Você sabe por que a cidade de Ushuaia é considerada o fim do mundo? Pois ela é a cidade mais ao sul e perto da Antártida do mundo, fica lá no finalzinho da ponta do mapa da Argentina. A cidade é cheia de atrações durante o ano, conforme a época do ano as atrações podem mudar. Por exemplo, eu fui no verão, e mesmo sendo frio o ano todo não tinha neve, ou seja, não dá para esquiar. Já a temporada de inverno é mais longa, o que faz com que os esportes de inverno possam ser praticados por mais tempo que o normal na América do Sul.

Assista ao vídeo sobre a viagem:

No verão a temperatura não passa dos dez graus, com muito vento e garoa. Por isso se agasalhe bem. Leve luvas, gorro, cachecol, casacos quentinhos. Óculos também são importantes, por causa do vento.

Nossa primeira parada foi na Placa de Ushuaia, fica bem ali no Centro, onde há várias cabanas de madeira vendendo diversos passeios – nós já fomos com tudo comprado e reservado. Aproveite e vá ao Centro de Informações ao Turista e peça o carimbo da cidade no seu passaporte. Continuamos andando até o famoso letreiro, durante a caminhada sentimos o vento gelado, e imaginamos como seria o inverno por ali!

Foto: Arquivo Pessoal

Nosso primeiro dia era para ficar de boa, sem passeio agendados, então fomos conhecer alguns dos museus. O Museo del Fin del Mundo, era uma sala, poderia ser o menor museu do mundo. Mas tudo bem, pois aproveitei e peguei mais um carimbo no passaporte. A Argentina é famosa por suas carnes especiais, assim fomos almoçar no Casimiro Biguá, super recomendado. O almoço estava delicioso. Passeamos mais um pouco pelo centrinho, vendo as lojinhas, tomando chocolate quente.

No segundo dia começamos em uma loja de lembrancinha muito legal e grande, ela fica ao lado do Museo da Historia Fueguina, e atrás da loja tem uma área legal para fotos. Recomendo ir no Museo da Historia Fueguina, é audioguiado, ou seja, você recebe um fone que vai explicando toda a história da cidade, também com algumas de suas lendas. Dali fomos caminhando – sim pode ser feito praticamente tudo a pé no Centro – para o mais famoso e mais visitado, e o Museu Marítimo del Presidio.

Ushuaia já foi um lugar onde ninguém queria morar, e o antigo presidio foi construído como estratégia de repovoamento. Hoje funciona como um Museu Marítimo, que conta a história dos navios e das expedições que passaram por ali, além de Museu Antártico e um museu de arte. É possível fazer o tour com guia, o que ajuda a compreender melhor toda essa história. Não deixe de entrar nas alas das celas e ir até o final no banheiro: confesso que foi um pouco assustador.

Hora do almoço, num lugar super tradicional, Ramos Generales El Almacén. Um lugar que mistura antiguidades com restaurante, padaria, doceria, vinoteca, tem para todos os gostos. Dali fomos até a placa de Ushuaia, onde saem a maioria das excursões de barco. O nome do passeio é Pinguinera. Navegamos pelo Canal Beagle, que liga o oceano Atlântico ao oceano Pacífico, e chegamos até o Farol do Fim do Mundo, um dos símbolos da cidade, e estava repleto de pinguins.

Foto: Arquivo Pessoal

Mas você sabia que na verdade esse não é o Farol do Fim do Mundo? O verdadeiro é o Farol de San Juan de Salvamento, localizado na costa leste da remota Isla de los Estados, o qual ganhou a designação de Farol do Fim do Mundo devido ao livro The Lighthouse at the End of the World do Jules Verne, publicado na França em 1905.

Mas tudo bem, vimos o “Quase Farol do Fim do Mundo”. Para finalizar o passeio chegamos a uma ilha repleta de pinguins, pena que não pudemos descer. Há um outro passeio que pode, porém me falaram que o preço é bem salgado.

Para finalizar o dia, jantar no mais antigo bar da cidade, o Bar Ideal. Ali provamos um prato de caranguejos gigantes, prato típico, coloque no roteiro.

