Morador de Guabiruba cria alianças a partir de moedas antigas
Valmor de Souza já produziu cerca de 100 pares em processo que desenvolveu sozinho
Valmor de Souza já produziu cerca de 100 pares em processo que desenvolveu sozinho
Muito educado e de poucas palavras, Valmor de Souza, de 57 anos, é especialista quando o assunto é fazer alianças com moedas antigas. Em um primeiro momento, parece impossível tal transformação, mas para o morador da rua Holstein, no bairro São Pedro, em Guabiruba, o trabalho artesanal faz parte do seu dia a dia.
Nascido em Bom Retiro, na Serra Catarinense, Souza e a família se mudaram para Guabiruba há quase 30 anos, onde administram uma mercearia. E é na varanda do comércio que ele começou a dar as primeiras lapidadas na sua produção de alianças.
Há dois anos, após a esposa lhe “incomodar” porque sua aliança havia quebrado, Souza foi até um estabelecimento com o intuito de comprar uma nova. No entanto, ao saber que precisaria desembolsar R$ 700, resolveu fazer o seu próprio anel.
“Achei muito caro e então falei para mim mesmo que eu iria fazer a aliança”. Na infância, quando tinha 10 anos e trabalhava na lavoura, Souza tinha um vizinho que fazia anéis desta maneira.
Ao recordar o que ele fazia, o morador de Guabiruba começou a “brincar” manualmente, até que após estragar algumas moedas, conseguiu fazer a sua aliança e deixá-la em perfeitas condições. “Tudo é feito na base do cacete”.
Souza não sabe explicar ao certo quais são os procedimentos que realiza para a confecção do anel, porém, independentemente do processo, o trabalho fica excelente. Percepção e amor ao que faz talvez sejam o segredo.
De forma simples, ele bate com um martelo na moeda antiga, geralmente cruzeiros, em um ferro, até que ela se torne um “chapeuzinho”, ou seja, para que ceda um pouco. Após isso, fura a moeda ao centro. Com a aliança furada, coloca-a no centro de um ferro – que ele buscou no ferro-velho – e inicia a etapa de tratamento. Depois lapida o anel até que chegue no tamanho do dedo da pessoa que irá usar.
Na sequência, segue para a parte final, onde com uma lixa e a furadeira, lapida minunciosamente a aliança. Depois, ele faz o mesmo processo, mas com um paninho, para deixá-la mais brilhosa.
Em um dia, geralmente, uma par de alianças é confeccionado por Souza. Nestes dois anos, já foram feitos cerca de 100 pares, sendo que a maioria não são vendidas. “Como eu comecei na brincadeira e foi dando certo, o pessoal vinha me pedindo. Faço mais pela amizade, o custo é mínimo e a gente está parado, faço com gosto”, relata.
Em média, as alianças são vendidas a partir de R$ 150. Mas ele diz, que um cliente de Joinville gostou tanto do trabalho, que chegou a pagar R$ 400.
Terapia
Há dois anos Souza parou de fumar cigarros e o trabalho artesanal tem sido um grande aliado para se manter firme e sem vontade de voltar ao vício. Ele afirma que manter a mente ocupada é uma terapia. “Se ficar parado é coisa séria a vontade de pegar o cigarro. Cabeça ocupada não tem tempo de pensar nisso”, diz o artesão.
Saiba mais
Para conhecer o trabalho artesanal de Souza, entre em contato pelo telefone (47) 991-727-482 ou faça uma visita até a mercearia Holstein, no São Pedro.