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Mudanças e união da comunidade: capela do Vargem Grande, em Botuverá, marca história de moradores

Desde a década de 1930, comunidade já teve ao menos quatro estruturas

Um registro de construção da capela do bairro Vargem Grande é definido pela idade do morador Germano Dalabeneta, de 84 anos. Ele, que reside com a família em um sítio no local, recorda que levou os tijolos que formaram as pilastras de uma estrutura de madeira em 1946.

“Eu tinha 8 anos e ia na escola. Na hora do recreio, eu levava tijolo para o pedreiro fazer o pilar. Não tinha escadaria na época, eu levava os tijolos da estrada para a obra, nas costas, para ajudar. Depois do meio-dia, eu trabalhava a tarde toda ajudando a colocar os pilares”, conta.

Luiz Antonello/O Município

Germano detalha que, após a instalação dos pilares, o assoalho da capela foi feito com madeiras de peroba, doadas pelo pai dele, Pacífico Dalabeneta.

A construção demorou, pois, segundo o morador, as dificuldades eram maiores na época, pela falta de equipamentos. Ainda, ele comenta que a madeira era procurada na mata local e cepilhada a mão.

Apesar da memória da construção nesta data, registros paroquiais apontam que já havia uma capelinha de madeira no local desde 1936. A pequena estrutura foi demolida para a construção da nova igreja.

Luiz Antonello/O Município

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Antes das obras, Germano lembra que fez a primeira comunhão dentro da escola no bairro. Já para participar das celebrações, os moradores iam até a capela do Ribeirão do Ouro para acompanhar as missas.

O morador lembra que, antigamente, as missas eram celebradas quando os padres iam até a comunidade. “Eles vinham a cada três meses, ou um mês. Antes, ficavam uma noite, tinha missa e de manhã tinha outra. Aí ele saía e ia para outra comunidade. Tinha vezes que o padre ficava a semana aqui em cima, antes de voltar para Brusque”, recorda.

Naquele tempo, Germano lembra que a igreja ficava abarrotada de gente quando tinha missa. Os encontros com os amigos eram na igreja. “Se a comunidade não tivesse a capela aqui, ninguém mais iria na igreja, seria um fracasso”, aponta.

Novas estruturas

Luiz Antonello/O Município

A capela feita na década de 1940 permaneceu no local até 1977, quando foi demolida. O ano é recordado pois moradores do bairro foram batizados no templo no dia da demolição.

Então, a nova estrutura foi feita de alvenaria. Germano, já adulto, ajudou na doação de madeira usada para o alinhamento superior da capela.

Na década de 1990, a estrutura precisava de uma reforma, mas a avaliação de um engenheiro apontou que havia defeito no teto, que não suportaria o peso do telhado. O resultado foi mais uma demolição, no final dos anos 90, quando foi iniciada a construção da atual capela.

Luiz Antonello/O Município

Natural de Vidal Ramos, a agricultora e atual integrante da diretoria da comunidade, Sueli Aparecida Dalabeneta, 40, recorda que na primeira missa que participou na comunidade a capela ainda estava sendo finalizada.

Hoje, segundo ela, as missas são realizadas de 15 em 15 dias. A primeira do mês é feita no domingo e a segunda é no sábado à tarde. Antes da pandemia de Covid-19, era realizada a celebração da palavra nos domingos sem missa.

A padroeira da capela do Vargem Grande é a Santa Terezinha, com festa realizada no último final de semana de setembro. Contudo, Sueli ressalta que neste ano a festa será realizada em 2 de outubro.

Por trás de uma capela, uma comunidade unida

Luiz Antonello/O Município

Apesar das dificuldades, Sueli ressalta que gosta de atuar na diretoria. Ela relata que o marido Daniel Dalabeneta já participava antes deles se casarem, em 1999.

Contudo, um momento marcante para Sueli foi o grave acidente de trator sofrido pelo companheiro em 19 de novembro de 2015. “A comunidade inteira nos ajudou, todos foram solidários. Tínhamos a colheita do trabalho, a comunidade se organizava para ajudar, sempre tinham voluntários. Então, não é em vão o serviço que dedicamos aqui, pois quando precisamos, nos apoiaram”, recorda, emocionada.

Sueli cuidava de uma filha pequena na época e a família precisou se adaptar a uma nova realidade. Daniel até hoje se recupera das sequelas do acidente.

“Não era para ele estar vivo, é um milagre dos grandes. Se foi Deus que orientou as pessoas ou foi a boa convivência do meu marido na comunidade, não sei. Mas eles foram solidários quando a gente precisou. Sou muito grata por tudo que fizeram para nos ajudar. Hoje, essa igreja é a minha segunda casa e adoro o que eu faço”, finaliza.

Luiz Antonello/O Município

Confira mais fotos do templo:

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