Família, projeto de Deus

Paulo Vendelino Kons - Historiador e servidor público

Família, projeto de Deus

Paulo Vendelino Kons - Historiador e servidor público

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  • 23/05/2017
  • 13:30
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30″Casamento é mais que seu amor um pelo outro. É o mais alto digno poder, pois é uma ordenança sagrada de Deus, através da qual Ele perpetuará a raça humana até o final dos tempos. Através do amor, vocês veem um ao outro no mundo; mas no casamento, vocês são os elos de uma corrente das gerações que Deus formou para que Sua Glória fosse cumprida”. (Dietrich Bonhoeffer, escritor, enforcado aos 39 anos pelos nazistas, um dos mentores e signatários da Declaração de Bremen: “Jesus Cristo, e não homem algum ou o Estado, é o nosso único Salvador”).

A instituição família, mesmo sendo projeto de Deus para transmitir a vida humana e cooperar na obra da Criação, vem sendo posta a prova. As transformações sociais e culturais, no tempo presente, promovem a ausência de afeto, a falta de amor ao próximo e o enfraquecimento da verdade na vida conjugal e familiar. É comum ouvir que a família já é uma instituição “superada”, pelo menos na sua forma natural e mais evidente, formada por um casal – homem e mulher, e por filhos. E grupos ideológicos militantes, com intenso apoio dos principais veículos de comunicação, querem impor um “novo conceito de família”, separando casamento e família, ou casamento, família e procriação. Pretende-se negar a própria identidade da família. Será isso um avanço da sociedade? E provocam uma grande desorientação sobre os rumos da família.

E infelizmente os projetos de leis, os decretos do executivo e julgamentos do judiciário brasileiro ultimamente têm seguido alguns caminhos ditados por uma mentalidade global que procura desconstruir a família como sonhada no sábio projeto de Deus para a humanidade.

Nas revistas, novelas, filmes e livros, o amor dos esposos não é mais entendido como uma entrega da vida de um para o outro que, passando pelas crises do convívio, sempre perdoa, ressurge, renasce, renova, cresce e amadurece. O amor é entendido como busca da “minha” felicidade, isto é, como busca de si, tornando o amor entre os esposos superficial e frágil, e, com isso, não há capacidade de resistir às inevitáveis tempestades da vida. O amor esponsal cristão como “decisão de toda uma vida” tem como referencial o amor com que o Senhor nos amou. É um amor que exige busca e luta, sim, mas que dá profunda realização ao viver conjugal.

Diante dessas tentativas, convém refletirmos sobre a estrutura e finalidade da família. Ela é uma instituição natural, núcleo da sociedade dos homens e mulheres. É na família que o indivíduo é “gente” ou reconhecido como pessoa humana com o carinho que ele merece, ao passo que, fora de casa, o indivíduo muitas vezes é um mero número, impessoal e não raramente incômodo.

De acordo com a Lei Natural, a família tem seu fundamento na complementação física e psíquica que homem e mulher – e só eles – prestam um ao outro. Por isso, é uma instituição natural ou decorrente da própria natureza humana.

A sexualidade masculina e a feminina são intencionadas pelo Criador. São inconfundíveis entre si; não se deve procurar reduzir uma à outra. Homem e mulher foram por Deus dotados da mesma dignidade e dos mesmos direitos. Doando-se um ao outro a fim de, juntos, se doarem a Deus, encontram a sua plena realização.

O homem colabora para tanto com a sua racionalidade tendente à ação forte e, por vezes, fria, ao passo que a mulher oferece os dotes de sua intuição direta e profunda, muito sensível aos valores da vida e muito forte na sua paciência: para se realizar dentro do projeto de Deus, que não varia de acordo com os arbítrios, caprichos ou legisladores humanos.

Na educação dos filhos, há uma ideologia, de fundo socialista e evidentemente errônea, segundo a qual o Estado deve ter cada vez mais ingerência na vida da família, talvez, ocupando o lugar natural que sempre coube aos pais – “com amor paterno e materno” – na educação dos filhos. Chegam ao cúmulo de quererem impor marco legal na Educação que obrigue as escolas a ensinarem, desde as séries iniciais, que ninguém nasce homem ou mulher, mas que cada indivíduo deve construir sua própria identidade, isto é, seu gênero, ao longo da vida. “Homem” e “mulher”, portanto, seriam apenas papéis sociais flexíveis, que cada um representaria como e quando quisesse, independentemente do que a biologia determine como masculino e feminino.

Os pais têm a obrigação de formar seus filhos para os princípios essenciais da vida de fé e para os valores humanos. Assim devem estar atentos a três importantes fatores educacionais: a educação sexual, os valores ensinados na escola convencional, pública ou particular, e a formação religiosa. Nas escolas, caso se ensinem ideologias contrárias à fé cristã, cada família, juntamente com outras, deve, com todas as forças e com sabedoria, ajudar os jovens a não se afastarem da fé, além de promoverem as ações administrativas, civis e penais que couberem no caso concreto.

No tempo de Jesus, quando desrespeitaram o matrimônio, Ele disse: “no princípio, quando Deus fez homem e mulher, não foi assim” (cf. 19,3-8). E os cristãos, no cumprimento de sua missão, continuam a indicar o rumo para o casamento e a família, contribuindo para uma sociedade sadia.

Bem sabemos que a família é o alicerce da sociedade. Se a família não vai bem, a sociedade também não irá bem. E o rumo que apresentamos não pode ser diferente daquele que Deus indicou, já “no princípio”, já na natureza humana, e que Cristo confirmou. A família não pode perder sua evidência vital.

E nesta VII Semana da Família de Brusque, de 14 a 28 de maio de 2017, com o tema “Família, Projeto de Deus” e o lema “Ser Família, uma Missão!”, o Grupo de Proteção da Infância e Adolescência – GRUPIA propõe a todos refletirem sobre a família hoje, pois estamos sujeitos a uma pressão contrária constante, e não cristã, que, sem que o percebamos, transforma nosso pensar, e o transforma para pior.

Assim a família precisa ser devidamente reconhecida, cuidada e amparada. Uma sociedade que descuida da família, criada por Deus, descuida de suas próprias bases.

E o cristão nunca deve se esquecer, por mais que isso lhe custe perseguições, de que Deus criou homem e mulher e o homem deixará seu pai e sua mãe, se unirá à mulher e já não serão dois, mas uma só carne (Gn 1-3; Mc 10,11s; Lc 16,18 e 1 Cor 7,10; Ef 5,21-33).

Por Paulo Vendelino Kons

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