Editorial: Uma ponte de parar o trânsito
Desde o dia 26 de dezembro, a ponte Antônio Nicolau Maluche, conhecida como ponte do Maluche, foi interditada devido a obras de recuperação em sua estrutura. Os trabalhos serão de remoção e construção de uma nova cabeceira, nas proximidades da Igreja Calvário, além da troca dos gabiões.
A previsão é de que os trabalhos levem aproximadamente 75 dias. Essa manutenção foi programada a partir de um laudo que identificou a necessidade de reparos para garantir a segurança e a funcionalidade da estrutura.
A manutenção das pontes é extremamente importante e deve ser feita sempre que necessário, para trazer mais segurança ao trânsito.
No entanto, cada vez que se mexe em uma ponte em Brusque, quando há manutenção ou mesmo rupturas e quedas, é exposta a fragilidade do nosso sistema de trânsito e logística urbana, e revela-se a dependência dessas estruturas, fundamentais no contexto do trânsito do município.
Há exemplos diversos, como a queda da ponte da Bilu, em 2021, cuja cabeceira despencou com alguns veículos em cima. No mesmo ano, houve também a queda da ponte do bairro Guarani, que rachou no meio após fortes chuvas. Anos antes, em 2017, a ponte Arthur Schlösser, próxima ao terminal urbano, foi interditada por seis meses porque um pilar se rompeu.
Neste contexto, é necessário que se invista em mais pontes, como a que está sendo construída no bairro Rio Branco. Temos uma cidade cortada ao meio por um rio, e é impensável melhorar a mobilidade urbana sem a construção dessas estruturas para travessia de veículos.
Porém, há também situações em que as pontes são subaproveitadas. A nova ponte Arquiteta Andréa Volkmann, no Centro, registra um fluxo pequeno de veículos. Esse subaproveitamento pode ser explicado tanto pela lógica de tráfego que foi imposta a ela, assim como pela falta de estrutura, como alças de acesso à avenida Beira Rio, por exemplo. Atualmente, ainda seria possível fazer as alças, mas no futuro isso pode se tornar impossível, devido ao aproveitamento dos terrenos vizinhos.
Portanto, esse é um momento oportuno para que seja revisto o conjunto do trânsito de Brusque. Como estamos vendo neste início de ano, cada vez que uma ponte é interditada dá origem a um caos em mobilidade urbana. E a situação tende a piorar quando as aulas começarem e o fluxo de veículos se multiplicar, há grandes chances do trânsito de Brusque colapsar, principalmente nos horários de pico.
Ressalta-se novamente que as obras são necessárias, e a manutenção adequada das pontes deve continuar sendo feita, mas é preciso avançar na infraestrutura logística da cidade para que, quando uma ponte for interditada, sejam realizadas ações para mitigar os impactos, que permitam ao trânsito de Brusque fluir melhor.