Futuro da Villa Quisisana: herdeiro planeja doar casarão histórico de Brusque
Herbert Pastor deve assinar a intenção de doação para a Prefeitura de Brusque, com objetivo de implantar museu de artes
Herbert Pastor deve assinar a intenção de doação para a Prefeitura de Brusque, com objetivo de implantar museu de artes
O futuro da imponente Villa Quisisana, casarão histórico no Centro de Brusque, pode estar definido. O proprietário do imóvel, o herdeiro Herbert Pastor, vem estudando a possibilidade de doar a estrutura para a Prefeitura de Brusque, sob a condição de que seja implantado no local o Museu de Artes de Brusque (MAB).
Criado pela Lei nº 1834, sancionada em dezembro de 1993 pelo então prefeito Danilo Moritz, o MAB nunca saiu do papel. O museu era uma reivindicação dos artistas do município e foi projetado, pelo menos, desde 1988, segundo reportagens publicadas em O Município.
“Tive a ideia de doar para manter o casarão para a posteridade. Porque Brusque, a meu ver, não tem muito respeito pelo passado. Basta ver que boa parte dos casarões foi derrubada na cidade. Meu receio era que a Villa Quisisana não fosse preservada, pois manter esses imóveis nas mãos das famílias também representa esse risco.”
Segundo ele, apesar de as famílias terem recursos financeiros, o custo de manutenção de casarões antigos é alto. “Mas amanhã as famílias podem não ter esse dinheiro ou o interesse de manter o imóvel. Aí acontece o que já vimos aqui: vendem os casarões, que são derrubados para a construção de prédios. Isso é uma pena, porque a cidade perde seu charme.”
Portanto, na próxima segunda-feira, 9, Herbert deve assinar uma intenção de doação. Então, a Prefeitura de Brusque terá um ano para apresentar um projeto de organização e implantação do museu.
“Se eu aprovar, faço a doação. Se terminarem o projeto e o apresentarem antes de um ano, adiantamos. Quero ter certeza de que essa casa terá o projeto que merece. É preciso colocar pessoas que entendam do assunto para manter um museu”, afirma.
A decisão de doar a Villa Quisisana, avaliada em R$ 12 milhões, não foi fácil. Herbert detalha que a reflexão vem acontecendo há pelo menos dois anos. “É uma das poucas casas antigas que restaram. Tem uma arquitetura diferente e interessante, e isso desperta a curiosidade das pessoas para visitarem um futuro museu lá. Essa é uma vantagem”, conclui.
Para manter a Villa Quisisana após a doação, Herbert recebeu projetos de três instituições: a Unifebe, a Sociedade Amigos de Brusque e o próprio Executivo municipal.
“Eles concorreram a essa doação. A Unifebe desistiu por razões estatutárias. O estatuto diz que não pode investir em locais fora do complexo no Santa Terezinha. A Casa de Brusque apontou que não teria verba para manter um casarão como a Villa Quisisana. Então, ficou a prefeitura”, explica.
Para analisar as propostas, ele montou uma comissão que avaliou os projetos apresentados. O grupo é formado por João José Leal, Ana Maria Leal, Jaqueline Kühn, Maria Glória Dittrich e Helga Kamp.
“Sobre a proposta da prefeitura, inicialmente não aprovamos o projeto original. Então, desenterramos um decreto antigo do ex-prefeito Danilo Moritz, que previa a criação do Museu de Artes de Brusque. Esse projeto continuou engavetado até hoje. Pegamos o decreto e o apresentamos ao Executivo. Se eles toparem, eu topo também”, detalha.
Herbert pretende avaliar com atenção o projeto do Museu de Artes de Brusque, a ser apresentado pelo Executivo. Ele destaca a importância de envolver pessoas capacitadas na implantação do espaço.
“Para montar um museu assim, é preciso ter técnicos. Não é qualquer um que faz isso. Depois, há um segundo problema: mostrar à comunidade brusquense que o museu é um espaço vivo, não um depósito de velharias cheio de pó e teias de aranha”, continua.
Ele ressalta que a população precisa conhecer o local. Por isso, considera importante que o museu ofereça novidades e exposições interessantes. “É uma tentativa, um tiro no escuro, mas espero que dê certo. A Villa Quisisana tem uma vantagem, pois atrai a atenção dos brusquenses. As pessoas têm um fascínio pela casa. Se a prefeitura souber fazer a coisa certa, ótimo, mas precisará de alguém entusiasmado pelo projeto”, completa.
No coração de Brusque, permanece intocada uma das construções mais emblemáticas da cidade. A Villa Quisisana foi construída por Edgar Von Buettner – fundador da empresa têxtil Buettner. A construção iniciou em 1932 e terminou em 1934, quando ele, a esposa Idalina e as duas filhas: Íris Renate e Edelgard Gerda se mudaram para o palacete.
Para construir a mansão adorada pelos brusquenses, Edgar contratou um arquiteto alemão que estava a trabalho em Blumenau. O modelo exótico da casa foi projetado pelo arquiteto, com a aprovação do industrial. “É de uma ideia que o arquiteto teve indo para a Grécia. Ele viu algo muito parecido lá, fez um esboço, fizeram algumas modificações, o meu avô gostou e aprovou a construção”, detalhou Herbert no especial Casarões, publicado pelo jornal O Município em 2017.
Minas abandonadas de Guabiruba ainda despertam curiosidade dos moradores: