Mudança de cidade e acesso à elite: quem é o AFS, clube do dono da SAF do Brusque

Time português estreia na Liga Portugal em 2024-25, dois anos após transferência que o tirou do sul e o colocou no norte do país

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Rubens Takano Parreira adquiriu a Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do Brusque na noite desta quinta-feira, 30, e tem agora dois clubes de futebol: o empresário é também dono e presidente do AVS Futebol SAD, de Portugal. Em 2024-25, o clube disputa a primeira divisão do país, dois anos após sua mudança saindo de Vila Franca de Xira, na região metropolitana de Lisboa, rumo à Vila das Aves, localizada 300 quilômetros ao norte, próxima ao Porto.

O AVS Futebol SAD, ou AFS, como é abreviado, é o atual 15º colocado entre os 18 clubes da Liga Portugal, a primeira divisão portuguesa. Faz sua temporada de estreia na elite, após a obtenção do terceiro lugar na segunda divisão. Na sequência, venceu os dois jogos do play-off contra o Portimonense, 16º colocado da Liga Portugal 2023-24, para conquistar o acesso.

A casa do AFS é o Estádio do Clube Desportivo das Aves. O estádio está localizado na Vila das Aves, no município de Santo Tirso, região metropolitana do Porto. Santo Tirso tem aproximadamente 70 mil habitantes, dos quais cerca de 8 mil vivem na Vila das Aves, apelidada de “a maior vila do futebol português. Conforme o site oficial da liga, a casa alugada do AFS tem capacidade para 5228 torcedores. A média de público, na Liga Portugal, é de 2.711 torcedores por jogo.

O CD Aves é o proprietário do estádio, e não têm ligação histórica com o AFS. É um clube tradicional, fundado em novembro de 1930 e extinto em 2020, após grave crise financeira da SAD (equivalente à SAF no Brasil). Acabou refundado no mesmo ano e, no futebol, jogava competições distritais até encerrar as atividades para dar lugar à AFS, que arrenda o estádio do CD Aves.

Entre os jogadores mais conhecidos pelos brasileiros no plantel atual, estão o meia Lucas Piazon (ex-Botafogo e ex-Chelsea) e o goleiro mexicano Guillermo Ochoa, presente nas Copas do Mundo de 2006 a 2022.

Antes do AFS: a compra do Vilafranquense

Rubens Takano Parreira comprou a maior parte das ações da Sociedade Anônima Desportiva (SAD) da União Desportiva Vilafranquense em dezembro de 2019, por 1,8 milhões de euros à época. A SAD foi presidida por Henrique Sereno, ex-zagueiro português de clubes como Porto-POR e Mainz-ALE, em dois períodos distintos, o último deles até junho de 2024, sendo substituído pelo próprio Rubens Parreira.

Em sua primeira passagem como presidente, entre 2019 e 2020, Sereno chegou anunciando o pagamento de todos os salários em atraso no clube, e projetando do pagamento de todas as dívidas acumuladas nos meses seguintes. O Vilafranquense jogava a segunda divisão.

A temporada 2019-20 foi encerrada excepcionalmente na 24ª rodada, por conta da pandemia, com o clube ocupando o 16º lugar entre 18 equipes. Em 2020-21, o Vilafranquense foi vice-lanterna, mas permaneceu na segunda divisão, sendo rebaixado no seu lugar o Cova da Piedade, 11º colocado, por não ter apresentado documentação legal e financeira dentro do prazo de inscrição.

O Vilafranquense teve uma temporada muito melhor em 2021-22, treinado por Filipe Gouveia, atual técnico do Brusque: ficou no 12º lugar. E em 2022-23, já sem Gouveia, foi o sétimo colocado.

