Em dificuldades financeiras, Brusque deve apostar em contratações mais jovens para temporada 2025
Equipe ainda não quitou os salários de novembro e procura investidores para se transformar em SAF
Equipe ainda não quitou os salários de novembro e procura investidores para se transformar em SAF
O Brusque anunciou na última segunda-feira, 6, a contratação do técnico português Filipe Gouveia, enquanto se prepara para uma temporada que pode ser de muitas mudanças fora dos gramados.
O clube, rebaixado à Série C do Brasileirão no ano passado, ainda está em processo de formação do elenco a uma semana da estreia do Campeonato Catarinense – torneio que o Brusque jogou quatro das últimas cinco finais, vencendo um título – que acontece na próxima quarta-feira, 14, no clássico diante do Marcílio Dias, em Itajaí.
Do elenco profissional do ano passado, apenas 13 jogadores continuaram. Até agora, o clube anunciou apenas uma contratação, do experiente meia Robinho, ex-Santos, Palmeiras, Grêmio e Cruzeiro, que também teve três passagens pelo Avaí. Pelo menos mais oito jogadores devem chegar nos próximos dias, a maioria jovens.
Fora de campo, o clube vive um momento de dificuldade financeira. O Quadricolor negocia a transformação da equipe em um Sociedade Anônima do Futebol (SAF) para sanar os problemas e ter um futuro mais garantido. A atual diretoria, que encerra o seu mandato ao fim do ano, não pretende continuar comandando o futebol do Brusque a partir de 2026.
Diretor de Futebol do Brusque, André Rezini acredita que o início do trabalho do técnico português nesta quinta-feira, 9, a poucos dias da primeira partida no ano, não terá grandes efeitos a médio prazo.
A equipe se reapresentou no fim de 2024 para início dos trabalhos físicos e vem sendo comandada em treinos em campo por Felipe Romário, técnico do sub-20. Para 2025, o elenco deve ser rejuvenescido.
“Queremos dar mais espaço para os jogadores da base neste ano. Quem escolhe é o treinador, mas, pelas finanças do clube, é o momento de usar os jovens. Estamos mais cautelosos. Sabemos que o torcedor tem essa ansiedade por contratações, mas esses jovens têm potencial e competência. Ao longo desta semana também vamos apresentar novos atletas, a maioria entre 21 e 22 anos. Até o momento, temos um time competitivo, mas precisamos reforçar para a temporada, que é longa”.
Rezini conta que foram mais de 60 técnicos indicados para o Brusque, que apostou no nome de Felipe devido a suas características de trabalho.
“Analisamos o perfil dele e, com ele querendo vir para o Brasil, chegamos a um acordo. Ele já está por dentro do clube desde que iniciamos as conversas. É um treinador que trabalha muito taticamente, com equipes muito fortes fisicamente, de transições rápidas. A decisão final é do clube, mas o treinador também vai participar das escolhas dos novos contratados. Temos um bom time, mantivemos uma boa base da Série B para competir e precisamos acertar as novas contratações, juntamente com o treinador, para fazer um bom trabalho”
Goleiros
Matheus Nogueira
Artur (base)
Lateral-direito
Mateus Pivô
Zagueiros
Dionatan (base)
Éverton Alemão
Ianson
Jhan Torres
Maurício (lesionado)
Lateral-esquerdo
Alex Ruan
Volantes
Henrique Zen (base)
Rodolfo Potiguar
Paulinho
Meias
Coxa (base)
Robinho
Atacantes
Diego Mathias
Luizinho (lesionado)
Neto (base)
Paulinho Moccelin
Osman
Robinho (base)
Rodrigo Pollero
Financeiramente, o clube sofre para manter suas contas em dia. A equipe quitou recentemente os salários de outubro. Portanto, os de novembro seguem atrasados – a de dezembro vence no próximo dia 15.
Segundo Rezini, as receitas do clube não estão conseguindo acompanhar o encarecimento das despesas com o futebol necessárias para manter uma equipe estruturada e competitiva.
“O futebol ficou muito caro. Ficamos sem fluxo de caixa nos meses de outubro, novembro e dezembro para honrar nossos compromissos. É uma situação muito difícil, temos outras contas para pagar além de salários, na questão tributária, fiscal, trabalhista, empréstimos, pendências com técnicos que saíram. Vivemos um momento bem instável financeiramente. Fizemos contratações mais caras para a Série B e temos esse problema. Por isso, o entendimento da diretoria é de que o Brusque tenha um grupo de investidores ou se transforme em SAF”.
A receita atual do clube é de cerca de R$ 300 mil por mês. “Não conseguimos mais fazer a entrega desportiva com esse orçamento. Ficou inviável. Entregamos grandes resultados, o Brusque venceu títulos, mudou de patamar e virou um clube relevante, entre os 35 melhores do ranking da CBF. Chegamos no nosso máximo. Precisamos de investidores sérios para que o clube consiga mais”.
Rezini ressalta que a transformação do clube em SAF não é garantia de abundância de dinheiro, mas que é a forma que dezenas de equipes de futebol pelo Brasil estão buscando para se manter.
“Iniciamos conversas com grupo e investidores. A SAF não é um pote de ouro, mas é necessário organizar, investir na estrutura. Se encontrarmos um investidor sério, pensando no futuro, com um orçamento anual correspondente ao futebol moderno, com certeza faremos [a transição para SAF]”.
O diretor de Futebol do Brusque afirma que deve deixar o clube neste ano caso um novo investidor assuma o futebol da equipe. Caso contrário, deve ficar até o fim de 2025, quando encerra o mandato do seu pai e presidente do clube, Danilo Rezini, que também não tem intenção de continuar no cargo para 2026.
“Depois de 15 anos, estou no meu limite. Foram muitas coisas boas, conquistas, mas eu, particularmente, devo sair do Brusque em 2025. O nosso ciclo foi vitorioso, saindo no anonimato em nível Brasil para uma posição relevante, com títulos e acessos, enquanto clubes que estavam no mesmo patamar que a gente não estão tão fortes. Entregamos muito, apesar de problemas e defeitos que todos têm. Rejeitei propostas que tive ao longo desses anos e não queria deixar o clube na mão, mas já me posicionei inclusive para investidores que conversamos de que não quero continuar. Tem várias coisas boas, mas é muito estressante e por muito tempo. São muitos anos e entendo que é o momento de abrir oportunidade para outras pessoas. Quero continuar no futebol, mas em outras funções”.
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