O Transtorno de Espectro Autista (TEA) é um diagnóstico que está em alta em muitos países do mundo, inclusive no Brasil. Como sabemos, é um transtorno cujos sintomas aparecem precocemente na infância e suas principais características são a dificuldade de comunicação, de sociabilização a presença de interesses restritos e comportamentos repetitivos.

Os casos mais severos têm grandes dificuldades no desenvolvimento da fala e, às vezes, são acompanhados de sérias dificuldades cognitivas, incluindo retardo mental.

Não dispomos de estatísticas confiáveis no Brasil, mas tudo indica que o aumento dos casos tem paralelo com o que acontece em países como os Estados Unidos.

Em 2000, nos Estados Unidos, existia um caso de TEA para cada 150 crianças examinadas. Em 2020, o número de casos aumentou para um caso para cada 36 crianças, um aumento impressionante em apenas duas décadas. Em nosso meio, ocorre um fenômeno semelhante, e médicos, professores, psicólogos, fonoaudiólogos e outros profissionais da saúde percebem que há um aumento progressivo de casos a cada ano.

Quais são as causas desse aumento e quais são as causas do TEA são duas perguntas que tentaremos esclarecer nestas linhas.

O aumento significativo, ao que tudo indica, parece ser provocado pelo aumento no número absoluto de casos associado às melhores condições para o diagnóstico nos últimos anos. Há uma maior quantidade de profissionais capacitados para o diagnóstico, mais acesso da população aos serviços de diagnóstico, e o público em geral, os pediatras e os professores estão mais informados sobre o assunto e são os primeiros a levantar as primeiras suspeitas.

Conhecer os vários fatores que podem levar ao aparecimento do TEA pode servir de indicador para chegar à conclusão de que há também um aumento significativo do número de casos a cada ano, independentemente das facilidades atuais para o diagnóstico.

Podemos dividir os fatores que levam ao aparecimento do TEA em dois: os fatores genéticos e os fatores ambientais. Os fatores genéticos não estão relacionados a alguma alteração cromossômica específica, como acontece na Síndrome de Down, para citar um exemplo. Considera-se que a somatória de pequenas alterações em vários genes (herança poligênica) é a principal causa para o aparecimento do TEA.

Atualmente, quase mil alterações desse tipo associadas ao autismo foram identificadas. Além disso, considera-se que esse risco genético pode ser alterado ou potencializado pela presença de fatores externos que podem estar presentes antes, durante ou depois do parto. Foram identificados algumas dezenas de fatores de risco, e comentaremos alguns deles.

A idade dos pais é um desses fatores. Pais com idade superior a 35 anos têm maior probabilidade de ter filhos com TEA, lembrando que a idade do pai parece ter um peso maior do que a idade da mãe. Isso se aplica também a outras doenças genéticas. Parentes de portadores do Transtorno do Espectro Autista têm um risco aumentado para o mesmo.

A prematuridade do recém-nascido é outro fator de risco. Lembremos aqui que a própria prematuridade é mais frequente em pais com idades maiores a 35-40 anos.

O uso de substâncias teratogênicas (que provocam má-formações fetais) durante a gravidez é um fator de risco bem documentado. Entre essas substâncias, podemos citar o Valproato de Sódio (anticonvulsivante), misoprostol e a talidomida.

O uso de cigarro e álcool durante a gravidez também é um fator de risco.

O diabetes materno, principalmente se não controlado, também é um fator de risco.
O aumento da atividade de hormônios esteroides durante a gravidez parece aumentar o risco de TEA. Porém, até hoje, não há medidas práticas para identificar e tratar esta alteração.

Infecções maternas ou ativação do sistema imune da gestante também podem ser fatores de risco potenciais, segundo investigações recentes.

É bom lembrar que não há nenhuma evidência científica de que as vacinas ou algum dos seus componentes estejam relacionados ao autismo. O diagnóstico precoce é importante, porque as crianças que são encaminhadas para terapia comportamental e fazem acompanhamento com especialistas se adaptam mais rapidamente ao convívio escolar e social.

Muitos portadores do TEA, na sua forma mais leve, descobrem o mesmo somente na fase adulta. Nesses pacientes, a terapia cognitivo-comportamental também tem se mostrado útil para melhorar a comunicação e as habilidades sociais do portador de TEA.

Alguns sinais que podem levantar a suspeita de Transtorno do Espectro Autista são:
– Não fazer contato visual com a mãe durante a amamentação;
– Não olhar ao ser chamado pelo nome;
– Não interagir ao mostrar objetos;
– Quando começa a andar, é na ponta dos pés;
– Ao brincar, prefere empilhar ou enfileirar os brinquedos;
– Atraso no desenvolvimento da linguagem;
– Atraso no desenvolvimento motor;
– Ficar irritado com mudanças de rotina;
– Fazer gestos repetitivos com cabeça, tronco ou mãos.

Se a criança apresentar algum desses sintomas, é necessário que seja comunicado ao pediatra para uma triagem inicial.