Multinacional BorgWarner produzirá motores de partida para a Hyundai em Brusque

Empresa adquiriu recentemente a Remy e projeta um 2017 com boas perspectivas

Multinacional BorgWarner produzirá motores de partida para a Hyundai em Brusque

Empresa adquiriu recentemente a Remy e projeta um 2017 com boas perspectivas

Apesar do período de queda nas vendas de automóveis no Brasil, a unidade de Brusque da BorgWarner tem boas perspectivas para 2017. A multinacional norte-americana fechou contrato com a montadora sul-coreana Hyundai recentemente e irá fornecer o motor de partida de todos os HB20 vendidos no país a partir de janeiro.

O Município Dia a Dia participou de uma visita guiada e de um bate-papo com Adson Silva, diretor de operações da fábrica, ontem, a convite da empresa.

Silva é o diretor de operações da PowerDrive Systems (como se chama a divisão de Brusque). Ele diz que a empresa iniciou a fase de adaptação para produzir para a Hyundai em setembro. “A partir de janeiro, estará 100%”, afirma o executivo.

O novo contrato é comemorado por Silva, pois irá compensar a baixa no mercado automobilístico. “Dá boas perspectivas para 2017”.
A BorgWarner do município é a antiga Remy International, que foi comprada no ano passado. A fábrica é referência mundial na produção de motores de partida. A peça que irá para os HB20, especificamente, será para motores até 1.8.

O compacto motor de partida da BorgWarner tem 50% de componentes locais. Um dos fornecedores da companhia é a Zen. “Aumentar o conteúdo local com peças competitivas e de alta tecnologia é uma prioridade para a Hyundai”, afirma o diretor de operações. Ele ressalta que o foco dos equipamentos produzidos em Brusque é a economia e a performance.

Em todo o lugar

Quem vê um Cobalt ou Onix provavelmente não imagina que uma das peças mais importantes para o funcionamento do veículo foi produzida em Brusque. A fábrica do município faz o motor de partida desses modelos, pois a BorgWarner tem contrato com a General Motors – detentora da marca Chevrolet.

A unidade de Brusque também faz motores de partida para caminhões. Dentre as marcas que utilizam os equipamentos estão Volkswagen, MAN, Volvo e Mercedes Benz.


Aquisição da Remy gerou investimentos em Brusque

Em 2015, a BorgWarner, uma multinacional que atua em 17 países, adquiriu a Remy, a qual tinha uma fábrica em Brusque desde 2000. A Remy veio para a cidade em 1998 por meio de uma joint venture (parceria) com a Zen, que buscava a internacionalização.

Em 2003, a parceria acabou e a Remy trilhou seus próprios passos. Até que em 2015 a BorgWarner adquiriu a Remy. Na época, a compra gerou incertezas no mercado e nos funcionários.

Entretanto, segundo Silva, os postos de trabalho foram mantidos. “Houve investimento na parte fabril, de infraestrutura, porque os padrões da BorgWarner são mais elevados e restritos”.

A injeção de valores – não divulgados – possibilitou a melhora dos meios de produção e o cumprimento dos padrões internacionais para que a Hyundai chegasse a aprovar a parceria.

Do ponto de vista prático, o diretor de operações diz que pouca coisa mudou. A Remy já era americana, assim como a BorgWarner, portanto, não houve uma grande mudança de filosofia.

O que muda são as marcas. A Delco Remy será mantida apenas na linha pesada. Já a linha leve será totalmente renomeada para BorgWarner, conforme o executivo.

Mão de obra é valorizada

A pergunta que Adson Silva mais escuta desde o início dos anos 2000 é por que a multinacional (antes Remy, agora, BorgWarner) resolveu ficar em Brusque quando poderia para uma cidade maior.

O executivo diz que vários fatores foram considerados. “A mão de obra é mais europeia”. Segundo ele, a região tem a cultura do trabalho muito enraizada e isso é importante para a indústria.

A localização geográfica da cidade também foi determinante. Embora boa parte da produção automotiva nacional esteja mais concentrada em São Paulo e Paraná, Brusque não está tão longe e é viável economicamente manter a planta.


Países com divisões da BorgWarner

Estados Unidos, Japão, Itália, Alemanha, China, Reino Unido, Coréia do Sul, Índia, Tailândia, México, Suécia, Hungria, Polônia, Irlanda, Portugal, França, Espanha e Brasil


Unidade local tem modelo japonês de produção

Segundo a empresa, a capacidade de fabricação é de 1,2 milhão de motores de partida para a linha leve (carros) e 240 mil para a linha pesada. Em 2015, com a baixa no mercado, foram produzidos 400 mil motores de partida para a linha leve e 60 mil para a pesada.

 Adson Silva, diretor de operações, é um dos quatro primeiros funcionários da unidade de Brusque, quando ainda era Remy / Foto: BorgWarner/Divulgação
Adson Silva, diretor de operações, é um dos quatro primeiros funcionários da unidade de Brusque, quando ainda era Remy / Foto: BorgWarner/Divulgação

As linhas de montagem funcionam em formato de “U”, um conceito japonês no qual o produto está sempre visível, e assim, evita-se erros continuados. O modelo de produção é inspirado no formato criado pela Toyota, em 1950. A filosofia Kaizen e a melhoria contínua – ambas do Japão – são praticadas pela BorgWarner.

Outro aspecto é a valorização do funcionário. Cada empregado recebe pontos por ideia inovadora. Se ela for implantada e bem-sucedida, ele recebe R$ 150. No fim do ano, as duas melhores sugestões são presenteadas com R$ 3 mil e uma viagem.

Silva diz que esse modelo proporciona a participação dos funcionários. O sistema também é inspirado na cultura japonesa nas fábricas. Até hoje, foram mais de 3 mil ideias.

Centro de distribuição

Além da fábrica, a BorgWarner de Brusque também conta com um centro de distribuição. Ele recebe as peças produzidas na fábrica, que fica no mesmo endereço, e também faz o envio de outros produtos fabricados em outras unidades da companhia.

A BorgWarner conta com várias fábricas ao redor do mundo e em cada cidade fabrica um tipo de produto, passando por alternadores e outros. A unidade brusquense faz apenas motores de partida, e revende o que recebe das coirmãs.

O centro também faz a distribuição de motores de partida e alternadores remanufaturados. Esses produtos estavam, literalmente, no lixo, mas a BorgWarner faz o recolhimento, recupera-os e os reinsere no mercado.

O executivo ressalta que esses motores têm vida útil parecida com a de um novo e são, pelo menos, 30% mais baratos. Além dessa vantagem, ele destaca o caráter ambiental e social de retirar o lixo e lhe dar um destino.

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