Jogos Comunitários unem gerações

Em 21 edições dos Jacobs, famílias marcaram época com pais, filhos e netos na competição

Jogos Comunitários unem gerações

Em 21 edições dos Jacobs, famílias marcaram época com pais, filhos e netos na competição

 

A contagem regressiva para o início dos Jogos Abertos Comunitários de Brusque/Troféu Jornal Município 60 anos começou oficialmente nesta semana. Faltam apenas quatro dias para a abertura oficial da competição que vai mobilizar cerca de 4 mil atletas de 29 comunidades de Brusque. A disputa já tem alguns jogos nessa segunda-feira, 11, e se estende até o dia 12 de setembro, quando será conhecida a grande campeã.

Essa é a 21º edição do evento que envolve famílias tradicionais dentro do esporte brusquense. Entre elas a de Izabel Cassaniga, 63 anos, moradora da localidade do São João. Ela e sua filha, Rita Sibele Sirilo, 38, são referência da bocha na cidade. Fazem parte de um grupo seleto de atletas que estiveram presentes em todas as 21 edições dos Jogos Comunitários. “Para nós é um orgulho participar de todas as edições”, conta a veterana atleta. A paixão pela bocha é de família, Rita começou na modalidade com apenas 11 anos incentivada pela mãe. Hoje vê no filho, Guilherme Fumagalli, 9, a continuidade da prática de uma modalidade tradicional na cidade, mas que vem perdendo adeptos ao longo dos anos. “Antes chegávamos a formar com tranquilidade mais de 20 equipes”, conta. Izabel comenta que o neto é uma espécie de ‘coringa’ da equipe da Sociedade São Pedro, agremiação que defende, junto com a filha, no Campeonato Municipal da modalidade. “Jogar ele não joga, mas já quer estar junto, ser o técnico, o árbitro. Vai à cancha de bocha desde bebezinho”, comenta.

A afirmação da avó tem sentido. Fumagalli, literalmente, ‘nasceu’ dentro das canchas que consagraram a família. “Joguei grávida até os sete meses, quando, por recomendação médica, fui obrigada a parar para não ter ele dentro da cancha. Passou o ‘resguardo’ eu já estava lá novamente, com ele ao lado do carrinho”, conta Rita.

 

 

Juntas desde a primeira edição

A história de mãe e filha está diretamente envolvida com a bocha e os Jogos Comunitários. Nestes 21 anos, foram várias medalhas conquistadas defendendo bairros como Centro, Maluche e agora o São João. “Começamos a jogar pelo ‘Centro 2’ e já no primeiro ano fomos campeãs. Em 2011, último ano que competimos por lá antes de vir para o São João, também nos despedimos com o primeiro lugar”, orgulha-se Izabel. Rita comenta que ambas foram bem acolhidas na nova comunidade. Mãe e filha ajudaram a difundir a bocha no São João e contribuíram para que a localidade levasse um troféu logo de cara nos comunitários. “Já no primeiro ano aqui (em 2012), tivemos um vice-campeonato do ‘Vale Tudo’ e também acabamos em segundo lugar no ano passado da Rafa Vollo”, comenta. “Nestes dois anos, acho que os únicos troféus que a comunidade ganhou é o nosso. E isso foi motivo de muita festa, pois é uma comunidade que se envolve bastante, acompanha e torce pelos atletas”, completa Izabel. Este ano, ela não terá a participação da filha em alguns jogos, já que Rita ficará encarregada pela arbitragem de algumas partidas. Mesmo assim, a ausência não tira a confiança para buscar um inédito título para a comunidade. “Tenho certeza que mesmo sem ela vamos chegar”, diz.

