“Eu tinha 8 anos e ia na escola. Na hora do recreio, eu levava tijolo para o pedreiro fazer o pilar. Não tinha escadaria na época, eu levava os tijolos da estrada para a obra, nas costas, para ajudar. Depois do meio-dia, eu trabalhava a tarde toda ajudando a colocar os pilares”, conta.
Germano detalha que, após a instalação dos pilares, o assoalho da capela foi feito com madeiras de peroba, doadas pelo pai dele, Pacífico Dalabeneta.
A construção demorou, pois, segundo o morador, as dificuldades eram maiores na época, pela falta de equipamentos. Ainda, ele comenta que a madeira era procurada na mata local e cepilhada a mão.
Apesar da memória da construção nesta data, registros paroquiais apontam que já havia uma capelinha de madeira no local desde 1936. A pequena estrutura foi demolida para a construção da nova igreja.
Antes das obras, Germano lembra que fez a primeira comunhão dentro da escola no bairro. Já para participar das celebrações, os moradores iam até a capela do Ribeirão do Ouro para acompanhar as missas.
O morador lembra que, antigamente, as missas eram celebradas quando os padres iam até a comunidade. “Eles vinham a cada três meses, ou um mês. Antes, ficavam uma noite, tinha missa e de manhã tinha outra. Aí ele saía e ia para outra comunidade. Tinha vezes que o padre ficava a semana aqui em cima, antes de voltar para Brusque”, recorda.
Naquele tempo, Germano lembra que a igreja ficava abarrotada de gente quando tinha missa. Os encontros com os amigos eram na igreja. “Se a comunidade não tivesse a capela aqui, ninguém mais iria na igreja, seria um fracasso”, aponta.
Novas estruturas
A capela feita na década de 1940 permaneceu no local até 1977, quando foi demolida. O ano é recordado pois moradores do bairro foram batizados no templo no dia da demolição.
Então, a nova estrutura foi feita de alvenaria. Germano, já adulto, ajudou na doação de madeira usada para o alinhamento superior da capela.
Na década de 1990, a estrutura precisava de uma reforma, mas a avaliação de um engenheiro apontou que havia defeito no teto, que não suportaria o peso do telhado. O resultado foi mais uma demolição, no final dos anos 90, quando foi iniciada a construção da atual capela.
Natural de Vidal Ramos, a agricultora e atual integrante da diretoria da comunidade, Sueli Aparecida Dalabeneta, 40, recorda que na primeira missa que participou na comunidade a capela ainda estava sendo finalizada.
Hoje, segundo ela, as missas são realizadas de 15 em 15 dias. A primeira do mês é feita no domingo e a segunda é no sábado à tarde. Antes da pandemia de Covid-19, era realizada a celebração da palavra nos domingos sem missa.
A padroeira da capela do Vargem Grande é a Santa Terezinha, com festa realizada no último final de semana de setembro. Contudo, Sueli ressalta que neste ano a festa será realizada em 2 de outubro.
Por trás de uma capela, uma comunidade unida
Apesar das dificuldades, Sueli ressalta que gosta de atuar na diretoria. Ela relata que o marido Daniel Dalabeneta já participava antes deles se casarem, em 1999.
Contudo, um momento marcante para Sueli foi o grave acidente de trator sofrido pelo companheiro em 19 de novembro de 2015. “A comunidade inteira nos ajudou, todos foram solidários. Tínhamos a colheita do trabalho, a comunidade se organizava para ajudar, sempre tinham voluntários. Então, não é em vão o serviço que dedicamos aqui, pois quando precisamos, nos apoiaram”, recorda, emocionada.
Sueli cuidava de uma filha pequena na época e a família precisou se adaptar a uma nova realidade. Daniel até hoje se recupera das sequelas do acidente.
“Não era para ele estar vivo, é um milagre dos grandes. Se foi Deus que orientou as pessoas ou foi a boa convivência do meu marido na comunidade, não sei. Mas eles foram solidários quando a gente precisou. Sou muito grata por tudo que fizeram para nos ajudar. Hoje, essa igreja é a minha segunda casa e adoro o que eu faço”, finaliza.