje, 7.