Outro dia vi um episódio de South Park onde faziam uma relação direta entre o comportamento dos cães e o das crianças, e o quanto esses dois seres podem ser parecidos.

O especialista em comportamento canino Cesar Millan era um dos personagens principais desse episódio e ensinava uma mãe como tratar as crianças em situações de malcriação ou manha. Resumindo, exatamente da mesma forma como ele conduzia a birra dos cães mais rebeldes.

Foi um episódio bem engraçado e, embora alguns possam ter virado a cara para as comparações entre cães e crianças, não podemos deixar de concordar que há muitas semelhanças sim. Crianças e cães se parecem muito, ainda mais quando ambos ainda são pequenos.

Eu nunca tive um cachorro em casa, mas conheço muitas pessoas que tem e me contam as artes de seus filhos caninos com a mesma empolgação do que minhas amigas que tem filhos humanos me contam. Acredite, mães de cães ou mães de crianças são igualmente orgulhosas e empolgadas quando falam de suas pequenas crias.

E como disse antes, eu não tenho cão, mas tenho cria. Na verdade três crias lindas, sendo que o meu filhotinho mais recente é uma guriazinha muito sapeca. Ela, mais do que tudo, me fez relembrar desse episódio e das comparações entre crianças e os cachorrinhos.

Tenho inúmeros exemplos que provam o quanto a minha filhota pode de fato apresentar comportamentos bem caninos em casa:

1. Depois de uns três dias procurando um pé de sapato desaparecido, eis que ele surge na gaveta de mantimentos da minha cozinha. Sim, misturado a sacos de arroz, macarrão e feijão, encontrei o outro pé de sapato perdido!

2. Minha filhota, assim como os cães filhotes, tem uma fissura por sapatos. Outro dia ela pegou meu chinelinho de pano de estimação (aqueles que a gente anda dentro de casa), que já está bem velhinho e surrado, mas quanto mais velhinho fica, mais confortável também (Adoro!), e a minha pequena descobriu um pequeno furinho em um deles… Não deu outra: Enfiou o dedinho até rasgar e puxou toda a espuma que fazia o enchimento do mesmo. Encontrei no tapete da sala um chinelinho destruído, como se tivesse sido brinquedo de algum cachorrinho por horas. Tive que rir! Deve ser por isso que ela ama os “au-au” como ela diz… Pura identificação!

3. Aqui no apartamento, usamos varais de chão na sacada e ela se aproveita quando está sozinha por lá. Puxa todos os prendedores e vai literalmente arrancando as roupas do varal, estando secas ou não. Como ela colabora com a organização da casa!

4. Nossa sala nunca foi tão (des)organizada… Ela não pode ver tudo no lugar que já dá um jeito de espalhar tudo pelo chão outra vez. Começa na porta de entrada e vai até o último aposento. É lindo de ver (e às vezes irritante também!).

5. Os controles dos eletrônicos da casa estão totalmente sem controle… A gente nunca sabe onde estão porque se ela pega, só Deus sabe onde vamos encontrar! Outro dia encontramos um cheio de formigas… Provavelmente uma boquinha suja de açúcar andou babando nele.

6. No quarto dos irmãos ela não pode ver nada sobre a cama que dá um jeito de arrastar para o chão. Se ela consegue dar um jeito de abrir os armários e gavetas então… É como se um furacão tivesse passado por lá. Portas e armários sempre trancados! Sempre mesmo!

7. Outro dia ela conseguiu subir em uma cama e quando o silêncio na casa se instaurou, resolvi ir em busca da minha pequena “arteira”. E lá estava ela, puxando e rasgando o papel de parede com a maior cara de pau!

8. No meu quarto, ela adora abrir as gavetas e sair correndo pela casa com meu sutiã enrolado na cabeça… sai arrastando tudo pela frente! Coisa que uma vez o irmão já fez também e me deixou bastante constrangida. Com essa mesma peça íntima do vestiário feminino, ele resolveu brincar… Mas quando cansou, jogou pela sacada abaixo. Caiu na entrada da garagem, e em menos de cinco minutos o porteiro me ligou dizendo: “acho que o menininho jogou umas coisas pela sacada”. Pode isso?!

9. Na cozinha acabamos por isolar/trancar algumas gavetas mais perigosas… Mas o que ainda continua com livre acesso, mesmo a gente falando… falando e repetindo mil vezes… Ela ainda ousa mexericar. Não é raro eu encontrar talheres e potes em cima do sofá da sala.

10. E o último comportamento, mais canino impossível, que lembro neste momento: guarda comidas para depois. Sim… Volta e meia ela aparece comendo algo que eu não dei pra ela. Pedaços de pão, bolachas e afins ela deixa “enterrado” em algum esconderijo secreto e quando vejo ela aparece degustando aquele alimento ressecado, quase petrificado. Deve estar se preparando para um eventual estado de guerra… Fome com certeza ela não vai passar!

Tenho certeza que se você tem crianças em casa ou conhece quem têm, vai conseguir fazer boas associações entre cães e crianças… Com todo respeito aos cães e às crianças, um mais fofo que o outro, não é mesmo?!

 

Rê Michelotti