O ex-secretário de Desenvolvimento Regional Jones Bosio é acusado pelo Ministério Público de favorecer a empresa Múltiplos em licitações enquanto esteve na pasta, o que ele nega veementemente.

Em sua defesa, Bosio afirma que a empresa já contratava com o governo do estado antes dele ser secretário, e continuou a contratar após ele deixar a SDR, em 2015.

Negou que tivesse recebido qualquer favorecimento financeiro do dono da Múltiplos, e informou ao MP-SC que nada seria encontrado em sua conta bancária, em caso de devassa.

Sobre as informações prestadas pelos funcionários da Comissão de Licitações da regional, Bosio reconheceu que, às vezes, as licitações na modalidade convite não eram publicadas no portal de compras do estado, na internet.

Vídeo: Bosio explica ausência de publicação de licitações na internet

Ele afirma, contudo, que foi orientado por funcionários de que isso não é ilegal, após questionar se haveria algum problema judicial relativo à omissão do certame na página de compras.

Segundo Bosio, em depoimento, a não publicação tinha o objetivo de acelerar o processo de escolha da empresa, já que muitas vezes se tratavam de obras urgentes. “Outros secretários não colocavam [as licitações na internet]”, disse.

O ex-secretário classificou como mentira a afirmação de funcionários da ADR de que era ele, pessoalmente, quem se encarregava do contato com as empresas para as licitações na modalidade convite.

Bosio disse que era a comissão que tinha essa responsabilidade. “Até acho maldoso quem falou isso. As empresas nos procuraram e eu mandava que se dirigissem à licitação”, afirma.

Sua versão é de que o encaminhamento dos convites era sempre feito pelo presidente da Comissão de Licitações, cargo que foi ocupado por duas pessoas durante sua gestão: Evandro Flora e Carlos Queluz.

Bosio atribui declarações desabonadoras à sua conduta a questões político-partidárias. Cita, nominalmente, a funcionária Doloana de Mello, e o ex-gerente da SDR, Evandro Flora.

Vídeo: Ex-secretário diz que servidores têm motivações partidárias

“A Doloana tem que ter uma cautela. Quando saí da Câmara de Vereadores em 2008 e fui para a SDR, ela postava na redes sociais coisas sobre minha pessoa, porque na época eu era muito ligado ao Ciro Roza [ex-prefeito]”, afirma Bosio.

“Tive problemas pessoais com essa pessoa. E ela é uma mulher muito ligada ao Partido dos Trabalhadores. Ela tem uma coisa não só pessoal, mas partidária comigo”, continua.

O ex-secretário classificou Flora como “um cara que se opõe a minha pessoa, porque é um cara ligado ao Prudêncio [Roberto Prudêncio Neto, do PSD, ex-vereador e ex-prefeito interino].  

“Estou numa agremiação política [DEM], e às vezes não sabe se o cara está falando com a razão, ou levando a raiva junto”, avalia.