É no Valle del Maipo que está concentrado o maior número de vinícolas do Chile. As mais tradicionais, inclusive, são datadas do século 19. Nessa região estão mais de 70% dos vinhedos de Cabernet Sauvignon plantados, tal a sua excelente adaptação ao território. Por ser próximos da cidade de Santiago, se torna muito popular entre os turistas para fazer passeios de um dia. Eu visitei a Concha y Toro e Cousino Macul em 2018 e as demais agora na virada do ano e vou contar um pouco para vocês de cada uma:
Concha y Toro
É a maior do Chile e corresponde à 31,4% das exportações chilenas de vinho. Sua ocupação é de cerca de 10.750 hectares, o que a torna a maior área plantada e o segundo maior grupo com vinhedos próprios do mundo, sendo a mais famosa e mais procurada pelos turistas.
Você pode optar por três tipos de tours: Tradicional, Marques de Concha e Fine Wines, o que muda entre eles é a quantidade e qualidade de vinhos degustados. O lugar é lindo e o tour foi caminhando entre as parreiras em um dia lindo de sol. Estava fresco em meados de março e as folhas das parreiras verdinhas e os cachos de uvas bem carregados, íamos parando em pontos específicos para degustação.
O grand finale é na adega onde as luzes se apagam e a lenda sobre o Casillero del Diablo é contada: “As melhores bebidas da vinícola ficavam guardadas na adega particular. Mesmo assim, ela muitas vezes ainda era saqueada, assim o dono “criou a lenda” do Diablo que vivia pela adega para protegê-la, espalhando histórias para que os saqueadores ficassem com medo e não levassem mais seu precioso vinho”.
Fato curioso da lendária adega: construída a partir de uma mistura de cal, areia e clara de ovo, resiste até os dias de hoje intacta, sem nunca ter sofrido qualquer abalo com os terremotos e maremotos tão comuns no país.
Como optamos pelo tour Marques de Casa Concha continuamos para outra sala para mais degustação, e dessa vez com harmonização com queijos. Ao final pudemos levar a taça e tábua personalizada para casa.
Instagram: @conchaytoro
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Cousino Macul
É uma das três mais antigas do Chile. Foi fundada em 1856 e está na mesma família até hoje, na 7ª geração, e a missão deles continua a mesma: produzir vinhos de qualidade mundial.
Existem dois tours, o Regular, com degustação de quatro vinhos e o Premium, com degustação de seis mais tábua de queijos e frutos secos. O passeio pela vinícola e explicação é o mesmo. Inicia-se por entre as parreiras, e segue para o processo de produção passando por enormes barricas de carvalho centenárias com capacidade de até 30 mil litros até chegar na sala de descanso do vinho, e pela adega particular da família.
Outro tour bastante procurado para sair do comum é o de bike pela vinícola, o caminho é de aproximadamente 4,5km e, claro, ao final há degustação. O tour é feito pela empresa La Bicicleta Verde.
Instagram: @cousinomacul
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Santa Rita
Tradição, história e qualidade são palavras que traduzem muito bem essa bela vinícola. Um de seus vinhos mais marcantes, o “120 Santa Rita”, conta um pouco da sua história e do país. O nome se deve a um fato histórico ocorrido ali, durante a guerra pela independência do Chile.
Na época, Dona Paula, a antiga proprietária, acolheu no local 120 soldados após lutaram contra o exército espanhol, além de tratar seus ferimentos e alimentá-los. Para homenagear o feito, veio a ideia de dar nome ao vinho que hoje é mundialmente famoso e muito apreciado.
A vinícola oferece desde o tour tradicional de uma hora mais três vinhos de degustação até passeios de bicicleta, piqueniques, vinhos premium e muito mais. Nós optamos pelo tradicional e depois seguimos para o almoço na vinícola. No Jardim de Variedades, que são pequenas parreiras de vários tipos de uva utilizadas na produção dos vinhos, aprendemos um pouco mais sobre o processo de vinificação da Santa Rita e sobre a história da uva Carmenere, que foi redescoberto ali. A guia contou que uma peste atacou os vinhedos da França em 1860 e ocasionou a extinção da espécie da uva. Anos depois, os franceses desembarcaram no Chile e acharam que estavam cultivando Merlot, e depois descobriram que era, na verdade, a Camenere.
