Informação demais e escuta e diálogo de menos
Não resta a menor dúvida que a informação à disposição da geração atual é significativamente superior, em muito, o que tinha a geração anterior. Com certeza, a situação tende a se expandir mais e mais. Os meios de acesso à informação continuam se multiplicando e se aperfeiçoando em qualidade, rapidez. Por outro lado, dá impressão que a dificuldade de escutar, com atenção e efetivamente, os acontecimentos informados, está impedindo uma verdadeira comunicação comprometida com a verdade. Com frequência, abre-se estrada para uma forma superficial, proporcionando um clima propício à disseminação de notícias inverídicas, falsas e desinformação.
Além disso, o excesso de informação supera a nossa capacidade cognitiva, ultrapassando sua capacidade a nossa disposição no momento. De modo semelhante, acontece com os contatos possíveis. Há uma gama imensa de maneiras de entabular contato com pessoas de todos os lugares. Uma dispersão de atenção. Juntando o excesso de informação mais essa infinidade de contatos com pessoas, em grande parte desconhecidas, sem contato físico, só digital, geram uma sobrecarga de informações que vão alimentando um estilo de vida. Estilo marcado pela superficialidade, artificialidade, com uma atenção parcial contínua, entretendo-se ligeiramente ou passando rapidamente de um assunto a outro. Pouco ou nenhum esforço de aprofundamento, ou reflexão mais apurada a respeito da realidade que nos cerca. Contenta-se com a superficialidade do simples saber, o informar-se, do estar conectado…
Esse cenário favorece circulação rápida da informação, disponíveis por tantos meios à disposição. Acrescentando ainda a rapidez como essa informação pode ser compartilhada, sem a devida checagem do seu conteúdo, aumentam a possibilidade de veicular conteúdos que podem disseminar informações equivocadas ou adulteradas. Essa prática favorece clima de animosidades ou de formação de uma mentalidade avessa à crítica sensata e necessária em todas as informações partilhadas.
Outro problema muito frequente na veiculação de informações que, ao mesmo tempo, é um desafio é a informação tirada do seu contexto histórico e sociocultural. Com esse procedimento, a informação em sua raiz já está deturpada. Mais ainda, quando se faz a partir da distorção fora do contexto com comentário tendenciosos e injustos, faz da informação, porta-voz do próprio pensar ou modo de agir. A informação deixa de ser uma autêntica informação para ser uma “pregação” de suas ideias ou ideologia, comprometendo a informação e consequentemente a formação das pessoas.
Quando nos chega uma informação, temos que ter cuidado com seu conteúdo, pois, existem pessoas e grupos treinados para produzir e divulgar informações, muitas vezes, bem produzidas em forma de notícias bem estruturadas. São capazes de se esmerar nos dados, para criar aspecto de veracidade, inclusive adicionando dados científicos adaptados à informação que se quer veicular. Dá a impressão que o objetivo primeiro ou fundamental não é informar sobre algo, mas criar um ambiente que incite a animosidade, o favorecimento de divisões, a criação de uma atmosfera de rivalidade, de ódio, de desamor que impossibilidade um verdadeiro encontro de pessoas que possam dialogar, num clima de confiança mútua e amorosa.
Indubitavelmente, a informação é útil e necessária. Todavia, não se pode acolher e, pior ainda, compartilhar com outros, sem uma verificação adequada e uma checagem, para não se um “instrumento útil” na disseminação de inverdades, informações falsas, até fake news. Somos, por isso, continuamente testados em nossa formação. Portanto, não basta buscar informações, temos que trabalhar continuamente em nossa formação pessoal e nos auxiliar, mutuamente, em nossa formação, começando no ambiente familiar.