Em Brusque, Raimundo Colombo afirma ser contra o impeachment

Em palestra, governador defende mudança no sistema político e critica falta de cortes no governo federal

Em Brusque, Raimundo Colombo afirma ser contra o impeachment

Em palestra, governador defende mudança no sistema político e critica falta de cortes no governo federal

O governador Raimundo Colombo veio a Brusque nesta segunda-feira, 17, para encerrar o Ciclo de Palestras de Santa Catarina. Ele falou para uma plateia formada, principalmente, por políticos locais no teatro do Centro Cultural de Azambuja. Embora o tema anunciado previamente pela organização fosse a crise econômica, boa parte da apresentação tratou das manifestações de domingo, 16.

Logo na abertura da palestra, Colombo falou sobre os protestos contra Dilma Rousseff e o PT. “Sou suspeito em falar, nunca fui do PT, mas é mais do que isso [impeachment], muito mais”, afirmou a uma plateia multipartidária. Em vários momentos de sua fala, o governador aproveitou para defender algumas ações da presidente e se posicionar contrário à renúncia ou à deposição dela.

A fala de Colombo não chega a ser uma surpresa. Ele já sofre críticas de integrantes do primeiro escalão do governo estadual e também de políticos do seu partido, o PSD, por ter defendido em algumas ocasiões a presidente da República. A pressão se deve ao fato de que Dilma tem um dos piores índices de aprovação entre os presidentes eleitos no Brasil.

O temor no partido é de que, se o governador colar a sua imagem à da presidente, ele desgaste sua imagem. Nos manifestos de domingo, 16, o principal alvo foi o PT e Dilma, e em segundo plano a corrupção no país. Este foi o caso, inclusive, de Brusque.

Apesar disto tudo, da pressão interna e das ruas, Colombo fez comentários no sentido de que é contrário à saída de Dilma e criticou o Congresso Nacional – que não aprovou a reforma política. “Não adianta dar um golpe, isso é mais do mesmo”, disse o governador. Na avaliação dele, a democracia brasileira está amadurecendo e deve enfrentar o momento de turbulência política sem apelar para um ruptura como o impeachment.

O governador disse para a plateia que é preciso mudar o sistema político e fazer uma reforma política de fato. “Não é possível governar com mais de 30 partidos”, destacou. Para Colombo, acabar com as coligações nas eleições seria o primeiro passo para melhorar a política, contudo, a medida não vingou na Câmara dos Deputados.

Ele foi ainda mais longe e defendeu a mudança do sistema de votação do atual – o misto, no qual contam os votos pessoais e os da legenda para se eleger – para o distrital. Neste, o país seria dividido em regiões ou microrregiões e cada candidato concorreria por esta localidade, não podendo receber votos de outras cidades. Por exemplo, um deputado estadual de Brusque poderia ser votado somente pela população dos municípios próximos (região a ser delimitada), e não por um cidadão do Sul de Santa Catarina, como hoje é possível. “Tem que mudar o sistema e não apenas pessoas ou siglas partidárias”, afirmou. “Se não evoluirmos politicamente, não vamos evoluir como nação”, completou.

Apesar de ter adotado um tom mais conciliador, o governador também criticou o governo federal. Para ele, a economia tem dado sinais confusos para o mercado financeiro. Por um lado, chama Joaquim Levy – ministro da Fazenda – e promete ajustes fiscais, por outro, não toma medidas de cortes de gastos. “O governo não faz o dever de casa, não reduz o seu custo”, disse, fazendo referência ao número de ministérios: 39.
Mais investimentos no segundo semestre

Tema, a princípio, central da palestra que fechou o Ciclo de Palestras de Santa Catarina, a crise econômica também foi abordada. O governador afirmou que a situação atual é “um desafio a ser enfrentado” e que no segundo semestre irá investir mais em infraestrutura e serviços públicos como uma “medida anticíclica”. O que ele quis dizer é que pretende reaquecer a economia com esta injeção de dinheiro.

Colombo destacou que alguns setores da economia estadual apresentaram melhora, e disse que a estratégia para enfrentar o momento difícil do Brasil será investir mais na produtividade do estado, trazendo mais empresas e possibilitando que elas cresçam.

Além da fala de Colombo, a equipe do governo do estado apresentou à plateia o Painel SC, site no qual a população pode acompanhar o andamento de todas as obras do Pacto por Santa Catarina e do Fundo Estadual de Apoio aos Municípios (Fundam). O sistema é alimentado com fotos, valores e outras informações dos serviços prestados. A ferramenta foi criada a pedido do chefe do Executivo e pelo próprio governo – sem contratação de terceiros.
As medidas de incentivo à produtividade e à melhoria da gestão interna se refletem na situação do estado, segundo o governador. Mesmo com problemas financeiros – várias obras foram adiadas por falta de dinheiro -, os compromissos atuais estão em dia, disse Colombo.
Investimentos em Brusque

Raimundo Colombo falou brevemente sobre os investimentos em Brusque. O governador destacou a implantação do Centro de Tecnologia e Inovação, que será construído em terreno doado pela Associação de Micro e Pequenas Empresas de Brusque (Ampebr). Segundo ele, um modelo trazido de Barcelona, na Espanha, para incentivar a veia empreendedora dos catarinenses.
Já com relação à duplicação da rodovia Antônio Heil (SC-486), o governador informou que a empresa que executa a obra – o Consórcio Compasa/Triunfo – trará máquinas que não estão mais sendo utilizadas no Paraná. “Em breve, vocês vão ver o ritmo [da obra] acelerar bastante”.

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