Quando nos mudamos para Bruxelas, uma das nossas primeiras perguntas foi: será que vale a pena comprar um carro? Embora a capital belga seja muito bem servida de transportes públicos, um carro pode ser conveniente em uma série de situações.

Foi fazendo essa pergunta em voz alta que um amigo nos apresentou um conceito que eu até então não conhecia: o car sharing. Em Bruxelas existem várias empresas que disponibilizam uma frota enorme de veículos distribuídos pela cidade inteira. Com apenas um clique no aplicativo, você reserva um carro e paga por minuto, apenas o tempo que usar (gasolina, seguro, tudo já incluído no valor do minuto). Quando você termina a sua corrida, o carro fica disponível para um novo usuário. Simples assim.

A matemática resolveu o nosso dilema e decidimos não comprar o carro.

A economia do compartilhamento é uma tendência vem ganhando força nos últimos anos. Mesmo que o conceito não lhe soe familiar, você certamente conhece alguns dos seus principais representantes e é provável que até mesmo já tenha utilizado os serviços de empresas como Uber, Airbnb, entre outros.

E as soluções estão ficando cada vez mais criativas. Você pode compartilhar refeições, vender roupas que você não usa mais, alugar a bolsa certa para uma ocasião especial, pegar uma carona para ir até outra cidade, ter acesso à milhares de músicas sem ter um único CD, pegar uma furadeira emprestada de um vizinho que você não conhece, pode usar carro, bicicletas e patinetes elétricos pagando por minuto, etc. A lista é imensa e cresce a uma velocidade impressionante.

A ideia da economia de compartilhamento é substituir a posse pelo uso, afinal, como bem destacou Rachel Bostman você precisa da furadeira ou do furo?

E por que esse a economia de compartilhamento tem ganhado tanta força?

Primeiramente porque o modelo econômico baseado no consumo e na acumulação de bens está dando sinais de esgotamento, prova disso são os crescentes problemas ambientais e as intensas crise econômicas que temos presenciado nos últimos anos.

O avanço da tecnologia também tem um papel muito importante para o sucesso da economia do compartilhamento, uma vez que facilita e potencializa a possibilidade de conexão entre os indivíduos. A tecnologia permite colocar oferta e a demanda dos indivíduos em uma escala antes inimaginável.

Mas o avanço da economia de compartilhamento não seria possível sem uma profunda mudança de valores. As novas gerações estão questionando a cultura do acúmulo de bens como promoção de status, estão percebendo os impactos e os riscos do consumo excessivo para o meio ambiente, sem contar que estão mais abertas para abraçar a ideia do compartilhamento como uma oportunidade inteligente de suprir suas demandas, poupar seus recursos financeiros e, por que não, lucrar!

Estima-se que a economia do compartilhamento vá movimentar U$ 335 bilhões por ano até 2025 e apesar dos desafios, parece ser uma tendência que veio para ficar.

E você? Acredita na possibilidade de uma economia mais colaborativa no Brasil?  Já é usuário dessas plataformas? Você acredita que esse novo modelo econômico vai transformar profundamente o mundo como conhecemos hoje?


Mariana Imhof
– economista, viajante, escritora