É inevitável: nos transformamos por meio dos encontros da vida. Ninguém transforma ninguém, ninguém se transforma sozinho, diria Dulce Magalhães, Ph.D. em Filosofia. Nosso poeta Vinícius de Moraes, sabiamente anunciava: “A vida é a arte dos encontros, embora haja tantos desencontros pela vida”.

Uma vida com encontros vai se tornando mais divertida, intensa, quem sabe desafiadora, ou até mesmo mais leve, quando sabemos dividir com o outro o que nos faz pesar. São nos encontros que podemos enxergar a ressonância da nossa alma, afinal, enxergamos no outro aquilo que temos em nós. Forte? Talvez. Este pode ser um bom motivo para evitar maledicências ou praticar elogios!

Por mais que encontros nos façam bem, o ano parece ter sido tão veloz e com tanta intensidade, que alguns encontros gostosos, daqueles que salvam uma semana de problemas, podem ter sidos demarcados. E a promessa de um encontro, foi ficando para o esquecimento. Mas, um grande aprendizado para o ano foi: se não deu certo, deixa ir. E nesse deixar ir, alguns encontros se tornaram inúmeros desencontros. Assim, aprendemos que o fluxo da vida continua. Abrimos mãos e espaço para novos eventos.

O espaço aberto permitiu reencontros. Vi muitos acontecendo. Reencontros entre pessoas e grupos que há muito tempo não se viam, coisas do tipo: encontro com a turma do colégio, a turma de infância, com amigos da balada, e por aí vai. É impressionante o quanto esse tipo de reencontro nos conecta com nossa criança interna e nos deixa mais leves. Parece que conhecemos tão de perto aquelas pessoinhas que convivemos durante tantos anos diariamente, que a lacuna do tempo se estreita, e tomamos liberdade de fazer as brincadeiras, de rir alto, lembrando-se das peripécias e aventuras vividas. Um resgate aos sonhos, uma espécie de nostalgia saudável. Foi muito bom.

O mais triste, porém, foram as despedidas. Despedidas de cidades, empregos, ídolos, amores… Pessoas especiais que dedicaram seu tempo na Terra a fazerem outras pessoas mais felizes, ou mais amáveis, ou mais seguras de si, ou mais mais… Uma construção de histórias e seres que não terão mais encontros físicos. Quantas perdas, e quanta saudade será vivida.  O que fazer? Sem respostas prontas. Sem fórmulas ou receitas mágicas. Viver um dia de cada vez, aproveitando o tempo que temos para nos tornarmos a melhor versão de nós mesmos, pode ser uma dica.

Quem sabe, este tenha sido um recado valioso para todos nós, neste ano tão cheio e intenso: nosso tempo de vida é valioso. Façamos que cada minuto seja aproveitado fazendo coisas boas, coisas que gostamos, e principalmente, vivendo encontros com pessoas que nos façam bem, numa troca e sintonia em busca da evolução. Que a vida, seja a arte do encontro.

 

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Clicia Helena Zimmermann – professora, consultora e especialista em mapeamento de ciclos

A ilustração é uma obra de 1872, do artista alemão Hans Thoma