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Alento literário

Sou um resmungão contumaz em relação à escola brasileira, e estou sempre retomando o mesmo ponto, em qualquer oportunidade. Hoje, porém, faço uma pausa na rabugice para partilhar uma esperança, afinal, há muita coisa boa que acontece e que aponta para uma rota de superação das inúmeras deficiências do nosso sistema educacional. Na semana passada, […]

Sou um resmungão contumaz em relação à escola brasileira, e estou sempre retomando o mesmo ponto, em qualquer oportunidade. Hoje, porém, faço uma pausa na rabugice para partilhar uma esperança, afinal, há muita coisa boa que acontece e que aponta para uma rota de superação das inúmeras deficiências do nosso sistema educacional.

Na semana passada, tive a grata satisfação de participar como jurado, junto com o presidente da Academia de Letras do Brasil – Subseção de Brusque, Marcos Welter, e outros convidados, do 8º Recital de Poesias da Escola de Educação Básica João Hassmann. O evento homenageou a escritora Ruth Rocha, famosa pela sua literatura infanto-juvenil e o poeta Manuel Bandeira. Com base na obra desses dois autores, previamente estudados, os estudantes foram desafiados a escreverem suas próprias poesias, recitadas durante o evento, que contou ainda com performances teatrais e poético-musicais, protagonizadas por alunos e professores. Fiquei impressionado não só pela qualidade dos textos, mas pela mostra do trabalho que é feito na área de língua e literatura, que vem ao encontro dos anseios de todos os que se preocupam com o nosso ensino nessa área.

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O Recital foi dividido em suas categorias, com os alunos dos anos iniciais do ensino fundamental utilizando como base Ruth Rocha, e os dos anos finais com Manuel Bandeira. Não se trata apenas de admirar o talento nato de alguns alunos, mas também a simplicidade da criança que se arrisca a montar alguns versos pela primeira vez, como quem brinca com as palavras. Senti-me de volta no tempo, quando também eu ameaçava, solitariamente, minhas primeiras composições, guardadas até hoje a sete chaves. Nesse exercício, a criança toma contato com o âmago da sua alma, tentando encontrar na linguagem as ferramentas possíveis para expressar o que lhe aflora nessa mistura indefinida de sentimento e raciocínio, que é o material bruto de onde saem a poesia, o conto, a música e toda forma de expressão artística e literária.

A ideia de trabalhar a biografia e a obra dos dois autores citados também é excelente, porque permite ao estudante adentrar no mundo da criação literária dos escritores já conhecidos, para verificar que também eles deram seus primeiros passos diante de uma folha em branco, e certamente se sentiram tão inseguros quanto qualquer um de nós.

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A leitura dos clássicos da literatura sempre foi a porta da evolução intelectual e espiritual. Quando, além de ler, o estudante é instigado a também se expressar por escrito, instaura-se um diálogo produtivo, que é essencial para a formação da sua humanidade. E não importa a comparação de uns com os outros. O Recital dá prêmios aos primeiros colocados, mas todos os que participam já são vencedores, porque colocam para girar a engrenagem da sua alma, e esse é um processo sempre enriquecedor. Num tempo de estagnação, em que tantos estão amortecidos e automatizados pela superficialidade das mensagens eletrônicas, pelo passatempo fútil e pelas músicas baratas, é um alento saber que ainda existe vida e movimento. Viva a poesia!