Os primeiros bailes carnavalescos de que se tem notícia em Brusque foram realizados pelos colonos no Caça e Tiro, que acabaram inspirando as festas em outros locais da cidade no futuro. As primeiras celebrações eram feitas nos moldes de bailes de máscara, como uma forma de descontração antes da introspecção do período da quaresma.

Em trabalho de conclusão de curso de licenciatura e bacharelado em História da Universidade Regional de Blumenau (Furb), Luciana Paza Tomasi resume as folias de Carnaval dos colonos de Brusque como “uma maneira de desfrutar, por algumas horas, de momentos de diversão e alegria”.

Alguns anos depois da fundação de Brusque, surgiram os primeiros grupos musicais, de várias origens e religiões. Homens que se dedicavam à música durante o tempo livre. Marchinhas, bonecos gigantes e blocos animavam a cidade.

Bloco “As Futuristas”, em 1924 | Foto: Divulgação

Entre as bandas responsáveis por alegrar os bailes estavam a Urca Jazz, comandada pelos irmãos Max; Ingo e Valter Rau; Jazz Band América, de Aldo Krieger e família, e a Banda Ideal Jazz, dirigida por Victor Gevaerd, que também animavam a Schützenfest.

Aldo Krieger, o Aldinho, foi um dos personagens mais influentes da história do Carnaval brusquense. Além da Jazz Banda América, ele também compôs a Banda Musical Concórdia e a Jazz Band Chopp com Rosca, que animaram vários eventos da época. Ele e outras personalidades da folia brusquense foram resgatadas em projeto realizado pela Fundação Cultural de Brusque em 2013, que acabou se perdendo com o tempo.

“O objetivo na época foi homenagear pessoas que por algum motivo foram muito conhecidas da sociedade brusquense. Quando nós interagimos com uma figura muito conhecida isso envolve uma projeção de cidade e de relacionamento com a vivência nesse espaço, então essas pessoas, de certa forma, simbolizam um determinado momento da cidade”, explica o historiador da Fundação Cultural, Álisson Sousa Castro, que participou do projeto de resgate dos personagens.

Jazz Band America foi uma das mais importantes da cidade no início do século; registro de 1929 | Foto: Divulgação

Mudanças no Carnaval de Brusque

Durante o período do movimento de nacionalização do governo federal e da Segunda Guerra Mundial, não há registros de bailes e desfiles de carnaval. Depois disso, no fim da década de 1940, voltam os bailes de salão, mas Brusque já vivia uma nova fase, de desenvolvimento urbano, e de ascensão dos clubes Carlos Renaux e Paysandu, que passaram a centralizar as festas carnavalescas.

Baile de Carnaval do Paysandu realizado no Clube Caça e Tiro, em 1931 | Foto: Divulgação

Luciana relata que o carnaval em Brusque teve por muitas décadas, na segunda metade do século XX, uma programação extensa de bailes promovidos pelos dois clubes.

Bailes noturnos, infantis, escolha do Rei Momo, Rainha do Carnaval, concurso de melhor fantasia e apresentação de blocos, entre outras atividades, animaram por muito tempo a cidade na primeira grande festa do ano.

Mudanças

Na pesquisa, Luciana relata que a relação dos grandes clubes com o Carnaval foi se esvaindo a partir das mudanças de hábito da elite brusquense.

A cidade passou a se preparar para celebrar o centenário e muitas mudanças aconteceram na infraestrutura e na sociedade, o que modificou o jeito de celebrar o Carnaval. Aliado a isso, o surgimento e o crescimento de outras atrações em cidades do Litoral resultou na decadência da folia em Brusque.


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