Como foi um dos assuntos mais compartilhados dos últimos dias, provavelmente você deve ter visto a já famosa primeira imagem de um buraco negro. Todos os entusiastas das ciências, aqueles que se contrapõem ao movimento crescente que nos faz tropeçar em terras planas e militantes contra vacinas o tempo todo, ficaram empolgados.
Empolgadíssima, mais do que todo mundo, é claro, ficou a cientista Katie Bouman – 29 anos, formada em Ciências da Computação pelo MIT e chefe da equipe que desenvolveu o estudo que tornou a imagem possível. Nessa foto dá para ver claramente a sensação de trabalho bem feito, estampada em seu rosto.
Mas, veja só, ela é uma mulher. E, é claro, alguém – no caso, “alguéns” – precisa tentar desqualificar a conquista capitaneada por uma mulher. Nas redes sociais, sempre elas, os comentaristas questionaram os créditos que ela recebeu, sem que a equipe – toda masculina, é bom dizer – seja também citada. Só falta falar, se é que não o fizeram, que na verdade ela é subordinada de algum homem, mais qualificado do que ela.
Parece óbvio que, hoje, não existe grande descoberta científica feita por alguém individualmente. Pelo menos nessa área, equipes se completam e se complementam. Mas… fica a pergunta: se os créditos principais da imagem do buraco negro tivessem tido dados a um homem, especialmente se fosse aquele padrão de homem branco de “meia idade”com cara de médico de filme… será que alguém questionaria sua liderança ou exigiria que os créditos fossem divididos entre todos os envolvidos?
O que você pensa?
Claudia Bia – jornalista perguntadeira