Editorial: Estádio renovado, problemas renovados
Passaram-se quase um ano (e quase uma temporada completa), com 24 jogos rodando por Balneário Camboriú, Itajaí, Joinville e Florianópolis até que o Brusque voltasse ao estádio Augusto Bauer. Um retorno tardio, repleto de atrasos e estimativas de prazos que, depois, se provaram absurdas. Mas o quadricolor finalmente voltou a jogar em sua própria cidade nesta segunda-feira, 14, vencendo o Ituano por 1 a 0.
Em campo, a missão foi cumprida. O Brusque perdeu muitos gols, é verdade, mas conseguiu a vitória pelo placar mínimo com o gol uruguaio: escanteio cobrado por González, gol marcado por Pollero. Naturalmente, o time teve um certo frio na barriga, tendo um contato tão próximo e tão caloroso com o torcedor depois de tanto tempo.
Mas o bom resultado, as boas atuações e a relação entre time e torcida, infelizmente, foram ofuscados pelo que o estádio mostrou fora de seu campo sintético. Poucos banheiros, pouca sinalização, saída congestionada ao final do jogo, queda de energia enquanto torcedores ainda saíam, entre outros problemas, de menor ou maior grau.
E não só as pessoas no estádio percebiam problemas, mas também cada pessoa em todo canto do país, até do mundo, que fosse assistir à partida pelo SporTV ou pelo Premiere. A imagem tremida e estonteante registrada pelas câmeras, posicionadas sobre torres metálicas que estavam em contato com a arquibancada descoberta, que também é metálica. As leis da física, incontornáveis, mostraram o óbvio. A movimentação de milhares de pessoas na arquibancada faria a torre tremer. E como tremeu.
O jogo do retorno ao Augusto Bauer foi marcado pelas críticas da equipe de transmissão do SporTV e pelas piadas óbvias nas redes sociais por uma situação que foi, no mínimo, tragicômica e, para além disso, vexatória e varzeana, no pior sentido da palavra. Era uma situação evitável e previsível.
Volta e meia o estádio era alvo de críticas nas competições em que recebia jogos do Brusque. Eram problemas no gramado, eram questões estruturais, questões estéticas em transmissões com o muro na lateral e toda a sorte de reclamações. Vinham, principalmente, de times e torcedores visitantes, além da imprensa de outras cidades e regiões.
E a reforma deveria, justamente, ter colocado um ponto final nestas insatisfações. Deveria ter sido uma resposta veemente e imediata de como se pode e se consegue um estádio bem estruturado e bonito para o Carlos Renaux, para o Brusque, para a cidade. Não foi.
Esteticamente, o local está muito melhor, muito mais bonito. A questão do gramado sintético tem sido bastante elogiada, uma arquibancada recebeu cobertura, o setor descoberto parece pronto a cair no gosto do torcedor. Mas e o resto? Só as “casinhas” para os cinegrafistas já são falsas soluções e um prato cheio para quem quiser ver Brusque e o futebol brusquense como ambientes poucos profissionais, de improviso barato. A imagem que é passada é quase o oposto do que se pretendia com a reforma do estádio.
Independentemente das responsabilidades de todas as partes envolvidas, o certo é que era possível ter feito melhor. Era possível ter uma “estreia” menos conturbada, menos polêmica, com melhor planejamento e, talvez, melhor comunicação entre os clubes, com consultas diversas a quem poderia contribuir com ideias.
Brusque e Carlos Renaux trabalham em correções para esta sexta-feira, 18, quando o quadricolor enfrenta o CRB no Augusto Bauer. Para as torres das câmeras, foi tentado um improviso no tempo disponível, reforçando a base, com mais pilares e com a tentativa de evitar contato entre as torres e a arquibancada. Resta torcer para que tudo dê certo, tanto dentro quanto fora do campo.