Mais uma atração que não pode ficar de fora, El Tren del fin del Mundo. Você já terá aprendido sobre a história nos museus, e agora verá de perto um pouco dela. Antigamente, em 1909, os presidiários eram transportados de trem para cortar as árvores e fornecer lenha a população. Em 1952 o trem foi desativado, logo após decreto presidencial para o fechar do presídio, em 1947.

Foto: Arquivo Pessoal

Foi em 1995 que a empresa Tranex Turismo decidiu reativá-lo e colocou uma réplica do trem dos presos para rodar. E é nesse trem que percorremos o trajeto. A paisagem é muito bonita, o que não estamos acostumados a ver é o “cemitério de árvores” como eles mesmo chamam, que restou do corte de árvores na época. O final do passeio já estávamos dentro do Parque Nacional da Terra do Fogo.

Seguimos pelo parque até chegarmos ao final da Ruta Nacional 3, que é o ponto mais ao sul que você pode chegar carro. Depois disso somente de barco, avião ou a pé, mas não é só isso, ela vai muito mais além. A Rodovia Pan-Americana é uma das maiores extensões rodoviárias do mundo, ligando o Alasca, ao Ushuaia. São mais de 22 mil quilômetros de estrada.

Cada país a nomeia diferente, em solo argentino é Ruta Nacional 3. Havia muitos motoqueiros e motorhomes no local, muitos aventureiros quem sabe terminando sua rota. Aproveite que está no parque e vá até o Correo Del Fin Del Mundo, na Unidade Postal da Isla Redonda, onde está o famoso Carimbo do Fim do Mundo, custa 50 pesos argentinos.

Mais um passeio no mesmo dia, e esse foi um dos que mais gostei. Foi simples, mas foi lindo demais, o Castores no Valle Hermoso. Fomos recepcionados por um casal em uma cabana de madeira estilo montanhês que eles mesmos construíram.

Valle Hermoso / Foto: Arquivo Pessoal

Ele nos levou para o passeio enquanto ela ficou para preparar o jantar. Colocamos galochas e ganhamos bastões para auxiliar na caminhada. Fomos em busca dos castores, o passeio acontece um pouco antes do pôr do sol, que é o horário que eles saem das tocas. O vale era de uma beleza incrível, com a luz de final do dia, de tirar o fôlego, eu fiquei encantada.

O lugar que caminhamos se chama turbal, parecia que caminhávamos em cima de uma esponja, mas na verdade era um depósito de matéria orgânica de milênios, ou seja, fungos, por isso o aspecto e sensação de esponja. Passamos por várias represas que os castores construíram, e pudemos ver alguns trabalhando, foi incrível. Ao final, voltamos à cabana e jantamos com o casal, que mais pareciam antigos amigos nossos.

No nosso último dia finalizamos com um passeio de 4×4. Seguimos algumas rotas desativadas, pirambeira mesmo, e sacudia muito, passamos por mais represas de castores, e seguimos até chegar no lindo Lago Fagnano, e terminamos com um autêntico almoço fueguino na cabana em frente ao lago. Fiquei ali, sentadinha nas pedras, ouvindo o barulhinho das ondas do lago, respirarndo o ar puro da floresta em que estávamos, para agradecer o fim da viagem.

Lago Fagnano / Foto: Arquivo Pessoal

Com certeza quero voltar no inverno, para conhecer mais desse lugar incrível. Foi uma viagem bem diferente do que estou acostumada a fazer, amei e recomendo. Ou quem sabe vou até ali para pegar o navio que leva até a Antártica? Está na minha lista!

Dicas

Para todos os passeios leve água e algum lanche, há para comprar nos lugares, porém além de caro, muitas vezes costuma acabar;
Mesmo no verão é frio, agasalhe-se bem e leve hidratante para o corpo e lábios;
internet é realmente de fim de mundo, wi-fi do hotel e restaurantes funcionava direito;

Frase: “Vamos vagar por onde o wi-fi é fraco”
Barcelover