Editorial – Herbert Pastor: um gesto de amor a Brusque
Nesta semana, o jornal O Município noticiou que o empresário Herbert Pastor, proprietário da Villa Quisisana, imponente casarão histórico localizado no Centro de Brusque, vem estudando a possibilidade de doar a estrutura para a Prefeitura de Brusque, sob a condição de que seja implantado no local o Museu de Artes de Brusque (MAB).
Na próxima segunda-feira, 9, Herbert deve assinar uma intenção de doação. Então, a Prefeitura de Brusque terá um ano para apresentar um projeto de organização e implantação do museu. Se o projeto for aprovado, ele oficializará a doação.
Ele comentou ainda que a decisão de doar a Villa Quisisana, avaliada em R$ 12 milhões, não foi fácil. Herbert detalha que a reflexão vem acontecendo há pelo menos dois anos.
Essa é uma iniciativa rara e provavelmente inédita, que vai na contramão do que vem acontecendo em Brusque nas últimas décadas, em que há uma verdadeira destruição dos casarões e do patrimônio arquitetônico da cidade.
Brusque, em fotos antigas, tinha um centro lindo, com arquitetura harmônica e, aos poucos, a maioria das casas foi posta ao chão. Na rua João Bauer, por exemplo, havia uma série de casarões imponentes, que serviram de referência para outras construções em Santa Catarina.
Mas com o tempo, a mentalidade mudou, e a especulação imobiliária suplantou os valores históricos e culturais e a cidade foi passando por uma transformação. Nessa transformação, as casas se tornaram prédios e salas comerciais e até terrenos baldios, cada uma com seu estilo, sem harmonia e sem identidade arquitetônica.
A iniciativa de Herbert Pastor é um contraponto a tudo isso. É louvável que o herdeiro de uma família tradicional e abastada de Brusque decida abrir mão de um patrimônio tão importante, na área central da cidade, para preservá-lo e fazer dele um instrumento de cultura, para que as pessoas possam conhecer e ter um resquício daquilo que Brusque foi um dia.
É claro que desejamos que a cidade cresça e tenha progresso, mas esse progresso tem que vir de mãos dadas com a história e com a cultura, se desenvolvendo em conjunto, e não destruindo um para que o outro prevaleça.
Dessa forma, o jornal O Município apoia essa iniciativa, e torce para que ela inspire outros empresários a pensar em uma Brusque mais bonita, que preserve sua história e cultura, e que não pense no futuro ancorado apenas em questões financeiras.