A indústria têxtil em Brusque – Parte VII: Buettner
A “E. v. Buettner e Cia.”, precursora da Buettner S/A Indústria e Comércio, foi a segunda manufatura têxtil de Brusque, fundada em 1900 por Edgar von Buettner e por sua mãe Albertine.
A empresa guardava relação com a produção de toalhas de mesa, colchas e cortinas bordadas com máquinas à manivela por Idalina, esposa de Edgar, e com a produção artesanal de aventais produzidos por Albertine. Durante algum tempo a Buettner manteve, em paralelo aos negócios têxteis, uma loja de secos e molhados e o beneficiamento de produtos agrícolas e florestais.
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A família Buettner
A história dos Buettner em Brusque começa quando, em 1873, Friedrich Eduard Adolf von Buettner, mudou-se de Blumenau para Brusque. No mesmo ano, a sua futura esposa, Albertine Burow, também se mudou para Brusque, trazendo consigo o primogênito do casal, Edgar, filho de Eduard, que nascera em São Pedro de Alcântara naquele mesmo ano. Eduard e Albertine viriam a se casar apenas cinco anos mais tarde (em 1878), em Brusque, quando celebraram o batismo da primeira filha. Da união do casal Eduard e Albertine nasceram seis filhos: Edgar, Alice Maria Constância (Mimi), Oswald Clarence, Arthur Waldemar, Erna e Irmgard Wally.
Os empreendimentos Buettner em Brusque
Após a fundação da loja de secos e molhados, a chamada “venda Buettner”, Eduard decidiu ir além da atividade comercial, que aprendera em Blumenau nos anos de 1864 a 1872. A atividade empresarial incluiu uma torrefação de café; uma casa de farinha; um alambique para produzir álcool e uma ou mais serrarias. Eduard desenvolveu uma série de atividades empresariais.
Em sociedade com João Bauer, adquiriu um veleiro, para o transporte dos seus produtos para Santos e Rio de Janeiro. Este, com toda a carga, acabou naufragando em um temporal. Também construiu a mansão, que ficava ao lado da Loja Buettner, na Rua Barão de Ivinheima, hoje Avenida Cônsul Carlos Renaux.
Esse imponente casarão, no estilo de um palazzo italiano, acolhia muitos hóspedes e nela celebravam-se muitos saraus musicais. Apesar de esforços para conservá-la, a mansão dos von Buettner acabou sendo demolida em 1987.
A “venda” que também funcionava como instituição financeira
As lojas de secos e molhados, chamadas de ‘vendas’, também funcionavam como instituições financeiras, já que na época não havia bancos em Brusque. A venda aceitava depósitos de poupança e concedia créditos para os colonos.
Essa atividade era administrada por Albertine, que também iniciou, junto com a sua filha Mimi, a produção de aventais e de panos para sombrinhas, incluindo, provavelmente, a produção de mosquiteiros.
A fama das cortinas de filó da Buettner
Seguindo a orientação da mãe, em 1896 Edgar viajou para a cidade de Bunzlau, na Silésia, Alemanha (hoje Polônia), onde vivia a sua tia Selma, que o acolheu para que ele aprendesse o ofício de bordar com máquinas à manivela e a confecção de sombrinhas.
Em 1899 Edgar regressou ao Brasil, trazendo na bagagem duas máquinas de bordar à manivela, adquiridas na Bohemia, hoje República Tcheca. Em 1900, mãe e filho fundaram a Buettner.
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As cortinas de filó da Buettner alcançaram tal fama que o Palácio do Governo, no Rio de Janeiro, foi com elas guarnecido. Este ramo industrial, que foi a primeira e, durante muito tempo, a única fábrica de bordados e rendas no Brasil, aos poucos se transformou numa grande indústria de cortinas, e se especializou também na produção de tecidos em geral, mosquiteiros de filó, guarnições de mesa estampadas, e tecidos de revestimento de móveis estofados.
Enquanto isso, a jovem indústria continuava em franco processo de crescimento e expansão e, com o tempo, a empresa agregou os segmentos de fiação, tecelagem, estamparia e tinturaria.
Continua na próxima semana.
Fonte
BUETTNER, Edgar Ricardo von. Dados do arquivo pessoal. Fornecido a Rosemari Glatz, por e-mail, no dia 14 de outubro de 2018.
KAMP, Marga Helga Erbe. Dados do arquivo pessoal. Fornecido a Rosemari Glatz, por e-mail, no dia 1º de março de 2018.