Sempre ouvi falar muito bem de Punta – como é carinhosamente chamada a cidade. Via fotos lindas, amigos falando que queriam voltar pois adoraram quando foram. Mas como aqui eu divido as minhas experiências e dicas e com vocês, acho importante falar como realmente foi para mim.

Eu senti muito “potencial” no lugar, acho que realmente o problema foi a época do ano que fui visitar. Depois eu percebi que eu paguei muito barato o pacote para ir para lá, e então o porquê do preço. Isso que já falei aqui né, que temos que pesquisar se a data que estamos viajando está de acordo com a nossa expectativa. Claro que eu não esperava um verão e festas no meio do inverno, imaginei que seria como Balneário Camboriú na baixa temporada.

O problema é que a maioria das atrações turísticas, lojas e restaurantes estavam fechados, o que foi uma pena, e então não atendeu as expectativas da viagem. Já está no caderninho de anotações voltar a Punta em outra época do ano, e então sim conferir de perto todas as atrações e contar para vocês de um jeito que seja muito empolgante e que faça a coceirinha da viagem aparecer.

Mas vamos lá, vou contar como foi nosso roteiro. Punta del Este em 2008 foi considerada pela revista Forbes o balneário mais luxuoso da América do Sul. Viemos de carro de Montevideo, que fica a 135km de distância, chegando próximo à cidade começamos a ver belos jardins, casas e condomínios de alto padrão por toda orla.

Ficamos hospedados no Casino Enjoy, que é o novo nome do tradicional Casino Conrad. Gostei do hotel, bem localizado, quartos grandes, café da manhã completo, uma estrutura de piscina e bar bem bacana, e claro o grande atrativo, o casino. Não é grande, porém é bonito e com máquinas e mesas de jogos de todos os tipos. Há também uma balada no local. Mesmo se você não se hospedar ali, pode usufruir a estrutura do casino.

Fomos almoçar em uma das principais ruas de comércio e restaurantes da cidade, a Avenida Gorlero. Foi difícil achar um restaurante aberto e, quando achamos, a comida não estava tão boa assim, e achei cara, pelo que foi servido. Queríamos dar uma voltinha pelas lojas, mas estavam fechadas.

Assim começamos nosso roteiro, o primeiro passeio foi na Casa Pueblo. A famosa casa de verão do artista plástico uruguaio Carlos Páez Vilaró, idealizada e construída por ele em 1958. Hoje constitui-se de um museu, galeria de arte, restaurante e hotel. O lugar fica em uma encosta com vista privilegiada em Punta Ballena. Sua arquitetura relembra construções gregas.

O hotel estava fechado, passeamos pelo museu e galeria de arte, uma curiosidade é que tem vários gatos pelo local, que ficam circulando por ali. O grande atrativo, além da arquitetura, é o incrível pôr do sol. Todas as tardes, desde 1994, a Cerimônia do Sol acontece nos terraços, infelizmente devido ao mau tempo, chuva e muito vento, não conseguimos ver. Dizem que minutos antes do sol se pôr escuta-se a voz do artista em uma gravação de um poema ao sol, para despedir-se dele.

No outro dia de manhã, nossa primeira parada foi em um dos cartões postais da cidade, La Mano, ou também mais conhecida como Los Dedos, criado em 1982 pelo artista plástico chileno Mario Irarrázabal. Pausa para muitas fotos por ali. Continuamos para o Farol, construído em 1860, feito para orientar as embarcações no oceano Atlântico e no Rio de la Plata. Estava fechado, então não pudemos subir.

Ali pertinho está o Museo Paseo de Neruda, casa onde o poeta chileno Pablo Neruda morou com a sua segunda esposa, Matilde, por um tempo. Visitei suas casas em Valparaíso e Santiago no Chile, são muito interessantes e cheias de personalidade, então queria visitar mais essa, porém estava fechada.

Logo ali em frente fica o Porto de Punta del Este, com diversos iates que devem fazer muitas festas e circular pela orla durante o verão. Acredito ser uma região muito bonita para um happy hour com pôr do sol, há diversos bares e restaurantes com terraços, e dizem ser bastante disputados. Passeamos um pouco pela passarela de madeira, e demos continuidade ao roteiro que era conhecer o Museu Ralí, mas uma vez, estava fechado.

Essa hora ficamos indignados e colocamos no GPS para ir em alguma vinícola por perto – a Garzón iriamos no dia seguinte – e então descobrimos que fomos na pior semana possível conhecer Punta. Fomos a três vinícolas – a cerca de 45 minutos da cidade – e todas elas estavam fechadas. Claro que eu olhei no Tripadvisor, e mesmo no Google para ver os horários de funcionamento, e eles diziam estar abertos. Pior, diziam ter almoço.

Com fome e tristes por estar tudo fechado, voltamos para cidade e almoçamos na rua Rambla General Artigas, a que mencionei antes, por ter diversos restaurantes por ali. Escolhemos o El Secreto, com vista para o mar e comida muito gostosa. Pelo menos nesse dia ocorreu um lindo pôr do sol. Vimos em um deck na praia em frente ao hotel. Cores vibrantes e fortes migrando do vermelho ao laranja pintaram o céu para se despedir do dia. Esse realmente valeu.

À noite jantamos no Punta Salinas, uma autêntica parrilla uruguaia, e depois nos divertimos no casino do hotel.

Dia seguinte fomos conhecer a Vinícola Garzón. Espetacular, merece uma matéria só sobre ela, a visita vale muito a pena. Ao final de tarde tentamos ir comer o famoso waffle no hotel L’Auberge, um charme o lugar, mas adivinha, não estavam servindo o waffle. Então desistimos de vez, retornamos para a praia para finalizar nossa viagem com mais um lindo pôr do sol, jantamos pelo hotel e mais uma vez nos divertimos no casino.

Eu sei que fui na baixa temporada, mas mesmo assim não posso negar e dizer que não me decepcionei. Um lugar com essa fama estar quase como uma cidade fantasma? Ainda bem que a vinícola Garzón salvou o passeio. Mesmo assim, está anotado para voltar na alta temporada e então me encantar com tudo que dizem sobre Punta e poder contar aqui para vocês. Fica a dica para vocês e lição para mim, de pesquisar mais sobre o local, e conferir essas pequenas coisas que fazem a diferença na sua viagem.

Curiosidade

A história da Casapueblo começou com uma cabana de madeira, construída pelo próprio artista e com a ajuda de pescadores. A canção “A Casa”, de Vinicius de Moraes, que dizia: “Era uma casa muito engraçada/não tinha teto, não tinha nada” foi inspirada nessa casa. Vilaró era também escritor e compositor, sempre recebia artistas, pintores e intelectuais de todas as partes do mundo em sua casa.

Frase: Sin locura no hay grandeza
Carlos Paez Vilaró