Amor pela bocha

A bocha que une mãe e filha também é o motivo de desgaste familiar. Rita tem a função de técnica e não alivia quando precisa puxar a orelha da mãe. “Ela briga muito comigo. Todas erram a bola e ela desconta em cima de mim”, reclama. “Tem dias que parece que elas nunca jogaram. Então eu acabo cobrando mais dela porque é minha mãe e nossa intimidade é muito grande”, assume Rita.
O envolvimento da atleta com o esporte é tão grande que ela admite que muitas vezes sofre com os resultados obtidos dentro da cancha. Izabel conta que a filha chega a chorar depois de uma derrota. “Sou muito sentimental, não é só o fato de perder, mas às vezes você sabe que era possível ganhar. Então venho bem triste para casa. A gente briga no carro, reclama ‘porque você não acertou aquela bola’, mas ai chega em casa e as coisas se acalmam”.

 

São menos de dez casas que separam a residência dos Bodenmuller e Horner em uma parte do percurso da rua São Pedro. Distância de pouco mais de 100 metros entre duas famílias que tem no sangue a participação nos Jogos Comunitários. São avós, pais e filhos que participam ativamente e contribuem para que a comunidade mantenha, nos últimos três anos, a hegemonia da competição. O troféu definitivo, conquistado no ano passado em razão dos três títulos consecutivos, não é por acaso. Fruto de planejamento e organização de uma comunidade que, segundo ele, até 2009 jamais havia tido o gosto de levantar a taça. A história começou a mudar quando o líder comunitário Roberto Bodenmuller, 57, ajudado por outras lideranças do bairro passaram a mobilizar a participação ativa dos moradores para a competição. Em 2009, ficamos entre o quarto e quinto lugar, o que já foi algo inédito. Mas a partir do ano seguinte, nossa ideia deu resultado”, explica. “Percebemos que era necessário o envolvimento de todos para melhorar nosso desempenho. A receita era estar em todas as modalidades. Desde aquelas que você faz um pontinho, as que você ganha”, comenta. Jogador de bolão 23, Bodenmuller tem a parceria (e companhia) de dois filhos dentro da equipe formada por oito membros. Compete ainda na disputa do ‘general’. Seu filho Douglas, 32, é um dos quatro representantes do bairro no tiro. O outro, Vitor, 30, se limita a participar apenas do bolão.

Na mesma equipe de pais e filhos, ainda está o vizinho Nelson Horner, 68, que também tem a companhia de familiares nos Jogos Comunitários. O filho Jerônimo, 46, joga dominó, enquanto o neto, Willian, 21, vai representar o São Pedro no futsal. “Acho que isso é o interessante dos Jogos Comunitários, a interação. A comunidade se movimenta e você acaba sempre reencontrando amigos, sobretudo em casos de pessoas como o eu, que quase já não saem de casa”, diz o patriarca da família, acompanhado pelo filho. “Isso é o importante do esporte: a união. E o interessante é que ninguém tem a mesma preferência. Cada um faz o que gosta e joga melhor”.

 

Primeiros jogos iniciam hoje

As primeiras partidas dos Jogos Abertos Comunitários de Brusque iniciam hoje na Sociedade Angelina e no Cedrense. As disputas envolvem o futebol suíço livre e começam às 19h15 com o confronto entre Santa Rita e Steffen. Uma hora mais tarde jogam Souza Cruz e Bateas. Os jogos entre São João e Rio Branco; e São Luiz e Santa Terezinha, fecham a programação do primeiro dia de disputa. Para amanhã estão programados mais dos jogos da modalidade e também o início do futebol suíço sênior. Veja na tabela a programação de jogos para esta segunda e terça-feira.

Seleção Brasileira

As atletas da Seleção Brasileira infanto-juvenil chegam hoje à cidade para participar da abertura oficial dos Jogos Abertos Comunitários na sexta-feira. Elas serão uma das estrelas principais da cerimônia quando vão enfrentar Blumenau logo após a solenidade. A partida será na Sociedade Bandeirante. Hoje, as atletas já fazem o primeiro treino no local. A atividade está prevista para iniciar às 17h. Amanhã, as ações ocorrem em dois períodos: às 11h e às 17h, também na SEB.

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