“Neste momento entendemos que Temer tem condições de continuar”, afirma senador Dalírio Beber

Senador catarinense fala sobre a crise política em Brasília e os prognósticos para as próximas eleições

“Neste momento entendemos que Temer tem condições de continuar”, afirma senador Dalírio Beber

Senador catarinense fala sobre a crise política em Brasília e os prognósticos para as próximas eleições

O senador Dalírio Beber (PSDB-SC) esteve em Brusque ontem, onde se reuniu com membros do governo municipal.

Antes disso, em visita ao jornal O Município, ele concedeu entrevista na qual se manifestou contrário à admissão, pela Câmara dos Deputados, da denúncia criminal formulada pela Procuradoria Geral da República contra o presidente Michel Temer (PMDB).

Beber votou favoravelmente à reforma da legislação trabalhista, e também apoia a reforma da Previdência. Vê as mudanças promovidas pelo governo Temer como fundamentais para o crescimento econômico do país.

Por isso, avalia, não é hora de se trocar de presidente de novo. “Esse cenário de caos [da economia] me faz crer que, neste momento da votação do pedido de processamento do presidente, que isso seja levado isso em conta”, afirma.

“O presidente, no fim do mandato, responderá pelos processo que lhe foram imputados. Neste momento entendemos que ele [Temer] tem condições de continuar, está comprometido com avanços na legislação que são muito mais importantes”.

Segundo o senador, sua avaliação também é de que pairam dúvidas sobre a legalidade das gravações da JBS que incriminam o presidente, o que é visto como um dos motivos para que a denúncia não seja admitida pelo Parlamento.

Entretanto, na sua avaliação, o principal é a continuação da atual política econômica do peemedebista. “O processo pode ser feito perfeitamente depois que ele deixar de ser presidente. Agora estamos comprometidos em fazer o Brasil voltar a crescer”.

O senador catarinense traça um paralelo da denúncia apresentada contra Michel Temer com o episódio do impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT).

Beber diz que quando o PSDB se posicionou favoravelmente à destituição da petista, o fez muito mais pela falta de trato econômico da mandatária do que pelo alegado crime de responsabilidade.

“Quando o PSDB se posicionou favorável ao impeachment da presidente Dilma, o fez muito mais em função da derrocada econômica do que das questões que levaram ao entendimento jurídico de que aconteceram as pedaladas fiscais”, diz. “A derrocada econômica estava preocupando”.

Os planos do PSDB em 2018

Questionado sobre a situação do seu partido para as eleições gerais de 2018, o senador Dalírio Beber afirma que o nome mais fortalecido é do governador do estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, correndo por fora o prefeito da capital João Dória.

Ele afirma que administrar o estado de São Paulo é extremamente complexo, devido ao tamanho da sua população, e que isso credencia o tucano a lançar seu nome novamente. Em 2006, ele foi derrotado por Lula (PT).

“Qualificação e preparo para governar o Brasil o Geraldo Alckmin tem, com certeza. Eu tenho a convicção que a candidatura dele será a que o PSDB vai empunhar no ano que vem”, afirma.

Em Santa Catarina, diz, a sigla também deverá ter candidato ao governo estadual. O pré-candidato é, novamente, o também senador Paulo Bauer, que concorreu contra Raimundo Colombo (PSD) em 2014 e por pouco não foi ao segundo turno.

Ele relembra que Bauer não se aliou a Colombo, conforme era esperado, pelo fato do governador ter manifestado apoio à candidatura de Dilma Rousseff.

À época, o PSDB batalhava pela candidatura à presidência de Aécio Neves, hoje sequer citado como presidenciável, após ter sido flagrado pedindo dinheiro ao empresário Joesley Batista, da JBS.

Os resultados de Bauer deixaram o partido satisfeito e instigado a repetir a candidatura no próximo ano. “Hoje existe uma tendência natural que o Paulo Bauer, topando, seja a candidatura ao governo estadual”.

Beber, por sua vez, afirma que dificilmente será candidato à reeleição ao Senado, no qual ele entrou como suplente do ex-governador Luiz Henrique (PMDB), já falecido. A pretensão do tucano é pleitear uma vaga na Câmara dos Deputados ou na Assembleia Legislativa.

Isso porque, com Bauer na cabeça de chapa, o partido terá que abrir a vaga ao Senado para outra agremiação.

Indefinição do cenário eleitoral

O senador foi questionado sobre o provável maior adversário do PSDB na eleição, o ex-presidente Lula, que vive situação paradoxal: ao mesmo tempo em que liderava as últimas pesquisas de intenção de voto, foi condenado por corrupção em primeira instância, e poderá ser preso caso a condenação seja confirmada em segundo grau.

Para ele, existem muitas questões judicializadas que podem interferir no pleito do próximo ano. Ele afirma que, atualmente, o cenário político é bastante conturbado, e afirma que “quando o Brasil voltar a crescer, volta a serenidade e se permite uma avaliação criteriosa”.

“Quando voltar a serenidade, as escolhas serão bem diferentes do que se mostra hoje”, afirma, em alusão ao fato do ex-presidente estar sendo cotado para retornar ao governo, enquanto é acusado de crimes.

A reforma da Previdência e o servidor público

Para o senador, a aprovação de uma reforma da Previdência é indispensável.

“Todos gostaríamos de nos aposentar aos 40, 45 anos. Mas hoje nascem menos pessoas, temos menos gente ingressando a atividade laboral, e temos mais gente vivendo mais. Esse cálculo não fecha, é de uma época que os parâmetros eram outros”, justifica.

Questionado sobre o fato de terem sido mantidos, pelo menos até o momento, as regalias para aposentadorias de servidores públicos e membros dos poderes, Dalírio Beber admite que se trata de um tema que o Congresso e o governo não souberam impor limites.

“Lamentavelmente, o corporativismo se agigantou em demasia neste últimos anos e os agente públicos, tanto do Executivo quanto do Congresso, se curvaram e atenderam algumas pressões”, relata o senador, que contesta a manutenção dos privilégios.

“Uma aposentadoria média do setor privado é R$ 1,9 mil, e no setor público é R$ 15 mil. Isso não é mais possível, aposentadoria tem que ser igual pra todo mundo”.

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