Vilafranquense SAD
O Vilafranquense SAD em 2022-23, logo antes da mudança para a Vila das Aves | Foto: UD Vilafranquense/Divulgação

Problema de estádio: SAD se transfere à Vila das Aves

O estádio do Vilafranquense, o Campo do Cevadeiro, é municipal e nunca atendeu às condições mínimas para receber jogos da segunda divisão de Portugal. Portanto, desde que voltou a esta divisão após 32 anos, o time não pôde jogar verdadeiramente em casa. Mandava suas partidas no Estádio Municipal de Rio Maior, a quase 60 quilômetros de seu estádio em Vila Franca de Xira, na região metropolitana de Lisboa.

A ideia inicial era de que a Câmara Municipal de Vila Franca de Xira viabilizasse uma reforma ou reconstrução do Campo do Cevadeiro. Contudo, os projetos nunca saíram do papel. Em março de 2022, Henrique Sereno confirmava à imprensa a possibilidade de a SAD do Vilafranquense sair do município caso a situação sobre estádio não fosse resolvida.

Em dezembro de 2022, com as intenções de mudança da SAD muito claras, foi feito o movimento decisivo. A SAD era formada com 10% de ações pertencentes ao clube associativo. Em assembleia geral, os sócios do Vilafranquense votaram pela venda da participação de 10% ao acionista majoritário da sociedade: a Números Mouriscos Unipessoal Lda., propriedade do empresário brasileiro Rubens Takano Parreira.

Polêmicas em Vila Franca

Após a confirmação da mudança da SAD à Vila das Aves, reportagens na imprensa portuguesa mostravam indignação de sócios e torcedores do Vilafranquense, acusando falta de transparência no processo de aquisição dos 10% da SAD.

Em reportagem do jornal Público em abril de 2023, um sócio do Vilafranquense chamado David Inácio acusa a direção da SAD de ter inscrito jogadores, familiares, dirigentes e funcionários como sócios do clube associativo para que o resultado da votação fosse a venda dos 10%.

“Sim, os estatutos permitem isso. Mas foi tudo muito pouco transparente e eu disse isso na assembleia-geral, que não admitia que pessoas inscritas há 20 dias estivessem ali ao lado de quem é sócio há 40 ou 50 anos”, afirmou à época.

No mesmo período, outro sócio do Vilafranquense, Ricardo Marques, relatou ao MaisFutebol: “Para o último mês de dezembro foi marcada uma Assembleia Geral, para aprovar a venda dos 10% da SAD que ainda estavam na posse do clube. Isto não fazia sentido e, através de um requerimento, entregue por mim, manifestamos que era necessário realizar uma sessão de esclarecimento primeiro e conhecer os contornos da venda antes de votar.”

“Desta forma, e através de dezenas de sócios fictícios, a venda foi aprovada com uma diferença de 85 votos. No entanto, ficou escrito em ata que era necessário criar uma comissão de acompanhamento e que a venda tinha de ser retificada por uma nova assembleia-geral depois de conhecidos os contornos do negócio.”

Em clima de absoluto divórcio com sua torcida na segunda parte da temporada 2022-23, o Vilafranquense, por meio da SAD, terminou a segunda divisão no sétimo lugar. Seus torcedores, já sabendo do revés desde 2022, ficaram sem time a partir de então, precisando retornar às divisões amadoras.

Conforme a diretoria do Brusque associativo, que detém 10% do Brusque FC SAF, o clube tem proteções em contrato contra um mudanças de sede e cidade, determinando que centro de treinamento e estádio sejam estabelecidos em território brusquense.

Surge o AVS Futebol SAD

O AVS Futebol SAD teve na segunda divisão portuguesa sua primeira temporada, assumindo a vaga do que era a SAD do Vilafranquense. Agora com estádio adequado, acumulou 20 vitórias, quatro empates e 10 derrotas, chegando ao terceiro lugar do campeonato.

Classificou-se, então, ao play-off, fazendo um mata-mata com o Portimonense, 16º colocado da primeira divisão. Venceu por 2 a 1, tanto na ida, em Portimão, quanto na volta, na Vila das Aves, e subiu à elite.


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