Falta de manutenção em fiações expõe pessoas a risco
A falta de tomadas para muitos eletrodomésticos ligados pode causar danos
A falta de tomadas para muitos eletrodomésticos ligados pode causar danos
Com o avanço da tecnologia, cada vez mais aparelhos eletroeletrônicos passaram a fazer parte de casa e chega a faltar tomada para tanto equipamento ligado. A lista é grande e vai desde a sanduicheira até o smartphone. Com fácil acesso à uma vasta gama de apetrechos, as pessoas vão comprando sem pensar nas consequências disso. Um dos impactos mais latentes é na rede elétrica das residências, que, na maioria dos casos, permanece a mesma desde a sua construção. Isto pode causar danos materiais e físicos, como curtos-circuitos e choques.
Carlos Beuting, engenheiro eletricista e coordenador do Núcleo de Engenharia Elétrica do Clube de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Brusque (Ceab), diz que as pessoas não dão a atenção necessária ao sistema elétrico até que um problema seja constatado. “Hoje, faltam tomadas na sua casa de tantos equipamentos ligados na rede. Uma rede que servia há 15 ou 20 anos atrás tem que ser revista. Adequações e manutenções têm que ter um acompanhamento. Até mesmo nos materiais há um avanço, com novas tecnologias”, afirma Beuting.
O aumento de demanda numa rede doméstica pode levar a consequências graves. “Se este aumento de consumo não está previsto na fiação, vai causar uma sobrecarga. E aí vai depender da qualidade do material, de quanto tempo ele vai aguentar. Na pior das situações, com uma sobrecarga grande por muito tempo, pode ocorrer o rompimento das isolações, desencadeando curto-circuito e incêndio”, diz Beuting.
Um levantamento da Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade (Abracopel) aponta que aconteceram 234 curtos-circuitos em 2013. Destes, 200 evoluíram para incêndios. A pesquisa também mostra que foram registrados 765 ocorrências de choques elétricos, sendo que 592 causaram a morte do eletrocutado e outros 173 deixaram sequelas. O mesmo levantamento da Abracopel traz 230 ocorrências classificadas como “outras”. Nelas estão acidentes de menor gravidade que acometeram pessoas comuns, sem formação na área, que faziam alguma modificação na fiação de casa. Segundo a Abracopel, a estimativa é que a quantia real de acidentes com eletricidades seja quatro ou cinco vezes maior do que o apresentado. Beuting afirma que a melhor maneira de evitar entrar nesta estatística é contar com os serviços de profissionais qualificados.
Sinais
O coordenador do núcleo de engenharia elétrica do Ceab explica que existem alguns “sintomas” de que a rede não está funcionando como deveria. Um disjuntor desarmando na hora do banho, a luz piscando ou , claro, algum equipamento queimar repentinamente são indicadores de que a fiação da casa pode estar vencida e precisar ser trocada. “O fio também precisa de verificação, ele não vai durar para sempre. A gente é muito visual, olha só para a tomada, mas a distribuição da energia vem por cabos totalmente embutidos na parede. Isso é preciso ser observado também”.
A recomendação é de que, antes de construir ou reformar, a pessoa procure um engenheiro da área. Ele poderá dizer a melhor forma de instalar a rede e prever o aumento no consumo de energia. No caso das reformas, o profissional poderá indicar quais modificações podem ser feitas, respeitando os outros sistemas da casa, como o hidráulico, e as normas técnicas.
O caso das construções é mais complexo, porque precisa de um projeto desenvolvido pelo profissional. E aquilo que constar no papel deve também ser feito na prática. Caso contrário, o engenheiro que assinou o documento pode ser responsabilizado, mesmo que ele não tenha executado a obra.
Cinco dicas para evitar acidentes
Ter projeto de instalação;
Todos os produtos devem ter certificação do Inmetro;
Instalar o fio terra em todas as tomadas;
Instalar o fio terra em todas as tomadas;
Separar os circuitos de iluminação (fios a partir de 1,5mm²) e de tomadas (fios a partir de 2,5mm²)