EXCLUSIVO – Brusque possui três homicídios não solucionados desde 2015; relembre detalhes de cada caso

Informações inéditas foram reveladas pelo atual delegado da DIC ao jornal O Município

EXCLUSIVO – Brusque possui três homicídios não solucionados desde 2015; relembre detalhes de cada caso

Informações inéditas foram reveladas pelo atual delegado da DIC ao jornal O Município

Desde 2015, o município de Brusque registrou 23 homicídios. Destes, apenas três nunca foram solucionados. Dois ocorreram em 2015 e um em 2017. As três vítimas, todas do sexo masculino, foram mortas a tiros.

Uma delas faleceu após dias de internação no hospital, enquanto as outras duas não tiveram chance de sobrevivência: uma morreu a caminho do hospital e a outra na frente de sua própria residência.

Os três crimes ainda estão vivos na memória dos moradores que, assim como as famílias das vítimas, nunca obtiveram respostas sobre as possíveis motivações. Das três vítimas, uma era brusquense e, em um dos casos, sequer foi possível identificar a presença de suspeitos.

O caso de 2017 foi o último homicídio não solucionado no município. Desde 2018, a Polícia Civil de Brusque mantém um índice de 100% de resolução em casos de mortes violentas.

Com o objetivo de não apenas relembrar os crimes, mas também buscar novas informações e encorajar denúncias, o jornal O Município divulga, com exclusividade, detalhes das investigações policiais e periciais de cada caso.

As informações inéditas foram disponibilizadas pelo delegado da Delegacia de Investigação Criminal (DIC) de Brusque, Fernando Farias.

Caso Manteiga

Na madrugada de 23 de março de 2015, uma segunda-feira, Juscelino Ribeiro Pinto, de 24 anos, foi assassinado em sua residência, na rua Flávio Luz, bairro Steffen, em Brusque.

Seu corpo foi encontrado em via pública pela Polícia Militar por volta das 3h20, após moradores acionarem as autoridades. Ele apresentava ferimentos no abdômen, costas e peito, todos causados por disparos de arma de fogo.

Natural de Itabuna (BA) e solteiro, Juscelino tinha ensino médio incompleto e trabalhava como servente de pedreiro. Até hoje, a autoria do crime permanece desconhecida.

Após o óbito, o corpo foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML), e a Polícia Civil iniciou as investigações na manhã seguinte, classificando o caso como homicídio doloso. Ao identificar a vítima, os policiais entraram na residência, que estava com a porta aberta. Buscas foram feitas, mas ninguém foi localizado.

Durante varredura na casa, os agentes encontraram uma pochete com R$ 659,50, uma corrente de bijuteria, um celular Samsung e uma carteira com cartões bancários e uma carteira estudantil do Ceja — possivelmente da vítima, já que ela não portava documentos pessoais.

Também foi localizada uma sacola com cerca de 1 kg de maconha, dividida em um tijolo e três pacotes menores, prontos para venda.

Moradores relataram que Juscelino era conhecido como “Manteiga”. O interior da casa estava bastante sujo e desorganizado. Após a primeira varredura, o Instituto Geral de Perícias (atual Polícia Científica) e o IML foram acionados para os procedimentos periciais.

Polícia Civil/Reprodução

Inquérito policial

De acordo com o inquérito policial, Juscelino foi alvejado na entrada de casa e morreu em via pública. O laudo cadavérico apontou dois disparos: um no tórax e outro no abdômen.

O documento também destacou que, pouco antes do crime, ele já era investigado por tráfico de drogas e associação para o tráfico, junto com um comparsa preso semanas depois.

As investigações indicaram que a execução foi cometida por dois indivíduos em uma motocicleta. Imagens de câmeras próximas registraram uma moto com dois ocupantes saindo da rua onde Juscelino morava pouco após o crime, mas a baixa qualidade impediu a identificação dos suspeitos ou do veículo.

Oito testemunhas foram ouvidas, mas nenhuma contribuiu para o esclarecimento dos fatos. Uma nona não foi localizada.

Entre os relatos, uma testemunha afirmou ter sido abordada na rotatória do bairro Steffen por um motociclista com camiseta do “Batman”, que perguntou por Juscelino cerca de 30 minutos antes do crime. No entanto, essa versão não foi confirmada.

Alguns depoimentos também relataram que, dias antes do crime, Juscelino foi ameaçado de morte por um homem após flertar com a companheira dele. Nem o autor da ameaça nem a mulher foram identificados.

Desfecho do caso

Ao final da investigação, a polícia estabeleceu duas possíveis motivações para o crime: uma relacionada ao tráfico de drogas e outra ligada a um possível conflito amoroso. No entanto, nenhuma das hipóteses pôde ser confirmada.

Quanto à autoria, testemunhos indiretos e imagens sugerem que o crime foi cometido por dois homens que fugiram de moto. Porém, devido à ausência de provas e suspeitos, o inquérito foi encaminhado ao Ministério Público de Santa Catarina (MP-SC) sem indiciamento.

Caso Librano Cardoso

Na noite de 27 de setembro de 2015, um domingo, Librano Cardoso, de 50 anos, faleceu no Hospital Azambuja, em Brusque. Ele estava internado na UTI e morreu por volta das 23h30.

Natural de Mandirituba (PR) e solteiro (estado civil), Librano trabalhava como caseiro em uma chácara no bairro Ponta Russa, em Brusque. Ele havia sido internado após ser baleado no abdômen, mas a autoria do crime permanece um mistério até hoje.