Ao final do tour, fomos à degustação em um jardim maravilhoso, e o dia também estava lindo. Nossa guia deu uma aula (esse tour foi literalmente aula atrás de aula) sobre como servir o vinho e como você deve esperar ser servido, foi bastante interessante. Ao final pudemos levar as taças para casa.
Seguimos para o restaurante (tem que reservar) que serve a opção de três pratos: entrada, principal e sobremesa, e claro que continuamos no vinho.
Para ajudar na digestão fomos caminhando pela linda propriedade até o pequeno Museu Andino, com acervo de 3 mil objetos, que vão desde arqueologia, etnografia, joias, roupas, artes dentre tantos outros que representam essa rica cultura. A entrada é gratuita. Além disso tudo, a vinícola conta com um Hotel Boutique, que antes era a casa de férias dos antigos donos.
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Undurraga
Dizem que essa é a segunda vinícola mais visitada depois da Concha y Toro, porém, ela é bem mais intimista, não tem cara de ser tão “turista” como a primeira. O lugar é lindo, o prédio, o jardim, parreiras com vista para as cordilheiras, e o nosso guia deu uma superaula sobre o cuidado do plantio até o engarrafamento do líquido precioso.
Uma curiosidade é que a vinícola não é mais da família fundadora, foi vendida, mesmo assim ela mantém toda sua tradição em qualidade, e isso você percebe assim que entra na loja, com uma parede repleta de vinhos premiados. Fundada no ano de 1882, sendo uma das pioneiras na exportação dos vinhos chilenos e estando presente em mais de 65 países.
O tour que fizemos foi o Sibaris, que é o clássico: passamos por entre o jardim e as parreiras, produção, e a novidade da Sala de Aromas, essa é muito legal, vale super a experiência, eu já havia feito em Mendoza, na Argentina, agora é novidade no Chile, e terminamos na mesa de degustação. Ao final pudemos levar as taças para casa. Há também o tour com degustação de vinhos premium e opção de piquenique.
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Alyan Family
Essa com certeza me surpreendeu! Por favor, não deixe de ir conhecer, eu sei que a força de ir nos lugares “turísticos” muitas vezes é mais forte, mas eu tenho certeza que você não vai se arrepender, entre as cinco, foi a minha favorita. A família proprietária da vinícola tem a proposta de fazer vinhos e receber para uma experiência e não somente mais um tour.
O passeio começa as 17h, somos recepcionados no jardim e vamos passeando pela propriedade, por ali somos convidados a sentar e degustar a primeira taça, sem pressa, conversando com os demais participantes do tour, junto a uma deliciosa tábua de frios. O filho dos donos vem nos explicar um pouco mais sobre o Vinho Laranja que estamos degustando, que é basicamente um vinho branco, porém, vinificado como um tinto, bem diferente. Ali ficamos trocando ideias e degustando, depois seguimos para outros pontos da propriedade até chegar na sala da produção e de guarda. O que mais chama a atenção são os detalhes da arquitetura e decoração, tudo feito com barris antigos que iriam ser jogados fora, trabalho artesanal maravilhoso.
Degustamos mais um vinho. Seguimos para o segundo andar onde parece que somos recepcionados na casa dos anfitriões, cheio de lembranças de família, aconchegante e com um visual das parreiras de tirar o fôlego, o sol se preparando para descer. Por ali, mais vinho e quem aparece para conversar com nosso grupo são a dona Alícia e senhor André, os donos da vinícola.
O clima é super agradável, parece uma roda de velhos amigos regados a muito vinho (essa vinícola não poupa!!) e muitas risadas. Ao final do pôr do sol, vamos para outra varanda para jantar e finalizar nossa incrível noite.
Sentiram a diferença? Eu já fiz muitos tours em vinícolas, cada uma delas é especial e diferente e cada uma, com certeza, aprendemos algo, mas essa, com certeza, foi uma experiência. Foi leve, divertida, sem pressa de acabar para o próximo grupo começar, foi maravilhosa! Coloque no seu roteiro.
Instagram: @alyanfamilywines
Recomendo a empresa Smart Tour para agendar e fazer o transfer para os passeios, fiz com eles e deu tudo muito certo, tem a opção de fazer em grupos ou privativo.
