Com seus balcões/vitrines fartos, repletos de delícias, abarrotados de apfelstrudel, folheados de coco e ameixa, folheados em forma de ferradura, cuca de vários sabores, a famosa schneca, a bananada com massa de sonho, bolos de todos os recheios, torta alemã, as maravilhosas empadinhas, cachorro quente, a famosa bala e aqueles quadradões de chocolate garoto ou nestlé que só eles tinham… que perdição!

Com seu menu de café da manhã servindo pão caseiro recém assado, geleias e “muss” caseiros, nata, frios e café e leite.

Com seu menu de almoço, tudo servido em travessinhas na mesa. Primeiro a sopa (sem igual até hoje) depois aipim, macarrão caseiro, língua (também sem igual), repolho roxo, galinha ensopada ou carne ensopada e salada.

O Restaurante e Confeitaria Koehler, com sua comida caseira deliciosa e muito bem preparada educou paladares e marcou a memória gustativa de muitas e muitas pessoas. Almoçar no Koehler era um acontecimento, era motivo de comemoração, era certeza de fechar negócio com empresários de fora da cidade, era acalentar o estômago com a sopinha num sábado chuvoso.

Frequentar o lugar era um passeio ou um compromisso agendado aos que não moravam em Brusque. O Guia Quatro Rodas nunca cansou de vir comprovar as maravilhas servidas ali.

A saudosa dona Olga, sempre presente na mesa lateral dos fundos, ao lado da robusta cristaleira de madeira escura e maciça, geralmente polindo os copos e observando o entra e sai da clientela. Batia um papinho com um ou outro freguês e passava as orientações pra Lucia Kormann, seu braço direito. Dona Olga, sempre uniformizada, com seu avental branco e engomado, empresária expoente na gastronomia Brusquense, conduzia o local, agradavelmente decorado, em uma atmosfera cordial.

Era por meio das habilidosas mãos do senhor Alfredo que a panificação e confeitaria do local criava forma e sabor. Era ele o gênio da produção. Como um maestro, regia sua cozinha e os fornos a lenha, que assavam lentamente os mais saborosos doces e salgados da região.

Por muitos anos o salão de seu tradicional restaurante era um dos locais mais glamorosos do estado, frequentado por políticos, empresários e a alta sociedade. Com o passar do tempo; o local foi descoberto por mais e mais pessoas chegando a ser disputado entre a galera (que se sentava nos degraus de acesso), as madames, os senhores, os comerciários, os passantes e os turistas. Todos os estilos se encontravam ali, todos unidos pela gastronomia, todos em busca dos melhores sabores. Tomar um café da tarde no Koehler era o máximo!

Eu, por muita sorte, sempre tive a oportunidade de estar por perto, pois meu pai trabalhava quase ao lado do restaurante/confeitaria. Toda minha infância, minha juventude, até meus desejos de grávida foram alimentados pelas delícias do Koehler. Tive a honra e o prazer de conhecer a cozinha do local. Linda, como num filme de época, com suas cozinheiras rechonchudas de vestido e avental comprido, toquinha na cabeça e braços fortes. Mesa longa de madeira no meio da cozinha amparava as fôrmas, tigelas, panelas e tudo o mais. O fogão a lenha cozinhando e aquecendo o ambiente. O cheirinho de comida boa ainda me traz um riso fácil aos lábios. Eu ia lá buscar molho, que trazia em vidro de conserva, e enquanto elas enchiam o vidro eu alimentava a alma com tudo aquilo.

Foi um tempo de ouro para a gastronomia local e para aqueles que não viveram esses momentos deixo registrado uma imagem para conhecerem o eterno Koehler. Já as receitas, hummm… essas só na lembrança de quem as degustou, pois hoje em dia são acervo da família.

 

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Michelle Kormann da Silva – gastrônoma

 

 

 

Foto: Acervo Suzete Sestrem Muller