Após seu falecimento, o corpo foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML), e a Polícia Civil iniciou uma investigação na manhã seguinte, classificando o caso como homicídio doloso. O primeiro relato sobre o disparo foi feito por uma pessoa que tinha conhecimento da internação de Librano.

Inquérito policial

Segundo o inquérito policial, o esclarecimento dos fatos foi prejudicado porque a polícia assumiu as investigações apenas após a morte da vítima. No entanto, apurações indicam que, na noite de 17 de setembro daquele ano, uma quinta-feira, Librano dormia no sofá da sala, próximo à janela, quando foi atingido por um único disparo de arma de fogo.

Conforme o laudo pericial, o tiro foi disparado do lado de fora da casa, e o autor ainda tentou invadir o imóvel pela porta. A presença de um vidro quebrado na janela e marcas de solas na porta comprovaram a tentativa de entrada.

Mesmo ferido, Librano se refugiou em um dos cômodos da casa e aguardou até que o agressor fugisse. Depois, conseguiu caminhar até a rua, onde foi encontrado por moradores e encaminhado ao Hospital Azambuja, onde permaneceu internado por 11 dias, até falecer devido às complicações do ferimento.

Somente após o óbito, as investigações tiveram início, incluindo laudo pericial no local do crime, depoimentos de testemunhas e outras diligências.

De modo geral, os relatos colhidos pela polícia indicavam que Librano era uma pessoa reclusa, sem vícios e sem inimigos conhecidos. Também foi destacado que, na época do crime, não havia câmeras de segurança no local nem nas proximidades.

Desfecho do caso

O inquérito apontou que testemunhas descreveram o agressor como um homem baixo e de pele morena. A única pessoa próxima a Librano com essas características era o ex-marido de sua então companheira. No entanto, o homem faleceu em 31 de janeiro de 2016.

Apesar das diligências realizadas, a polícia não conseguiu identificar o autor do crime nem os motivos do ataque. Por essa razão, o inquérito foi encaminhado ao MP-SC sem nenhum indiciamento.

Caso Jorge Luis Floriani

Na noite de 29 de junho de 2017, uma quinta-feira, Jorge Luis Floriani, de 36 anos, foi encontrado morto na rua Libério Benvenutti, no bairro Santa Terezinha, em Brusque, em frente a uma transportadora onde trabalhava. Ele morava muito perto do local onde foi morto. O corpo foi localizado por volta das 19h30.

Natural de Brusque e casado, Jorge tinha o ensino fundamental completo e atuava como motorista na empresa. Segundo o relatório inicial do caso, ele foi atingido por um disparo de arma de fogo e chegou a ser socorrido com vida pelo Corpo de Bombeiros.

No entanto, não resistiu aos ferimentos e faleceu durante o trajeto até o Hospital Azambuja. A autoria do crime permanece desconhecida até hoje.

O irmão da vítima foi quem comunicou o ocorrido à polícia. Ao saber do ataque, ele seguiu diretamente para o hospital, onde foi informado sobre a morte de Jorge.

Diante da gravidade do caso, o local foi isolado pelas polícias Militar e Civil, que aguardaram a chegada do Instituto Geral de Perícias (IGP, atual Polícia Científica) para os procedimentos técnicos.

A Polícia Civil deu início às investigações ainda naquela noite, classificando o caso como homicídio doloso.

Reprodução

Inquérito policial

Segundo o inquérito policial, mesmo com a análise de câmeras de segurança, do celular da vítima, oitivas de testemunhas e perícias no local do crime e toxicológica, não foi possível identificar os autores nem a motivação do homicídio.

A investigação apurou que, no momento do crime, Jorge foi surpreendido e alvejado diversas vezes. O laudo cadavérico confirmou cinco disparos em diferentes regiões do corpo. Já o exame toxicológico não detectou substâncias ilícitas em seu organismo.

A perícia indicou que os autores invadiram o pátio da transportadora pela cerca lateral ou pelo muro. No local, foram recolhidos cartuchos deflagrados de calibre .380.

Relatos de testemunhas e imagens de câmeras próximas à empresa revelaram que o crime foi cometido por dois homens, que fugiram em uma motocicleta escura em direção a Itajaí. No entanto, a má qualidade das filmagens impediu a identificação dos criminosos ou da placa do veículo.

Em busca de mais informações, os investigadores analisaram o celular da vítima, mas não encontraram dados relevantes. As testemunhas também não conseguiram fornecer elementos que ajudassem no esclarecimento dos fatos.

Desfecho do caso

Jorge foi descrito como uma pessoa idônea, trabalhadora, dedicada à família e sem vícios. Não possuía desafetos declarados, mas algumas testemunhas mencionaram que ele era um pouco rude no trato com empregados da empresa.

Diante da ausência de provas concretas e de indícios que levassem à autoria do crime, a polícia concluiu o inquérito sem indiciamentos e encaminhou o caso ao MP-SC.

Esperança de novos elementos

Embora os casos estejam arquivados, a reabertura pode ser solicitada a qualquer momento pela delegacia, desde que surjam novos elementos.

Esse tipo de arquivamento é considerado provisório, uma vez que o caso só prescreve após 20 anos do registro inicial.

A Polícia Civil permanece à disposição da comunidade para receber novas informações e denúncias que possam contribuir para a elucidação desses crimes.


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